debolezza

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HENRICO CAPUELO

O contato da nicotina com os meus pulmões me acalmava, o que era de toda maneira irônico. O que te acalma, de certa forma também te mata.

E enquanto eu tragava, fechando meus olhos com certa força, tentava manter minha sanidade e consciência. O dia estava chuvoso e o trânsito lá em baixo estava um caos, mas não era nada comparado a todos pensamentos estranhos que estavam rodando a minha mente naquela manhã.

Ouvi a porta abrir e não precisei me virar para saber de quem se tratava. Apenas pessoas autorizadas, no caso os meus irmãos, costumavam entrar sem bater em algumas vezes.

— Achei que não viria, você parece estar fugindo de mim nos últimos dias, fratello.

Ainda de costas, eu dou uma última traga antes de jogar a pequena bituca no chão e pisar em cima. Logo quando me viro, encontro Aron sentado de pernas cruzadas enquanto um sorriso zombeteiro dançava em seus lábios.

— Descobriu agora que minha vida não gira em torno de você, caro fratello? — perguntou abrindo um sorriso enquanto arqueava a sobrancelha. — Ah não, você realmente pensou que eu não mais nada para fazer, não é?

— Eu já repeti mil vezes, Aron.— suspirei profundamente mantendo a calma.— Você faz o que quiser da sua vida, só siga a porra das regras! Você não para em casa direito há dias, não comparece às reuniões, o que acha que está fazendo?

— Seja direito, Henrico. Não combina nada com você fazer rodeios... — ele sorriu.— Você não me chamou para falar da droga das regras, ainda que te incomode.

— O quê está insinuando? — sorrio sem humor enquanto finalmente me sento em sua frente.

— Você quer saber sobre meu interesse repentino em Virgínia. Estou correto?— sorriu de lado com diversão.— Eu te conheço.

— Se me conhecesse mesmo, não estaria brincando tanto assim.— eu disse seriamente.

— O quê é? Você vive repetindo que são apenas amigos. Eu não posso estar interessado? — pergunta com humor.— Fere o seu ego que eu possa ter uma chance?

Acabo dando risada, uma risada sincera para ser honesto.

— Ferir o meu ego?— questiono após cessar o riso.— Se acha tão confiante assim Aron? Não é mais um bebê chorão?

Sorri vitorioso quando vi sua pose vacilar e ele ficar sério. Eu sabia exatamente como irritá-lo, principalmente o chamando de bebê chorão para ressaltar o fato de que ele era mais fraco.
Fraco, quando Teodoro nos abandonou e fraco quando soube que um homem que o abandonou havia morrido.

— Eu estou mesmo interessado em Virgínia.— ele diz suavizando minimamente a expressão.— Vocês não estão realmente juntos, ou estão?

— E por quê isso interessa a você? Você vai ficar menos interessado se eu disser que sim?

— Definitivamente não. Eu... não estou apaixonado nem nada, você sabe... — Aron dá um sorrisinho que me causa náuseas.— Ela estava tão gostosa naquele vestido vermelho, eu só não paro de pensar em c...

— Já chega.— digo de maneira autoritária batendo na mesa.— É melhor você calar a boca, agora.

— O quê foi? Te contar as minhas fantasias com Virgínia lhe incomoda fratello? — ele ri com diversão.

— Aron.

— Você gosta dela não é? Ou melhor, você a ama.— ele disse com um sorriso debochado enquanto se inclinava, se aproximando.— você se apaixonou, Henrico. Aliás, você sempre esteve apaixonada pela Virgínia.

CAPUELOOnde histórias criam vida. Descubra agora