é muito tarde pra sair da friendzone?
Olivia e Charles são amigos desde os 12 anos. Grandes amigos, os melhores. Sua linda amizade é conhecida por todos dentro e fora do paddock. O que todo mundo sabe menos os dois é que eles se gostam secretamente...
Right now I wish you were here with me 'Cause right now Everything is new to me You know I can't fight the feeling And every night I feel it Right now I wish you were here with me
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Charles com certeza estava me ignorando.
E o pior de tudo é que eu não sabia por quê. Será que ele ficou chateado por eu ter voltado para casa?
Depois do encontro com o meu pai na corrida de Bahrein eu sentia como se fosse mais atrapalhar o monegasco do que realmente ajudá-lo.
Achei que ele fosse entender.
– Olivia? – Kyle, meu produtor, começa a estalar os dedos para chamar minha atenção. – O que você acha?
Ele coloca uma parte do áudio que estávamos gravando alguns segundos atrás, me jogo no sofá, abraçando meu violão e fecho os olhos para tentar me conectar com a música.
Não menti para meu melhor amigo quando disse que tinha coisas para resolver. Eu realmente tinha muitos assuntos pendentes, precisava tomar os rumos da minha vida de volta. Deixar todo trauma e tristeza para trás, e nada melhor do que a música, que me acolheu tantas vezes.
Já era um começo.
Abro os olhos assim que o áudio acaba, o britânico me olhando com seus olhos ansiosos.
– Podemos tentar aumentar um pouco a bateria e diminuir o baixo? – Pergunto e ele automaticamente se arrasta na cadeira de rodinhas para fazer o que eu pedi, colocando a música para tocar de novo. – Isso, bem melhor.
Era minha primeira música depois do acidente, quase três meses sem conseguir escrever nada. Nenhuma palavra, como a música sempre fez parte da minha vida, senti como se algo tivesse sido tirado de mim, assim como no dia em que minha mãe faleceu.
Não tenho tantas memórias de quando era criança, na verdade, tudo o que lembro são olhos verde oceanos, e os jantares com tia Pascale e Hervé.
Lembro do som do mar toda vez que íamos a praia juntos. Das risadas nas noites de jogos, de como Charles sempre ficava emburrado toda vez que perdia para mim e sua mãe.
Também lembro de coisas ruins, como uma casa grande, vazia e escura. Lembro do cheiro de limpeza do hospital, o barulho de vidro quebrando e portas se fechando com força. Gritos.
Lembro de uma garota assustada e pequena, tão pequena.
Quando tinha sete anos minha mãe me deu um piano de aniversário, ficava bem no meio da nossa sala, até quando nos mudamos para Mônaco. Toda vez que eu voltava dos meus compromissos ela me fazia tocar alguma coisa, e mesmo que eu estivesse muito cansada, tocava até que minha mãe adormecesse no sofá. Somente nós duas. E aquilo bastava.
