Confesso que amanheci deprimido. Eu me sentia mal pela triste história da raposa. Até aquele momento, ela não tinha me contado toda a história. Mas, pelo que eu conheci dela e pela forma como eu a conheci, observando o pôr do sol num momento de tristeza, procurando por uma forma de contactar uma princesa desaparecida, eu imaginava um final catastrófico. Esperava que ela me revelasse um final feliz. Mas, algo me dizia que o final dessa história ainda estava longe de acontecer.
Havia dias em que a raposa não comparecia ao nosso ponto de encontro. E eu ia todos os dias para o lugar onde costumávamos conversar, na esperança de encontrá-la. Eu sentia muita falta daquela minha única amiga. E isso me fazia imaginar a falta que ela também poderia estar sentindo da Princesa Vermelha.
A princesa ajudava a raposa a não se sentir sozinha. Um certo dia, durante uma conversa, a raposa perguntou à princesa:
— Princesa, você conhece alguém que sente uma profunda tristeza todos os dias?
— Sim, eu já conheci. Mas, por que está me perguntando isso?
— Na maior parte do tempo, eu me sinto triste. Eu tenho todos os motivos para ser feliz, mesmo assim, me sinto muito mal quando estou só.
— Sinto muito pela sua tristeza, mas somos uma família agora. Não se sinta triste. Você não está mais sozinha. – a princesa sorriu.
— Eu sei. O gambá me ajuda muito. Nós sempre conversamos bastante. Às vezes, nos encontramos em outro lugar para conversar em particular.
— Eu também quero poder te ajudar mais fora daqui. Como podemos fazer? – perguntou a princesa animada e com um pouco de ciúmes.
Elas já conseguiam conversar em particular, mesmo ali, na floresta. Mas, a princesa queria ter privacidade e fortalecer ainda mais aquela amizade.
— Existe um lugar onde eu costumo ir. É uma caverna não muito longe daqui. O gambá sabe onde fica. – explicou a raposa.
— Darei um jeito de te encontrar quando estiver voltando para a minha casa.
A raposa se animou. Ela poderia ver sua amiga longe de todos aqueles animais inconvenientes, que ficavam disputando com ela a atenção da princesa. Assim que se despediram, a raposa correu para a caverna. A princesa garantiu que não demoraria.
Algumas horas se passaram e nada. Um pássaro azul apareceu, então.
— Olá, raposa!
— Quem é você? – perguntou a raposa um tanto desconfiada.
— Eu sou um mensageiro. A princesa me pediu que lhe trouxesse um recado. Ela não virá hoje.
— Aconteceu alguma coisa com ela?
— Imprevistos sempre acontecem, mas não se preocupe, sua princesa está bem. Também tenho um recado do gambá. Ele disse que sempre que precisar de ajuda, você deve me dizer, para que eu leve o recado a ele.
— Eu me sinto triste. Estava explodindo de alegria, mas agora me sinto triste.
— Eu sei como se sente. Acompanhei a princesa durante a fase em que ela sofria do mesmo mal.
— Como assim? – a raposa perguntou curiosa.
— Venha comigo, quero lhe mostrar uma coisa. – O pássaro voou para fora da caverna.
A raposa o seguiu apressadamente pelo meio das árvores, saltando sobre pedras e se desviando de algumas raízes, até que ele chegou a uma pequena casa de madeira. A casa parecia abandonada. Por fora, estava caindo aos pedaços, mas estava toda enfeitada por dentro.
— Este era o esconderijo secreto da princesa. Ela vinha para cá todos os dias. Ela só vinha quando estava muito triste. – explicou o pássaro azul.
— Então, ela também se sentia como eu, profundamente triste todos os dias?
— Sim, ela se sentia muito triste todos os dias. Várias vezes ela me disse que não acreditava mais que poderia ser feliz outra vez. Ela acreditava que aquela tristeza nunca mais teria fim. Hoje em dia, ela raramente aparece por aqui. – O pássaro voou para perto da raposa. – Vamos, me pergunte o que quiser sobre a sua princesa que eu vou te responder em detalhes.
— Mas isso seria errado. Ela não me autorizou. Se ela souber, vai ficar com raiva de mim.
— Ela confia muito em você, raposa. Foi ela quem me pediu para te mostrar tudo isso. Não se preocupe, você é especial para ela.
A raposa e o pássaro azul conversaram por horas, uma conversa gostosa, daquelas que a gente não quer nunca que acabe, sabe. E naquele dia, a raposa conheceu um lado da princesa que ela nem imaginava que existisse. Ela descobriu suas inseguranças, decepções e fragilidades. Encontrou algumas fotografias e se emocionou. A princesa não era tão diferente da raposa. E a raposa passou a amá-la ainda mais a partir de então.
No dia seguinte, a raposa se escondeu entre as pedras e ficou observando a chegada de todos. Como sempre, a princesa se atrasou. Quando finalmente ela chegou, a raposa notou que ela estava linda, como de costume, mas parecia muito mais encantadora naquele dia.
Então, ela permaneceu escondida, apenas observando. De repente, a princesa perguntou pela raposa e todos começaram a falar bem da raposa. Ela demorou para aparecer de propósito, só para saber se sentiriam sua falta. E, ficou surpresa quando viu que todos estavam preocupados com ela. Quando viu aquilo, sentiu que não era apenas uma raposa qualquer. Ela percebeu como era querida e especial, principalmente para a sua princesa.
Aos poucos, ela saiu do esconderijo no meio das pedras. Quando viu a raposa, a princesa pulou de alegria e sorriu como nunca antes. Já era óbvio para todos ali que a raposa era especial. Era dela que a princesa mais gostava.
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Já sentiu uma profunda tristeza que parecia não ter fim? Lidar com a depressão não é fácil! Mas, existem pessoas que podem te entender por já terem passado por isso. Conte comigo!
Esse capítulo merece seu voto?
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A Raposa e a Princesa Vermelha
RomanceSINOPSE: Um homem solitário que teve a família destruída por suas próprias decisões erradas e acaba conhecendo uma pequena raposa branca no alto de uma montanha. Ele se surpreende com o fato da raposa lhe fazer um pedido inusitado que mudará toda a...