Non abbiamo pietà

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Enquanto o carro deslizava pela rua longa e estreita, eu ficava observando a paisagem passar diante de meus olhos

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Enquanto o carro deslizava pela rua longa e estreita, eu ficava observando a paisagem passar diante de meus olhos. O dia estava nublado e as nuvens escuras e pesadas nem se comparavam com o meu humor naquela manhã.

Os primeiros pingos de chuva começavam a cair do céu cinzento, enquanto escorriam pelo vidro.

- senhor Capuelo, está tudo bem? - Mitchell, perguntou me olhando através do retrovisor.

- Estou bem. - respondi suspirando, enquanto meus pensamentos iam cada vez mais longe.

Eu precisava fumar.

- Por favor, pare o carro.

- Mas senhor, está chovendo.- meu conselheiro diz, apreensivo.

- Pare o carro, Mitchell. - exijo mais uma vez e ele faz o que lhe foi solicitado.

Assim que o automóvel para no meio da estrada, eu desço já sacando um maço de cigarros do bolso do casaco. Não demoro em acender um, o levando aos lábios, assim como Mitchell não tarda em aparecer ao meu lado com um imenso guarda chuva preto, impedindo que os pingos grossos da chuva que caía, continuassem me atingindo.

É simplesmente prazeroso e relaxante sentir a nicotina reagindo. Dentro de alguns minutos, após fuma todo o cigarro, me dirijo para dentro do carro novamente. Me sinto mais tranquilo e acabo por fechar meus olhos e assim permaneço por todo o percurso, ainda que não estivesse de fato, dormindo.

Após um tempo, sinto o carro parar de se movimentar e abro meus olhos reconhecendo o lugar onde estávamos. Suspiro profundamente e espero até que Mitchell abra a porta para mim.

A chuva já havia parado, todavia o tempo continuava nublado. O clima caótico e melancólico só piorava a medida que eu me aproximava da catedral. Eu não me lembrava da última vez que estivera dentro de uma igreja, mas provavelmente sabia que havia sido há muito tempo atrás.

Mas naquele momento ainda sim, eu não estava indo para a igreja, estava indo para o necrotério que ficava ao lado, assim como o cemitério.

Além do meu, haviam mais dois carros estacionados por ali, que eu considerava muito para determinada ocasião.

Quando adentrei o local, seguido de Mitchell, pude notar que não haviam mais que quatro pessoas. A vadia que eu certamente odiava, duas crianças agarradas em seu vestido e um homem que apesar de não vê-lo há anos, eu o reconhecia muito bem.

- Henrico... - ela disse surpresa, arregalando os olhos.

A encarei seriamente mas não disse nada, apenas continuei seguindo até o caixão que se encontrava bem no meio do pequeno salão.

Olhei para o homem que estava ali, a pele extremamente pálida, os lábios secos e sem vida. Os cabelos negros e lisos, como de Alice e como o de Demétria.

CAPUELOOnde histórias criam vida. Descubra agora