29 - Lucca

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Quando acordei, eu me sentia péssimo. Nunca fui atropelado, pelo que sou muito grato, mas eu tinha certeza de que se um dia fosse, me sentiria um pouco como naquele momento. Tudo doía. Meus músculos estavam pesados e doloridos.

Olhei em volta e minha visão estava embaçada, mas eu vi uma figura ali. Meu coração se animou, apesar de doer um pouco. Porém, a alegria durou pouco.

— Alice? — Eu perguntei, confuso — O que... O que faz aqui?

Alice estava com os olhos marejados e sorriu de leve, segurando a minha mão. Mas isso me deu uma repulsa que eu nem sei explicar, por isso, puxei, como pude, a minha mão da dela. Vi o sorriso dos lábios dela falharem.

— Eu... Eu me senti um pouco mal e vim ao hospital. Então, ouvi que o "senhor Mancini" estava internado e não pude deixar de ir atrás de informações...

— Você não é parente meu. Eles não poderiam te passar informações a respeito de mim — Argh! Minha garganta estava péssima!

— Mas... Lucca, amor, eu...

— Espero que esteja melhor, Alice, mas... Eu não quero que fique aqui. Agradeço, mas por favor, saia.

— Eu quero cuidar de você! — Ela se levantou e bateu o pé. Incrível, anos antes, eu achava aquilo um traço marcante dela. Doce, mas decidida. Porém, agora, eu não podia deixar de achar que aquilo não passava de birra.

— Você e eu não temos esse tipo... De relação, Alice — Pelo amor, eu estava cansado! — Eu preciso descansar, por favor... — Olhei para a porta, mas Alice apertou os punhos ao lado do corpo. Então, a expressão dela relaxou.

— Muito bem. Eu não vou desistir. Eu não sei o que aquela mulher falou pra você, mas eu e você somos um casal. Ela é uma intrusa — Alice se aproximou mais de mim — Nós vamos voltar a ficar juntos. Sempre nos amamos.

— No passado. Eu não amo você. Tem razão, nesses anos de casamento eu passei a amar a minha mulher. Ela é quem eu quero ao meu lado, como companheira — O rosto de Alice começou a ficar vermelho — Não quero te magoar, mas tenho que ser sincero.

Nem sempre ser sincero vai poupar dor. Mas é necessário. Não posso ficar falando com palavras doces, ou Alice vai achar que eu estou brincando.

— Lucca, você vai ser meu! — Ela se virou num rompante e saiu do quarto, batendo a porta.

— Ah, um pouco de paz... — Eu falei para mim mesmo, mas eu queria que a minha Victória estivesse aqui. Ela me viu passar mal e me deixou sozinho...

Não demorou para que a porta se abrisse de novo e eu revirei os olhos.

— Por favor, saia! — Eu falei, sem paciência, mas ao ver quem estava na porta, meu humor mudou imediatamente. Era ela! — Meu amor! Não era pra você...

Victória levantou a mão, pedindo que eu parasse. Ela entrou e fechou a porta, sentando-se na poltrona ao meu lado.

— Em primeiro lugar, como você está? — Ela perguntou, calma e séria. Merda, eu não estava gostando daquilo. Antes, Victória estaria mais do que preocupada comigo. Agora... não é que ela não se preocupasse, mas não era a mesma coisa. Era a mesma preocupação que ela sentiria por qualquer pessoa que passasse mal.

— Péssimo — Respondi. E era verdade. Mas, eu iria partir para o drama. Um homem precisa aproveitar as oportunidades — Pensei que morreria quando vi você com outro homem, Victória. É... Inconcebível essa ideia, na minha cabeça. Você é a minha mulher. Não só no papel — Eu olhei para baixo, para as minhas mãos — Se você me deixar, acho que vou morrer, mesmo.

— Você não vai morrer...

— Claro que vou! Você... Você não viu? — Eu apontei para o meu estado, na cama — Eu quase morri. Não vou resistir a perder a mulher que eu amo. Preciso de vocês dois, de você e do nosso bebê.

Victória revirou os olhos, me olhando com incredulidade. Era estranho ter a minha doce Victória me olhando daquele jeito.

— Então, Lucca, acho bom que já tenha resolvido se vai ser enterrado ou cremado...

O quê?! 

O CEO arrependido - o ex-marido quer casar!Onde histórias criam vida. Descubra agora