XLIII Descanse em paz... Baitola!

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— Descanse em paz... Baitola!

Nós todos havíamos dito isso naquele dia... Madrugada do dia 22 de Abril de 1985. Saudamos nosso parceiro, Zefír, que se sacrificou para que vencêssemos aquela batalha. Estávamos todos ferrados, principalmente eu, que fui o que mais me feri. Por esse motivo, só pudemos fazer um funeral quinze dias depois... Dia 7 de Maio de 1985.

Nesse dia, estava muito nublado e frio, e condizia com o clima. Eu, Anala, Anton, Urmid, Wladimir e Serguei vestíamos-nos todos de preto, por respeito a Zefír. O som do vento uivando e das folhas secas sendo arrastadas ao redor criava um ambiente sombrio e melancólico.

Como não tínhamos como colocar seu corpo dentro do caixão, apenas fizemos um túmulo para representar, e Anala colocou em cima do solo um cupcake, em homenagem ao poder do mesmo. Wladimir fez as informações com o nome, data de nascimento, falecimento, e tudo mais.

— Descanse em paz... Amigo... — Chorou Urmid em frente ao túmulo — Por que você me jogou para fora? Teríamos sobrevivido se você tivesse usado todo o poder que eu tinha te dado, e você não precisaria morrer... POR QUÊ??? POR QUE VOCÊ FEZ ISSO COM A GENTE???

— Calma, Urmid, eu estive pensando, e sinceramente essa foi a melhor forma de nós termos saído vivos — Confortou Anala — Na prática, todo o poder que você e ele tinham juntos não iria funcionar, porque aquela barreira tinha resistência no nível de suportar o desabamento de todo o país. Se ele usasse tudo, você também morreria, então, por você, ele se sacrificou. Era ou só ele, ou os dois.

— Eu sei disso, mas mesmo assim... Por que ele não usou?

— É melhor prevenir do que remediar — Retrucou Anton, fazendo sinal de reza com as mãos — Por favor, Deus, mesmo ele sendo um sério pecador, receba-o no céu. Eu acredito que você faça ele ficar bem, e que um dia nos reencontremos. Posso não ter tido uma grande relação com ele, mas é fato, que ele era incrível... Iluminou nossos corações com seu poder, e morreu com honra.

— Exatamente, pessoal, nem tudo é um fim — Exclamou Wladimir, confortando a todos nós — Infelizmente a vida é assim, conhecemos pessoas especiais, e elas indubitavelmente morrem. Eu, como idoso, já vi isso acontecer muitas vezes, então já estou acostumado. Vocês todos ainda são jovens, então lidar com a morte é complicado... Eu mesmo só comecei a lidar melhor aos meus trinta, então não julgo vocês por isso, em especial o Urmid.

— É a segunda vez que eu lido com a morte... Sniff. A primeira foi com meu irmão mais velho, ele morreu quando eu era bem criança, mas me deu um artefato que mudou minha vida para sempre... Eu vi o meu irmão no Zefír, eles até morreram da mesma forma, por isso mesmo devo o admirar...

— Não sei como é lidar com a morte, porque eu não lembro de nenhum familiar meu morrer... — Afirmei isso, colocando minha mão no ombro de Urmid — Relaxa, não deixe isso te abalar. Ele quis morrer, e a culpa não foi sua. Como o Anton disse, é melhor prevenir do que remediar, e ele nem sabia se iria mesmo vencer sem vocês dois morrerem por usar tudo. Como alguém que vive pelo impulso, eu sei bem, que na hora da emoção, a gente esquece de tudo a nossa volta. Foi exatamente isso que aconteceu com nosso amigo traveco.

— Mais respeito, Elliot! — Reclamou Wladimir — Respeite-o pelo menos em sua morte. Você não muda nunca!

— Ah, qual foi? Não pode nem tentar animar o pessoal?

— Claro que pode, mas seja respeitoso! Ele era gay, se vestia de mulher, mas e daí? Isso muda alguma coisa? Por isso mesmo, respeite, ele morreu para que a gente vencesse, então merece respeito por essa ação.

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