Lui è morto

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E é por essa e diversas outras razões, que mulheres jamais estariam no comando.

Eu não tinha a menor culpa se ela era sensível demais para ouvir verdades, eu apenas havia sido sincero. Alegar que havia engordado, porque estava depressiva não era desculpa, era simplesmente descuido. Quantas mulheres que engravidam, e depois praticam atividades físicas para voltarem ao corpo original, quantas pessoas que passam por um período de enfermidades e se cuidam em relação ao peso, e a saúde. A questão não era ser cruel, era ser realista.

E tendo que liderar a porra toda, eles achavam mesmo que eu tinha tempo para ficar depressivo? Arrumar frescurinhas e bancar o fraco? Não, eu não tinha tempo para isso. Eu nem sequer tinha tempo para pensar nas merdas que me rodeavam, em tudo que tinha acontecido em um curto espaço de tempo. Não tinha nenhum momento para lamentar a minha vida porque estava sempre com uma arma na mão, cuidando de dar fim em outra.

Por isso que problemas estúpidos, por razões estúpidas, não me interessavam, ou nem sequer poderiam me tirar o foco.

— Você é um idiota Henrico! — Alice gritou comigo enquanto fazia menção de se levantar, mas eu ergui a mão a parando. — O que foi agora? Eu não posso ir atrás da minha amiga?!

— Você pegou pesado Henri, muito pesado. A garota também é sua amiga. — Demétria negou visivelmente chateada com a situação. Quanto a Aron e Ashton apenas se mantinham neutros, continuando a refeição.

Por mais que discordassem comigo, eles jamais demonstrariam isso ou me confrontariam de qualquer forma. Esse papel era sempre de Alice e Demétria, que se julgavam as defensoras da paz, as justiceiras e aquilo me irritava profundamente, elas não saberem qual era o lugar delas na porra da hierarquia.

— Vocês duas, calem a boca.  — ordenei de maneira calma e bebi um pouco de vinho antes de me levantar. Todos os olhares estavam em mim.

— Onde você vai? — Alice questionou apreensiva.

— Continuem o jantar, quando eu voltar, não quero ver nenhum grão no prato, que fique claro. — suspiro e olho para a minha irmã caçula. — Quanto a você, que seja a última vez que me desafia se opondo a algo que lhe ordenei.

Sem dar espaço para que ela falasse algo, eu dei as costas para a mesa, deixando o local. Enquanto caminhava para o extenso corredor, deixava meus pensamentos me guiarem a velhas lembranças. Lembranças estas, nas quais eu sempre estava sorrindo abraçado a Virgínia, não conseguia ver com clareza quais eram as ocasiões, mas me lembrava do sentimento que era estar com ela, me lembrava do som da sua gargalhada, misturada a minha. Não sei porque pensava no passado enquanto atravessava o meu jardim, mas quando a avistei de longe, sentada na borda da piscina, eu recuei, ponderando se deveria mesmo me aproximar, ou apenas deixá-la ali.

— Todo mundo estava certo, você não é mais o mesmo. — ela disse com a voz vacilante enquanto balançava os pés na água. — É isso que o poder faz? — questionou enquanto se levantava, se virando de frente para mim. — Te transforma em um imbecil?

Suspirei e abaixei a cabeça encarando meus próprios pés por um tempo. Não esperava que ela notasse minha aproximação, e muito menos que me confrontasse. Mas se eu tinha que lidar com ela, era melhor encará-la logo e esclarecer as coisas. Ergui meus olhos e encontrei os seus já a me encarar, estavam marejados, e sua expressão era de quem havia chorado um bocado. Maledetto dramma.

No cuore (Não, coração). — respondi sorrindo sem humor. — O poder te dá propósito, responsabilidades, e prioridades. O que significa não ter tempo para me preocupar com coisas fúteis. — respondi e guardei as mãos nos bolsos da calça.

— Ah Claro... — ela sorriu com ironia olhando para os lados, aparentemente irritada comigo. — Então, os meus sentimentos passaram a ser fúteis para você? Eu passei a ser fútil para você? — perguntou me encarando nos olhos e por mais que eu infelizmente tivesse sentido o peso de suas palavras, não me deixei abalar.

— É o que estou dizendo, Virgínia. — digo sem vacilar e acendo um cigarro, enquanto vejo as lágrimas descerem por seu rosto. E lá estava ela demonstrando fraqueza novamente. Rolei os olhos de maneira tediosa mas não deixei de olhá-la.

— Eu... não reconheço mais você... — lamentou enquanto enxugava o rosto com a palma das mãos. — O que fizeram com o meu amigo? — questionou enquanto se aproximava, ficando a uma distância consideravelmente próxima.

Lui è morto. (Ele está morto). — respondi esboçando um leve sorriso ladino.— Por isso, sugiro que você fique longe de mim e da minha família de agora em diante, pelo seu próprio bem.

— Então, é i-isso? — questiona com a voz chorosa. — Você realmente está cortando os laços comigo...?

— Já foram cortados, há mais de dez anos. — respondo de maneira seca.

— Isso é raiva por eu ter me mudado? — questiona confusa em meio as lágrimas. — Você ficou chateado por eu ter ido embora, é isso? Henri...

— Sr Capuelo, pra você. — corrijo terminando o cigarro enquanto jogo a bituca no chão e piso em cima. — O passado não me interessa, você está nele.

— Não foi isso que eu perguntei!!! — ela resmungou se aproximando mais, se atrevendo a me tocar no ombro. Eu devia tirar sua mão dali, mas não consegui, não enquanto encarava seus olhos raivosos e confusos. — Isso tudo é porque eu fui embora?

— Não, isso tudo é porque eu preciso.— disse e tirei sua mão de meus ombros, me afastando. — Vou lhe dar um conselho, pelo seu bem, se quiser voltar para a sua família perfeita na América, fique longe de mim e da minha família, não temos mais nenhum vínculo com você. Eu não estou brincando Virgínia, pelo mínimo resquício de consideração que eu devo ter por você, estou exigindo que fique longe. Porque se você entrar no meu caminho, não terá mais volta.

Sei que um lampejo de medo passou por seus olhos quando eles me encararam, e ela engoliu em seco dando alguns passos para trás. A intenção era aquela, deixá-la amendrontada o suficiente para nunca mais aparecer. O passado deveria permanecer no passado, e assim conflitos seriam evitados. Eu não queria ter que lidar com ela ali no presente, pois se eu tivesse que fazer isso, seria do meu jeito. E temia que ela arcasse com as consequências.

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