Prólogo

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Há 5 anos atrás
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Sinto como se meu corpo estivesse em uma paralisia, não consigo me mexer, e o que eu mais desejo é sair dos braços dele, mas eu não consigo.

Uma ânsia de vômito rebuliça em mim com o nojo que estou sentindo dos toques não consedidos do homem. Meu próprio pai, isso não é certo.  Ricardo, ele sempre me olhou diferente, com um jeito estranho eu achava que era ciúmes por eu ser sua única filha e ser somente nós dois agora. Mas não.

A repugna que sinto é ainda maior por saber que tenho mesmo sangue desse maldito desgraçado, nas minha veias. Clamo baixinho implorando pra que ele parasse de me tocar, suas mãos asquerozas já ultrapassaram a linha que estabeleci por ensinamentos da minha mãe. Ah minha mãe... como eu queria que ela estivesse aqui, talvez isso não estaria acontecendo comigo.

Rebato com minhas mãos e tento empurra-lo para longe mas é inútil, o homem é bem mais forte que eu.

Cuspo em sua cara quando ele aproxima seu rosto tentando me beijar. Minhas costas estão pressionadas contra a mesa de madeira da cozinha e sinto sua mão agarrar meu pescoço me deixando um pouco sem ar.

— Por que tem que ser tão rebelde. Hãm? - cheira meu pescoço.

— Para com isso, por favor. - suplico afim de ser solta. Passo meus braços em cima da mesa tentando encontrar a garrafa de bebida que  o homem havia deixado alí. Sem pensar seguro com firmeza na garrafa e bato contra sua cabeça, fazendo o homem me soltar e cambalear para trás, tonto.

Aproveito a deixa e o impuro para longe. Saio correndo e vou para o meu quarto, destabilizada e sem entender por que meu pai sente esse tipo de sentimento por mim.

Passo a mão sobre meu corpo me batendo e puxo meus cabelos me sentindo um lixo de ser humano.

É minha culpa, claro que é.

Se eu não vestisse esses shorts tão justos isso não aumentaria seu ego masculino. Não consigo mais viver nessa merda, essa não foi nem a primeira, nem segunda eb nem terceira vez. Essa aproximação asquerosa dele já foram várias e várias vezes desde que... Eu odeio mais que tudo a hipótese de que a causa de morte da minha mãe, minha mãezinha, tenha sido a pancada dada por ele.

Tranco a porta atrás de mim e corro para meu banheiro, rasgo as roupas e faço o mesmo que fiz com as outras de quando ele me fez o mesmo. Eu queimei quando ele saiu pra beber ou sei lá.

Entro debaixo do chuveiro e me permito chorar, tento acalmar minha respiração que começou a se descontrolar de novo.

Não sei ao certo, mas sempre tenho isso as vezes, tento procurar ar para respirar mas não encontro e meu coração começa a bater o mais forte possível.

— Querida, abra vamos conversar. Me desculpa se lhe machuquei é que eu preciso te ter, você é minha e de mais ninguém. Entenda minha querida. - balanço a cabeça não entendendo o por que ele aje dessa forma comigo. Isso não é normal.

Saio do banho, ainda me sentindo suja mas já passei tanto tempo debaixo d'agua que meus dedos irrugaram.  Olho para uma mochila e penso um pouco,e se...

Drobo de um jeito que possa caber mais peças de roupa possível, enfio dentro da mochila, pego meus documentos pessoais e algumas poucas fotos que sobraram minhas e da minha mãe.

Sim eu estava decidida, se fosse pra mim sofrer que seria bem longe daqui. Eu não aguento mais tudo isso, me sinto culpada por fazer meu próprio pai me desejar. Não dá mais para viver assim.

Graças a Deus tenho um pouco de dinheiro guardado, eu cheguei a trabalhar como babá uns 2 anos na casa da vizinha, cuidava de uma menina de 3 e outra de 5 anos. Mas meu pai me obrigou a largar quando o filho da dona Sarah voltou pra morar com ela. Ele estava com os avós, meu pai disse que caras como ele eu tinha que manter distância .

Irmãos MARTINELLI Livro I [Meu Recomeço] Onde histórias criam vida. Descubra agora