un vecchio amico

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Roma, Itália — DOMINGO — 12:00.





Estava à mesa, apenas esperando meus irmãos chegarem para começarmos a comer. Podíamos ter nossos defeitos, que eram muitos por sinal, podíamos brigar, quase sempre, mas as refeições em família eram sagradas. A família era sagrada. Para muitos, soa um tanto irônico, um homem que acerta contas com as próprias mãos, que segura várias armas, que mata, que rouba, que lava dinheiro, considerar algo sagrado, e pode parecer mais piada ainda, quando digo que sou cristão. Mas eu me considero um homem cristão, e uso a porra dos valores quando necessário, aliás sempre penso que estou fazendo um favor enorme a humanidade eliminando os pesos mortos da terra, aquelas pessoas que não servem para nada.

É claro, que eu não aponto uma arma para qualquer pessoa, do nada, ou tão pouco saio atirando sem motivo algum. Mas, quando se faz necessário, é preciso meter bala. Não me lembro qual foi a primeira pessoa que eliminei do mundo, talvez algum engraçadinho que ficou devendo a Máfia, ou talvez que fez algo errado, e acabou nos fodendo. Quem sabe.
A Cosa Nostra é uma família e os nossos ajudam, tem proteção e a única coisa que exigimos é que todos façam o que lhe foi designado com perfeição, nada de erros, pois estamos sempre na mira da polícia e qualquer mísera falha, estamos fodidos.

Claro que, no meio da polícia, haviam alguns subordinados, outros infiltrados, mas ainda sim, precisávamos ser sempre cautelosos se o nosso objetivo era se manter no topo. As pessoas achavam que uma máfia não se metia nos negócios da outra, errado. As máfias competem entre si, para ver quem reina melhor, quem conquista mais territórios, e uma luta para valer. E custou muito, para o meu avó — aliás que Deus o tenha — transformar a Cosa Nostra no maior império da atualidade, antes, ficávamos atrás da máfia Russa, e quase perdemos o posto para a máfia Espanhola, foi por pouco. E quando isso acontece, somos obrigados a encontrar estratégias, negociar com quem não queremos, e até mesmo abrir mão de algumas coisas, e realizar parcerias.

Após a morte do meu avô, o antigo capo, Francesco Capuelo, respeitado e temido em toda a Itália no ramo dos "negócios", as coisas se complicaram. O filho da puta do meu pai, Teodoro, fugiu com uma vadia qualquer e se abdicou de qualquer responsabilidade com o seu povo, com o seu posto, e então tudo sobrou para o próximo herdeiro, que no caso seria eu, o filho mais velho. Antes de mim, há Demétria, um ano mais velha, mas não podia assumir por ser mulher, só no último caso, só se não houvesse nenhum irmão homem para assumir em seu lugar.

Minha irmã se mostrou sempre inteligente, e ardilosa. Mas considerávamos mulheres fracas para liderar, pois eram sempre mais emoção que razão. Colocavam tudo a perder por bobagens, por mais que fossem competentes e capazes, o lado emocional atrapalhava, simplesmente não conseguiam ser tão frias quanto os homens. E principalmente, para ser o chefe da porra toda, é preciso agir somente com a razão, como se não tivesse coração, era o nosso lema. Sentimentos, emoções... exceto quando era em relação a família, Família em primeiro lugar. Mas ainda sim, se um dos nos traísse, a honra dos outros precisava ser mantida, era bala na certa. Honra era mais importante que o sangue nesse caso, e era por isso, que mulheres jamais poderiam liderar ! Não teriam coragem de atirar em um irmão, em um filho, nos pais, no marido se caso fosse necessário.

A Máfia não era para quem queria brincar de bandido, a Máfia era para quem tinha o sangue mafioso nas veias.

— Fala aí, meu bom. — Ashton disse chegando à copa e se sentando ao lado esquerdo na mesa. — Demorei? Aron não virá, e as garotas estão descendo.

— Já disse para descartar essas suas gírias ridículas. — disse sério e então apaguei o cigarro jogando o resto no cinzeiro.— E o que levou o seu irmão a faltar em uma refeição familiar?

— Foi visitar a Maressa. — deu de ombros.

— Preciso ter uma conversa com ele, é a segunda vez só esse mês que ele faz isso. Deixa de estar com a família, por causa de uma mulher. — suspirei fundo. — Ele está se perdendo.

— Eu concordo fratello mio (irmão meu). — diz acenando.— Ele também é um vice gerente.

Se meus irmãos quisessem foder uma pedra, uma lata de lixo que fosse, eu jamais ficaria contra, afinal a vida era deles, o corpo e o pau, mas existia uma única regra na nossa família, não se perder por mulher nenhuma. Transar, Trepar... tudo certo, mas se deixar levar por idiotices como Paixão e Amor, era inaceitável. Tínhamos um exemplo claro de como uma vadia qualquer podia destruir tudo, inclusive com o próprio inútil do nosso pai que abandonou tudo por uma mulher que conheceu no bordel. E era meu dever como superior dele, impedí-lo, de fazer tamanha besteira. Era só a droga de uma figa.

Fratellos, cheguei. — Alice disse sorridente enquanto se sentava ao lado de Ashton e não demorou para Demétria aparecer com a cara fechada como sempre, ele não fazia porra nenhuma de útil durante o dia, e ainda se achava no direito de ficar emburrada por nada.

— Que cara é essa Demétria? — resmunguei.

— Nada Henrico, tenho que sorrir o tempo todo? — resmungou.— Nem você faz isso! Dá um tempo.

Rolei os olhos suspirando fundo pois não queria começar uma discussão com o almoço prestes a ser servido. Então com todos sentados e acomodados, Safira, uma das empregadas, começou a trazer a comida. E enquanto comíamos em silêncio, Alice mexia no celular, em uma mão estava o garfo, na outra o aparelho, e por pouco eu não joguei o prato na cara dela por tamanha audácia. Ele apenas gritou no meu ouvido, seguido de palmas animadas.

Mio Dio! Virginia è tornata! (meu Deus! Virgínia está de volta!) — disse e levou o celular bem à frente do meu rosto.— Olha Fratello Mio, Virgínia!!

— Aquela Virgínia??! — Demétria parecia estar animada também. — Deixa eu ver !!!

Na verdade, o que minha irmã me mostrou, era uma foto de uma garota que foi minha amiga na infância, ao lado da sua avó. Fomos amigos por muitos anos, até ela se mudar para os Estados Unidos e nunca mais voltar. Eu fiquei mal, era a única amiga que tinha, chorei por dias, meses, até meu avô surrar a minha cara e me mandar agir feito homem, foi logo quando aprendi a lidar com as armas. Então descarregava toda a minha tristeza e frustração em aulas de tiro.

Ela estava diferente, seu rosto parecia mais cheio, havia ganhado peso. Talvez sua vida tenha sido boa na América. Virgínia costumava ser magrela,  quando éramos próximos, mas ali na foto ela estava bem gorda, e se eu não tivesse gravado bem o seu rosto, eu não a reconheceria.

— Será que ela veio para ficar? — Ashton perguntou curioso.

— Será? — Alice quase gritou em animação. Esqueci de mencionar que minha irmã também era amiga dela. — Eu quero vê-la, eu posso Henri? por favor. Me leve à Sicília!

Não. — respondi secamente.

— E por quê não? — Demétria questionou sem entender. — É a sua amiga, Fratello.

— Ela não é mais minha amiga, e não podemos fazer vínculos com pessoas, que não são confiáveis.



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