Sicília - Itália, Sábado 10:00 A.M.
As palavras de Henrico se repetiam em minha mente todos os dias, a todo momento. Era difícil de acreditar que aquele menino doce e amoroso que um dia foi meu melhor amigo, havia se tornado aquele homem frio, insensível e que não se importava com os sentimentos alheios. O poder havia subido a cabeça, era a única explicação para me destratar daquela forma. Se fosse qualquer outra pessoa, eu até poderia tentar entender aquela reação, mas era eu, sua amiga de infância.
Imagino que minha partida para os Estados Unidos, tenha machucado ele naquela época, porque me machucou também. Mas não era motivo suficiente para ele ficar com raiva, não era como se eu pudesse evitar, meus pais precisavam ir e eu simplesmente não podia retrucar, ela devia entender isso. Mas era Henrico, já era cabeça dura antes e sendo capo estava dez vezes pior.
— Querida... — a porta do quarto abriu lentamente e vovó colocou a cabeça para dentro. — Estou indo no centro da cidade, comprar algumas coisas, você vem?
Suspirei ponderando se valia a pena me levantar da cama naquele dia frio. O vento balançava as janelas. Todavia, era melhor que ficar em casa sozinha e permitir que meus pensamentos fossem consumidos por Henrico.
— Certo nonno, vou apenas me trocar. — digo e ela assente fechando a porta.
Pego meu celular para verificar se havia algo importante e há algumas mensagens. Algumas da mamãe, e outras da Alice, estas últimas, me perguntando como eu estava e porque eu não havia entrado mais em contato. Tinha pena da Alice, e da Demétria, porém meu receio era maior quanto a mais nova das irmãs.
Demétria ao menos, sempre namorou ou teve seus rolos, também tinha suas amigas. Já Alice, era sempre mais introvertida, e não tinha outra amiga além de mim. Fiquei pensando tanto em Henrico, que me esqueci que Alice também era importante. Não podia respondê-la, o irmão havia deixado bem claro que não me queria por perto.
Doía, mas eu não queria pagar pra ver e enfrentar a nova versão de Henrico, porque ela me assustava.
(...)
Nonno estava em alguma feira procurando por legumes e verduras, enquanto eu de longe, como boa leitora que era, avistei uma banca de livros e resolvi me aproximar. Eu não conseguia resistir a eles, e é por isso que na minha estante não havia mais espaço e a minha lista para leitura estava cada vez maior, mas não conseguia evitar, especialmente romances clichês.
— Esse é bom, pode levar. — uma voz grave soou ao meu lado e rapidamente ergui os olhos encontrando um rapaz extremamente elegante. Cabelos negros e compridos amarrados a um rabo de cavalo, e olhos azuis. Parecia ter saído de um livro. — Oh, que indelicadeza a minha, sou o Aluísio, muito prazer. — estendeu sua mão.
— Ham... Virgínia.— digo sem jeito estendo a minha que ele logo puxa de encontro aos seus lábios, deixando um rápido beijinho.
— Que Bela. — comenta com um largo sorriso. — Então, você gosta de ler uh? — disse de uma maneira charmosa, ainda que não fosse proposital. Tudo no homem exalava charme.
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CAPUELO
Teen FictionO que você faria, se anos após se separarem, encontrasse com o seu melhor amigo... e ele fosse um Capo...? Como tudo aconteceu? Como aquele garoto doce e alegre havia se transformado naquele homem bruto e insensível? Venha conhecer a verdadeira fa...