Capítulo 12 - Eu vou estar ao seu lado

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A raposa, sem saber para onde iria, se preparava para a sua partida. Em um momento, por conta de uma escolha errada, tudo desandou. Ela pensava que, se não tivesse tomado aquele caminho na floresta, ela não teria conhecido a princesa. Sem a princesa, ela não teria mentido. Ninguém teria se machucado. Mas, foi tudo tão de repente. E tudo acabou da mesma forma, assim, de repente…

Ao caminhar para a saída do castelo, ela passou pela rainha, que se espantou com a partida dela.

— Você vai mesmo embora?

— Sim. Você não quer mais me ver aqui.

— Mas… você não vai nem tentar me convencer a ficar e tentar de novo? – perguntou a rainha, arrependida da ordem que deu.

— Eu não mereço ficar. Não fui leal à Rainha do Sul. Por favor, não torne as coisas mais difíceis. Encontre alguém melhor do que eu para ocupar o meu lugar. Certamente, você encontrará.

E, assim, a raposa partiu. Nos encontramos no dia seguinte em mais um triste pôr do sol. Ela me contou sobre como a rainha reagiu quando soube de tudo. Eu entendi a rainha, mas me cortava o coração ver a raposa daquele jeito. Eu não sabia o que dizer. Apenas a envolvi em meus braços e deixei que ela chorasse até se acalmar.
Minha pequena raposa, minha amiga! Como eu queria poder acalmar seu coração e pegar para mim essa dor. Se eu pudesse sofrer no lugar dela… Eu não podia condená-la. Apesar das coisas erradas que ela fez, das escolhas erradas que tomou, eu não conseguia culpá-la por estar sofrendo tanto. Eu sabia bem o que era sentir aquela dor. Eu sabia o que era se sentir um monstro desalmado.

— Você acredita que tudo vai ficar bem?

— Eu acredito. E eu vou estar ao seu lado até que isso aconteça. Não faça nenhuma besteira, minha pequena! Eu sentirei a sua falta e nunca mais vou conseguir preencher o vazio que você vai deixar no meu coração.

— Eu sou tão importante assim para você?

— Você me cativou. – Eu sorri com os olhos molhados.

Ela não me disse mais nada a noite toda. Dormimos no alto daquela pequena montanha. Fiz uma barraca de galhos e folhas para nos proteger do vento e acendi uma fogueira para nos aquecer. Quando amanheceu, a fogueira estava apagada. Metade da barraca havia se desmontado e a raposa não estava mais lá. Ela foi embora sem sequer se despedir.

Eu a procurei por dias e nada. Fiquei aflito. Cada dia que passava era uma eternidade para mim. Cheguei a acreditar por um instante que o pior tinha acontecido. Então, decidi procurar num raio de distância maior. Passei a visitar alguns vilarejos e casas próximas dali. Perguntava a algumas pessoas se tinham visto uma raposa branca em algum lugar, mas ninguém a viu. Eu a procurei todos os dias durante alguns meses.

Chegou um momento em que eu perdi as esperanças de reencontrá-la. Mas eu pensava na minha amiga raposa todos os dias. Eu lia e relia minhas anotações só para me conectar a ela. Sentia saudades de estar com ela, de ouvir suas histórias, de me sentir compreendido sem precisar me explicar demais.

Foi nesse momento que eu decidi organizar tudo o que escrevi sobre ela e transformar minhas notas em um livro. De alguma forma, escrever preenchia um vazio dentro de mim. Era como se ela estivesse ali comigo.

Em um desses dias, enquanto escrevia, sentado à mesa de frente para a janela, vi uma grande nuvem de fumaça. A floresta estava pegando fogo. Minha casa era próxima da montanha e da floresta. Entrei em pânico. Me perguntava se a raposa poderia estar lá, no meio do fogo. Até então, olhar para aquelas árvores me fazia recuperar a esperança, mas vendo o fogo consumi-las depressa, toda minha esperança se transformou em tristeza e lágrimas.

A Raposa e a Princesa VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora