Eu peguei o braço de Alice e voltei para o elevador.
— Mas, Lucca...
— Você não pode ficar aqui — Eu respondi. Ela puxou o braço, mas só soltei quando entramos no elevador e a porta se fechou.
— Por quê? Eu sou a sua noiva! nós nos amamos! É natural que fiquemos juntos e...
— Chega! — Eu inspirei profundamente e fechou os olhos. Quando os abri, os de Alice estavam cheios de água. Diferente de antes, não me senti comovido — Pra começar, não somos casados. E eu disse que não tocaria em você enquanto não nos casássemos. Depois... Nós vamos ter que conversar.
A porta do elevador se abriu.
— Conversar? Você... Você voltou pra aquela mulherzinha?
Senti meu sangue ferver. Eu nunca deveria ter negligenciado a minha mulher, ficado de birra e permitido que Alice voltasse. A forma como ela falou de Victória mostrou o quão raivosa ela estava e o quão diferente ela era da doce Alice que eu conheci.
Se foi culpa da viagem ou não, enfim, isso não significava que eu tinha que me casar com ela. Aturar seu mau humor. De mau humor, bastava eu.
Fechei a porta do elevador e me aproximei de Alice, até que as costas dela estivessem mais do que pressionadas no metal.
— Nunca mais ouse falar assim dela, entendeu?
— Você... — Ela engasgou — Você está defendendo essa destruidora de lares? Lucca, você e eu deveríamos estar casados há anos!
— Ela não teve culpa de nada disso!
Alice fez cara de desdém. Como eu nunca vi esse lado dela, antes?
— Me poupe! Ela sabia de tudo! E agora, continua tentando seduzir você!
— Tentando me seduzir?
— Claro! Ela se afastou e fez você ficar louco, até vir aqui! Ela não quer te dar o divórcio...
Eu tive que rir. Alice me encarou, confusa.
— Quem não assinou o divórcio fui eu! — Eu me recompus — Fui casado com ela por dois anos e Victória nunca falhou comigo. Nunca. Eu, já não posso falar o mesmo de mim.
— Você... Se apaixonou por ela? Mesmo depois de tudo o que ela me fez?
Alice estava ficando histérica. Eu apertei no botão e deixei que o elevador subisse. Era melhor conversarmos em casa. Merda! Eu não queria que ela entrasse lá!
— Ela não te fez nada.
— Já esqueceu como ela me empurrou? Como ela... Como ela me agrediu quando estávamos na sua casa?
— Na nossa casa. Dela e minha. Aquela casa é dela. E pensando bem, Alice, o que você faria? O seu marido aparece com outra, te manda embora... Nunca te tratou bem — Inferno, falar aquilo em voz alta era como se eu estivesse recebendo facadas no peito — Eu falhei com ela.
A porta do elevador abriu, eu coloquei a minha digital e abri a porta do apartamento, deixando espaço para que ela entrasse. Hora da conversa.
— Eu jamais agrediria ela, se os papéis fossem invertidos! Você me conhece! — Alice estava chorando. Mas em vez de me deixar triste, só me irritava — Ela é um monstro! E está te manipulando! Não entendo como você... O quê? Ela por acaso está fingindo estar grávida para te prender, é isso?
Alice começou a rir, mas eu não consegui dizer imediatamente que ela estava errada. Afinal, ela não estava. Victória esperava um filho meu. Alice parou de rir e ficou séria.
— Ela está grávida?
Eu limpei a garganta.
— Como ela estaria? Ela e eu não temos nada há tempos. Nem nos falamos, que dirá...
E como eu sentia falta... Ela era perfeita.
— Então? Com o que ela está te prendendo? Você me ama!
— Alice, eu quero Victória. Eu quero a minha esposa. Você e eu... As coisas mudaram. Não sei se foi você, se fui eu... Mas a questão é: eu não me vejo sendo seu marido. Não consigo.
Só de pensar em dormir com Alice... Era impossível. Na verdade, não só com Alice. Qualquer mulher que não fosse Victória, não conseguia me fazer sentir vontade de transar. Podiam ser lindas, mas eu não conseguia sentir nada.
Menti para Victória, mais de uma vez, que havia saído com outras. Mas nunca o fiz. Nunca encostei em outra. Não depois que nos casamos.
— Eu sinto muito, Alice. Mas não podemos casar. Por respeito a você, não posso. Você seria mais do que infeliz ao meu lado.
A ardência na minha bochecha foi razoável. Alice não era tão fraca quanto parecia, pelo visto.
— Eu te amo! Te amo há muito tempo! Éramos perfeitos, juntos! — Ela chorou mais — E você está me descartando por uma mulher que... Você vai ver quem ela é. Vai ver!
A mala de Alice ainda estava do lado de fora. Ela saiu e eu permaneci onde estava. Eu esperaria um pouco antes de ir até a segurança e reclamar sobre esse deslize. Ela poderia ser qualquer um.
Sentei-me no sofá e coloquei as mãos na cabeça, apoiando meus cotovelos nos joelhos.
Eu me dei conta de que eu amava Victória. E talvez fosse tarde para que ela me perdoasse. Assim como eu deixei de amar Alice, quando ela não fez nada de ruim para mim, não era difícil imaginar que Victória havia me esquecido e até mesmo me odiasse. E Henry... Ela tinha aquele homem, agora!
— Mas eu não vou desistir!
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O CEO arrependido - o ex-marido quer casar!
Roman d'amourVictoria dedicou os últimos três anos de vida ao homem que amava, Lucca. Porém, ele pagou todo o amor e dedicação da pior maneira: traindo-a, bem no dia em que ela descobriu estar grávida! Após ser expulsa de casa, ela voltou para a sua cidade nata...