Patria

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DOZE ANOS ANTES...




— Estou brava com você Henri, você prometeu aparecer no meu aniversário!! — resmungou com um enorme bico nos lábios.

Poxa Virgínia eu sei, mas é que... eu não pude ir, meu pai precisou de mim! — se justificou tentando abraçar a baixinha de cabelos encaracolados e negros.

— De novo você com isso, semana passada foi a mesma coisa! Combinamos de estudar para a prova, e você não veio dizendo que o seu pai precisou de você! — resmungou.

— Eu... estou ocupado nesses últimos dias... mas podemos ir ao cinema nesse fim de semana, Homem Aranha, que tal? — sorriu.

— Você promete que vamos mesmo? — questionou incerta.

— Claro, eu prometo.

E então ambos os amigos se abraçaram.

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Sicília, Itália — 08:00 A.M



Desembarquei na minha cidade natal exatamente ás oito horas da manhã em ponto. A viagem havia sido longa, de Los Angeles a Sicília e tudo que eu queria fazer, depois de dar um abraço apertado na minha vó é claro, era tomar um banho e dormir o resto do dia. Estávamos no inverno, portanto eu poderia me enfiar debaixo dos cobertores com a vovó depois de umas três canecas de chocolate quente e alguns biscoitos.

Com sorte, teria mingau doce e marshmallows. Não que essas duas coisas combinassem juntas, mas, na casa da minha família sim, e era tradição. Toda família tinha algum costume estranho e na minha, não era nada diferente. Talvez fosse pior.

Enxerguei de longe uma senhorinha de cabelos longos e grisalhos segurando uma placa escrita "Virgínia Ferrari". Meu sorriso se alargou e caminhei a passos precisos até a minha doce e adorável avó.

Mia cara nipote (minha querida neta).

Nonno! (Vovó).— sorri e abracei enquanto deixava algumas lágrimas de emoção escorrerem por minha face. Afinal, eu estava de volta à Itália após oito anos.

Bella, che bella (Bonita, como está bonita).

— Ai vó, estou a mesma coisa ! — sorri quando nos afastamos. — Só engordei mesmo! E muito.

Recebi um tapa no braço, um tanto forte até o que me levou a resmungar e esfregar o local atingido. Vovó estava irritada e dizendo para eu parar de falar idiotices sobre mim mesma, porque eu continuava linda.

Acabei dando risada quando nos aproximamos do velho fusca azul, cheio de adesivos aleatórios e um crucifixo no meio. Era o carro que o vovô dirigia, mas assim que morreu, vovó passou a dirigir e desde então não largava mais, algumas pessoas até a apelidaram na época, inclusive Henrico, a chamando de "vovó do fusca azul".

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