▪︎ 𝐌𝐞 𝐚𝐧𝐝 𝐭𝐡𝐞 𝐃𝐞𝐯𝐢𝐥 | 𝐃𝐞𝐚𝐧 𝐖𝐢𝐧𝐜𝐡𝐞𝐬𝐭𝐞𝐫 |🔞

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- 𝐴𝑟𝑖𝑧𝑜𝑛𝑛𝑎, 𝐶𝑎𝑠𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝐽𝑜𝑛𝑒𝑠 -

Quando o relógio badalou doze vezes, o som ecoava pela sala de maneira abafada, enquanto os ouvidos de Dianna Jones eram cobertos pelas mãos trêmulas de sua irmã mais velha, que permitia a garota de esconder seu rosto embaixo de seus braços enquanto Aisha assistia a cena horrorizada. O sangue manchava o carpete, escorría por baixo do sofá, cobria a sala com sua textura espessa que corria como um rio até estar próximo o suficiente dos pés da mais velha. A fonte do sangue era ninguém mais que sua mãe, a mulher que as deu a luz, e que agora jazia em seu corpo sem vida, seus olhos sem cor e seu rosto pálido encarando profundamente dentro da alma de Aisha e nas costas de Dianna, que causava um arrepio no corpo da menor e a fazia se encolher mais contra sua irmã, chorando desesperada com o que acabara de conhecer.

No momento em que ele passou pela porta, ambas as duas sabiam que ele não era uma boa pessoa, sabiam que ele tinha algo de terrível, que tinha algo de errado com aquele homem. As palavras dele ainda ressoavam por seus ouvidos enquanto ele limpava o sangue de suas roupas - "Eu vou levar elas comigo, Marlenne" - o jeito que o nome de sua mãe foi proferido por ele, com ferocidade e extremo ódio demonstrava que aquilo ia muito além de simplesmente carregar as meninas com ele, o homem falava de maneira certeira, como se fosse dono de ambas as duas, e sua mãe fosse a mera sequestradora. - "São minhas. Você sabe disso, ele lhe contou." - causava arrepios apenas de se lembrarem da maneira como ele olhava para elas, com olhos frios e sentimento de posse, como se ele soubesse que iria as ter, não importasse o quê.

Ele as teve, e as tinha agora, depois que as criaturas medonhas se afastaram do corpo inanimado de sua genitora, jazendo com pedaços de carne humana e sangue escorrendo de seus fucinhos juntamente com a baba. Cães do Inferno, elas ouviram muito falar deles enquanto sua mãe contava histórias sobre o motivo das garotas terem poderes de verdade, como aqueles de filmes de terror ou coisa do tipo, eles eram os cães de guarda do Diabo, seus soldados adestrados e treinados para atacarem assim que o mestre comandasse. Neste caso, o mestre era o próprio capeta, Beuzebu, o condenado, o exilado do reino dos céus. Lúcifer.

Um homem alto, cabelos loiros em um tom claro, olhos azuis acinzentados - quase que hipnotizantes caso olhasse por muito tempo -, uma postura inabalável, firme, uma expressão fria e uma aura carregada de sofrimento, ódio e ira. Ele tinha uma energia tenebrosa, mas de se admirar por um homem tão belo ser considerado o Diabo, comprovando mais um dos motivos pelo qual Lúcifer era o favorito de Deus antes de ser exilado para a Jaula. Nenhuma aula de religião do mundo mortal poderia explicar a sensação de estar cara a cara com o Capeta, encarar ele com terror por ter assassinado a única pessoa que amavam, mas ao mesmo tempo não conseguir sentir um pingo da raiva e o ódio que deveriam, sentiam alívio ao invés. Era estranho, isto era certo.

Aisha deveria ser a garota racional e responsável naquele momento, mas em meio a todo o choque, ela não conseguia pensar nem se mover, apenas apertar o corpo de Dianna contra o dela, a pequena garotinha que havia se virado novamente, seus olhos ensopados encarando a expressão sem vida de sua mãe, enquanto a outra encarava os olhos gélidos do homem. Encarava o Diabo nos olhos, imagine o quão irônico aquilo parecia quando se observava que a situação atual era aquela, onde os pés dela estavam embanhados no sangue de sua própria mãe e a garota se encontrava literalmente hipnotizada por ele.

Quando ela soltou os braços de sua irmã e se afastou, caminhando a passos lentos para ele, meio cambaleante e sob os protestos de sua irmã, ela sentiu um frio percorrer todo seu corpo, como se não tivesse mais controle de suas ações, de seu corpo, de sua mente. Estava se aproximando cada vez mais dele, e nem mesmo ela sabia a razão pela qual o fazia. Tudo que ela sabia era que um fio brilhante, quase como uma névoa, escapava por seus lábios entreabertos na medida em que sua visão ficava turva e a cena era substituída por memórias, memórias falsas que ele mesmo produziu do zero, especialmente para aquele momento. Memórias de uma vida no Inferno, ao lado de Azazel, uma vida em que a pessoa que mais ama — a mesma pessoa que sangrava no chão da sala — nunca havia existido, muito menos cuidado dela por toda sua vida. Ele estava fazendo lavagem cerebral nela, e estava funcionando como nunca antes.

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