Amygdala

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Horas Antes

Suga

Existe eventos traumatizastes, eventos esses que acontecem em algum momento de nossas vidas, um momento que ficará marcado como uma mancha, um trauma. Há um local no cérebro que guarda as memórias mais traumatizastes, um armazenamento de traumas por assim dizer. Isso nos faz lembrar de coisas nada agradáveis em momentos que precisamos ter tomadas de decisões importantes, as nossas emoções se afloram e tudo acaba gerando um novo trauma.

Amygdala, responsável por tudo isso.

Uma lembrança vinda do meu subconsciente me levou para longe, me levou para um dia chuvoso, um temporal que assolava Seul. Era um daqueles dias que a comida iria acabar e precisávamos de dinheiro, era preciso fazer bastante entrega antes de voltar para casa com alimento. Nabi sempre me ligava quando havia um intervalo ou mandava mensagem pedindo para voltar pra casa, ela queria nos ajudar e até entregar dinheiro para comermos algo quente, mas eu sabia que se aceitasse hoje, amanhã faltaria.

Guardei o celular no bolso da jaqueta e subi na moto, eu precisava fazer mais 2 entregas antes de encerrar e receber, um frio na minha espinha me veio assim que atravessei o sinal, um presságio de que logo ago realmente aconteceria. Desci a ladeira e entre duas avenidas, tudo aconteceu rápido assim como os sons da batida, eu havia sido jogado e algo em mim havia sido quebrado. Uma dor no ombro me atingiu em cheio, o sangue em meio a chuva do asfalto, o meu fôlego vinha junto de uma dor por todo o corpo, um choque, uma ambulância.

Tudo aconteceu muito rápido, ligaram para a Nabi antes mesmo de chegarmos no hospital, ela é o meu contato de emergência e isso fez a louca vir debaixo do temporal correndo sem prestar atenção em nada. Ela era a louca que nunca ligava para si mesma mas sempre cobrava isso dos outros, uma louca de se meter descalça em um forte temporal e correr até o hospital, e para piorar, ela se meteu em uma briga de trânsito e ainda cortou o pé. Cortou, correu sangrando e levou três pontos.

Naquele dia foram dois traumas; Primeiro, o acidente que ficou marcado pelo meu ombro. Segundo, o quase acidente que ela sofreu por ir correndo descalça até mim.

"Você não podia se arriscar, você precisa pensar em você! "

Ela falou alto me brigando dentro do hospital, em cima da maca enquanto nós dois levávamos ponto e éramos socorridos. Naquela altura ela só sabia repetir a mesma frase diversas vezes; "Pense em você.", e apesar de sempre falar isso para os outros ela nunca usava os próprios conselhos, ela sempre fazia ao contrário.

Louca.

Nabi não poderia jamais se esforçar dessa forma eloquente novamente,não da forma que eu sabia que ela já estava fazendo. Eu sempre fiz de tudo para ela não se cobrar demais, ou, precisar fazer algo extremo, mas eu conhecia ela.

Eu conhecia.

Voltei para o presente sentindo o meu coração bater com força, era possível sentir o sangue circular rápido junto com os meus pensamentos. Nós havíamos encontrado ela e eu sabia que isso era culpa da teimosia da mesma, mas eu apenas esperava que ela não fizesse besteira, porque eu sabia do que ela era capaz.

-Você conseguiu, Suren! -Sai do transe ouvindo a Lola gritar e pular perto de nos. -Liga pro investigador! Acorda Suga! Liga pro investigador, a Suren encontrou essa borboleta fujona!

-Me manda o endereço por sms, vou ligar pro Sr.Ho!

-Eu consegui. -Suren começou a repetir, ela estava tão anestesiada que apenas digitou rapidamente quase sem respirar, logo recebi um sms com o local. -Consegui! Eu consegui!!

NABIOnde histórias criam vida. Descubra agora