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Almira não era boba, sabia que algo não
estava certo; conhecia sua filha o suficiente
para ver sua expressão triste e confusa. A
mulher retirou seu casaco e o pendurou,
caminhando até o sofá e se sentando ao lado da garota.

-0 que houve, querida?- Perguntou
com doçura, pois não queria de maneira
nenhuma assustar sua filha. Maiara
entortou o canto dos lábios e negou coma
cabeça.

- Eu não sei, mamae. - Ela disse, tentando
discernir o que estava acontecendo.

- Por que essa carinha triste?

- Eu... - Seus olhos verdes encontraram o
de sua māe e por um momento ela corou,
desviando0 olhar para qualquer outro
ponto.- Eu năo sei o que está havendo
comigo.

- Tente explicar para mim, hm? Quem sabe
eu possa te ajudar, - almira disse, vendo
Maiara se virar de frente para ela e assentir com a cabeça.

- Está bem. - Disse, deixando seus ombros
caírem.- Desde que eu acordei no hospital
eu gosto da presença da Marília, mäe, -- Ela
confessou. - Mas não é igual antes, com as
minhas amiguinhas da escolinha, ela é uma amiga diferente.

-Diferente como?- almira perguntou, já
tendo uma leve noção do que se tratava, mas mesmo assim querendo ouvir de sua filha.

- Eu não sei, - Disse em um suspiro
frustrado. - Eu gosto de colorir, mas aí de
repente não estou mais prestando atenção
no desenho, estou lembrando de como ela
sorri quando me conta uma estória. Eu estou confusa; eu.. - Sua voz se perdeu quando ela começou a chacoalhar a cabeça e seus olhos começaram a tremer, seus cílios piscarem e ela bufar irritada.

- Calma, filha. - almira pediu, pegando uma
das mãos de maiara e acariciando.

-Não. Eu. Eu não gosto disso. A lila ficou
brava comigo por isso.- Disse piscando
ainda mais, seu rosto levemente corado pela fúria de si mesma.

- Ela ficou brava? - almira indagou.

-Eu acho que sim. - maiara disse,
suspirando pesadamente. - Eu vi alguns
filmes onde duas pessoas se beijavam.-
Explicou, começando a brincar com os dedos de sua mãe, que não se importou com aquilo.

- E eu entendi o que eu sentia quando
estava perto dela. Era isso que eu queria
fazer, mas eu não sabia antes.

- E você disse isso a ela?
- Não. Eu mostrei. -- Falou, olhando para
sua mãe com a expressão repleta de culpa.

Liga para ela e pede desculpas por mim? Eu prometo de dedinho que não vou fazer mais isso.- Falou levemente afobada. - Mamãe, eu juro que guardo a vontade na caixinha de segredos do coração e não faço mais, mas pede para a lila nāão ficar brava comigo, por favor..

- Querida, você a beijou? - almira ainda
estava presa naquela informação,
boquiaberta e surpresa demais para dizer
qualquer outra coisa.

-Eu... Não sei o que está acontecendo
comigo.- Ela disse tristemente. - Meu
cérebro quebrou em alguma das cirurgias e não voltou mais ao normal, mamãe.

-Querida, o que está acontecendo com
você é absolutamente normal. -Explicou
brandamente.-- E aposto que Marília não
ficou brava, talvez surpresa.

- Ela me disse no hospital que também sente as florzinhas. - Confessou cabisbaixa.

- Eu pensei que ela... Eu pensei.. - Bufou - Eu não sei o que eu pensei. Eu não gosto de ter o cérebro quebrado. - almira riu e acariciou os cabelos de maiara.

- Seu cérebro não está quebrado. Deixa a
mamäe te contar algo. - almira começou,
pacientemente. - Quando eu conheci o seu
pai, eu me sentia exatamente igual a você:
Confusa. Eu só pensava nele o dia todo e de
como ela reagiria a algo que eu Ihe contasse.

Em Um Piscar de olhos....[mailila]Onde histórias criam vida. Descubra agora