Capítulo 11 - A pior das desculpas

17 4 0
                                    

Logo depois de contar a verdade para a princesa, a raposa se afundou na tristeza. Não comia, não falava e não queria contato com ninguém. A Rainha do Sul tentava de todas as formas ajudar a raposa a se recuperar, mas nada tirava dela o vazio que a princesa deixou. A culpa era grande. Ela repetia para si mesma em silêncio: "eu não sou uma raposa ruim", mas não se convencia disso.

Era como se ela tivesse muita coisa ainda para dizer para a princesa. Ela começou a pensar nas coisas que ela poderia ter dito e não disse. Acho que isso é a pior coisa que pode acontecer quando não temos mais oportunidades disponíveis.

Como a rainha sempre foi muito esperta, ela passou a prestar atenção no comportamento da raposa. Havia se passado alguns dias, não me recordo ao certo quanto tempo, desde que a raposa e a princesa conversaram pela última vez.

Mas a raposa não conseguiu conter a saudade e passou a querer encontrar novamente a princesa. Algumas vezes, ela até ia ver a princesa, mas não chegava perto para que a princesa não soubesse que ela estava ali. Isso só alimentava a dor da raposa.

Em uma dessas saídas, justamente quando fomos procurar pela princesa, a rainha seguiu os rastros da raposa. Ela só não chegou até a pedra porque encontrou o pássaro azul no caminho.

— Você deve ser a Rainha do Sul, estou certo? – perguntou o pássaro.

— Sim, sou eu mesma. Mas, como você me conhece?

— Quem não conhece a Rainha do Sul? Ouvi falar a seu respeito. Sei o que procura. Você está atrás da raposa branca?

— Sim. Sabe dizer para onde ela foi?

— Eu sei, vou te levar até ela.

Eu já deveria saber que o pássaro azul não era de confiança. Afinal, ele apoiou a raposa numa mentira, quando ela fingiu que estava doente. Mas, confesso que me surpreendi quando soube do que aconteceu. A rainha chegou ao esconderijo da princesa e encontrou o bilhete da raposa lá. Cometi o erro de deixar parte do bilhete para fora da porta. Ela pegou o bilhete e voltou para o castelo. Ela não nos encontrou no caminho.

Quando teve oportunidade, ela perguntou para a raposa:

— Você não é mais a mesma. O que está acontecendo?

— Estou triste, mas vai passar.

— Me conta o que está acontecendo, eu quero te ajudar.

— Não está acontecendo nada.

— E qual é o motivo da sua tristeza?

— Eu não sei.

"Eu não sei" é a pior das desculpas. Só dizemos isso quando não queremos admitir a verdade. A raposa não imaginava que a rainha soubesse da princesa, até que ela mostrou o bilhete que eu havia escrito e perguntou se esse era o motivo.

— Sim. – disse a raposa aos prantos.

A rainha não teve dó, se sentiu traída, e com razão. Por mais que a raposa tentasse explicar, a rainha não acreditava nela. Era noite, estava frio, principalmente no coração da Rainha do Sul. Ela nunca se sentiu tão sozinha como naquela noite. Sem tolerar as desculpas e justificativas da raposa, ela se retirou e deixou a raposa refletindo no que fez.

A raposa foi atrás da rainha, mas parou de segui-la quando a ouviu chorar. Ela não imaginava o tamanho da dor que a rainha sentia. Confusa, a raposa entrou em pânico. Toda a história que elas tinham vivido juntas começou a rodar como um filme na cabeça da raposa. Outro grande castelo de areia começou a se desfazer.

— Eu quero que você vá embora. Não quero mais te ver aqui. Por favor, vá embora o quanto antes.

__________

A Rainha fez o certo? O que você faria se fosse a Rainha do Sul e descobrisse que a pessoa que você mais ama traiu sua confiança?

A Raposa e a Princesa VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora