Milharal

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A noite se estendia junto com as frustrações da Nabi, o terreno pelo qual o carro passava havia virado pedregoso e o carro balançada a deixando enjoada. Três horas haviam se passado e o caminho escolhido pelo espião era o mais longo até chegar na estradinha de terra do milharal, os ventos começaram a ficar mais fortes anunciando a chuva que estava por vir.

No carro tocava uma rádio antiga de faroeste, tudo aquilo só deixava o caminho mais longo além de deixar tudo mais assustador, a borboleta estava encolhida no vão dos bancos e sua apreensão de ser descobertas piorava a cada segundo que via a arma na cintura do motorista.

Louca, essa era a palavra que passava várias vezes em sua cabeça por se meter em um carro de um desconhecido armado, para piorar a sua situação ao logo do caminho ela percebeu que realmente não levou o celular ou tablet.

Louca.

O carro parou, sua respiração pesou, o refluxo voltou mas ela tampou a boca. O homem que agora sabíamos que se chamava YoJin desceu do carro e foi ao porta mala tirar a carga, o barulho da chuva começou a se intensificar fazendo o mesmo deixar a porta encostada e correr para dentro de algo que parecia uma pequena casinha, ou algo como um celeiro de ferramentas. Nabi se esticou como pode para enchegar pelo vidro, agradeceu aos céus pelo vidro fume do carro, assim ela poderia olhar para fora e se esticar sem ninguém a ver por dentro do veículo. Mesmo com a sua visão prejudicada pela chuva intensa a luz de fora do velho casebre mostrava com clareza o lugar obscuro, um lugar que era facilmente escondido entre a floresta e o milharal. Por isso ela só via o milharal quando abriu o Maps!

Nabi se deu por vencida e resolveu se esticar no carro, seu corpo estava dolorido e por pouco quase não se levantava.

-Minha nossa, nunca mais eu faço isso. -Esticou os ossos como pode dentro daquele carro, suas pernas estavam dormentes assim como seus braços. -Mais um pouco e eu virava mingau!

Um trovão se mostrou presente, naquela noite muita chuva cairia. Nabi deu mais uma olhada tentando se situar-se mais percebeu o óbvio, estava longe do sítio e em um lugar completamente desconhecido. Estava ferrada.

Decidiu sair do carro depois de muita massagem em suas pernas para voltar a sentir as mesma, se movimentou mais uma vez no carro tentando achar algum aparelho celular ou por um milagre divino achar o tablet, mas nada além de um casaco da Bighit foi encontrado, aquilo serviria para o frio. Se agasalhou e saiu do carro tentando fazer o mínimo de barulho possível mas a poça de lama na qual ela pisou fez um estrago, o allstar branco não era mais branco.

•••

Nabi

-Aish, eu lavei ele hoje! -Me abaixei pra tentar tirar um pouco daquela lama mais já era, estavam sem condições recuperar a integridade dele. -Ah Yumi, você vai me dever uma lavagem a seco por um ano!

O barulho da porta velha se arrastando me fez calar, me abaixei no carro dando a volta por ele assim como o YoJin dava a volta no carro até a porta do motorista. Ele parou, eu parei. Me agachei mais tentando ver aonde os sapatos dele estavam, parados na porta do motorista. Ótimo.

Olhei ao redor verificando uma possível rota até aquela pequena construção, qualquer um que passa-se de avião ali em cima não veria aquela cabana, havia muito milho amontoado é uma floresta de fundo.

Ótimo! Uma grande bosta, como eu iria meter fuga no meio do nada?

Voltei a realidade quando ouvi os passos novamente, olhei por debaixo  do carro vendo o sapato começar a se movimentar e assim começamos uma dança silenciosa, YoJin se movimentava para um lado do carro e eu para o outro.

NABIOnde histórias criam vida. Descubra agora