Inerte

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Nabi

Mais da metade da minha vida eu estive em uma selva densa, eu lutei para encontrar um caminho e achar o meu lugar. No início nada foi fácil devo dizer, mas eu cresci em um lar cheio de amor até o meu pai morrer e a minha mãe precisar voltar para o seu país de origem, mas eu fiquei, eu fiquei porque a Coreia era o meu lugar.

Eu sabia que ali era o meu lugar.

Eu escolhi ficar, eu escolhi lutar em batalhas que muitos não acreditavam ser possível a vitória, eu escolhi vencer mesmo nas derrotas. Não foi simples chegar até aonde eu cheguei, mas eu lutei com leões, eu construi coisas que nem nos meus sonhos mais complexos de adolescência eu acertaria, eu permaneci firme pelos meninos e pelos meus sonhos, eu os criei bem e dei amor. 

O meu caos particular.

Por longos minutos eu vi muita coisa passar na minha frente, eu sabia que não estava acordada e que tudo aquilo poderia ser um delírio. Me lembrei de momentos que me tornaram quem eu sou hoje e me lembrei dos pequenos detalhes que foram simples e maravilhosos em minha vida.

Um vislumbre do meu pai dançando com a minha mãe na sala, a casa pequena e velha cheirava a feijão porque mesmo na Coreia ela queria fazer uma comida brasileira, os olhos de ambos conectandos enquanto riam e dançavam porque eles tinham uma conexão inimaginável. Eu olhava tudo aquilo de longe e desejava um dia ter aquele mesmo amor, aqueles risos e sonhos.

Mas então, a morte de meu pai, o choro da minha mãe, o caixão descendo e ela me abraçando.

Você sempre será a minha borboleta azul, você é a minha linda guerreira Nabi. Nunca desista dos seus sonhos, você chegou tão longe minha princesa, nunca desista de viver. Amo você.

A voz do meu pai sumia, a sua respiração diminuía a cada palavra, os seus olhos não eram mais tão vividos como antes. As cores do lugar ia se desfocando enquanto mais alguém gritava o meu nome.

O meu nome?

-NABI! -Um estalo e logo uma ardência na minha bochecha. Tentei abrir os meus olhos mais tudo estava muito escuro. -Acorda! Você não pode morrer nesse buraco! ACOORDA!

-Aah... -Murmurei algo tentando fazer ela falar mais baixo. Outro tapa. -Para.

-Você voltou, voltou! -Ela se movimentou ao meu redor e algo molhado pregou na minha testa. -Nunca mais faz isso, você está me ouvindo? Eu achei que você tinha morrido!

Como desliga ela?

-Eu nunca imaginei falar isso..mas, que bom saber que você está viva! Que bom.

Mesmo tentando responder ainda era difícil me concentrar, aquela tontura me tirava dos eixos assim como o cheiro de sangue. As minhas pálpebras estavam pesadas e os meu lábios estavam secos.

Eu estava morrendo?

-... então eu limpei você, a minha maior preocupação é de hemorragia. -Yumi continuava a falar e falar enquanto movia algo grudento na minha testa. -Você se assustou tanto com o sangue que desmaiou! Você apagou por completo, eu pensei; o que fazer com ela? Então eu me dei conta que você ainda sangrava e que...

Parei de ouvir qualquer voz feminina, tudo começou a ficar claro novamente. Em uma sala espaçosa Hobi apareceu sorrindo enquanto apertava as bochechas do Yoon, um Namjoon de cabelo rosa apareceu reclamando sobre algum shampoo, o riso jung se espalhava pelo local a cada resmungo do Nam, o Jimin apareceu logo depois com raiva enquanto falava que também havia usado o shampoo, o Tae apareceu na hora batendo foto de todos porque aquilo era engraçado. Era um delírio lindo ver os meus meninos rindo um do outro, eles eram o meu caos.

NABIOnde histórias criam vida. Descubra agora