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Junho, 1998 - Califórnia
POV. Dianna
Férias de verão na Califórnia, meus pais aproveitaram para se mudar nessa época. Meu pai havia conseguido uma oportunidade de emprego em uma grande empresa nos Estados Unidos, mas nunca deixaria eu e minha mãe para trás, esse foi o motivo pelo qual mudamos de país.
Eu estava feliz cursando Artes Plásticas na universidade de São Paulo, a famosa USP. Mas fui transferida para uma Universidade em Nova York, Tisch escola de artes. Tive até que trocar de curso, para Cinema e Televisão já que não me dou bem com atuação talvez seja melhor atrás das câmeras.
Eu começaria de cara no segundo semestre, sempre odiei despedidas e apresentações. Iniciar uma nova vida é sempre bom porém a parte chata é recomeçar a socializar. No Brasil tudo sempre foi mais fácil, todos sempre comunicativos e amigáveis, na Califórnia as pessoas apenas não te aceitam por não ser estadunidense.
•••
Faziam duas semanas que havíamos nos mudado para a casa nova, meu pai sempre preocupado com tudo, estava se matando para encontrar um bom apartamento para mim em Nova Iorque, tentei ajudá-lo mas nenhum que eu escolhia estava bom. Aproveitei que estava sol e beguei minha bicicleta para dar algumas voltas para conhecer mais o local.
Apesar de que em duas semanas estarei em NY. Pedalei por mais ou menos 30 minutos, já estava visivelmente cansada porém teria que voltar para casa de qualquer forma. Fui fazer um retorno na pista de carro e sem eu perceber o pneu da bicicleta havia furado. Rapidamente me direciono a uma praça que havia ali perto já que quase perdi o controle.
Coloquei a bicicleta encostada em uma árvore e me sentei no banco de madeira que havia ali, respiro fundo pensativa, cimo voltaria para casa? Já que eu não trouxe dinheiro não conseguiria pegar um ônibus, muito menos um taxi, não largaria minha bicicleta. Terei que ir andando.
Era tarde, até eu chegar em casa provavelmente já terá anoitecendo, encaro a rua vazia, está um silêncio ensurdecedor até eu ouvir passos e quase morrer do coração. Me levanto rapidamente e disfarço ao ver um rapaz se aproximar.
- Olá, você está bem?
Sua voz ecoa baixo e há um leve sotaque em seu inglês.
- Hum... estou sim.
Digo séria tentando não parecer grossa, me pego analisando o rapaz de cabelos castanhos e olhos marcantes, seus olhos... me prenderam assim que os vi, tão únicos e perfeitos. Traços bem marcantes para um americano.
-Na verdade, o pneu furou...
Algo me diz que ele não é um maníaco ou algo do tipo, então decido seguir minha intuição.
-Bem que estranhei, garotas não ficam sozinhas aqui nesse horário.
Ele diz analisando o pneu que está completamente murcho. Ele aperta a borracha para ter certeza que não tem como consertar ali.
