Per Pranzare

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  Quando éramos menores, eu me lembrava de uma casa verde, com um pequeno jardim na frente. Não era grande, mas também não era tão pequena, era só uma casa comum, como a de todo mundo, básica, mas era aconchegante. Alice e eu, costumávamos pegar flores escondido para colocarmos no cabelo ou fazermos pequenos buquês para os nossos casamentos de mentirinha. Tivemos uma boa infância, mas enquanto o carro ultrapassava o grande portão de ferro que dava acesso a uma verdadeira mansão, eu me questionava se aquilo realmente ainda importava. As nossas memórias, se ainda havia um pouco daquele Henrico inocente no homem que eu estava prestes a reencontrar.
       A casa estava repleta de seguranças, tanto no jardim quanto na porta principal e aquilo havia me assustado um pouco. Mas, resolvi não perguntar nada e apenas seguir Alice em silêncio pelo extenso corredor. A casa era toda decorada em preto e branco, o lustre da sala era com pedras, não saberia dizer se eram de diamantes ou qualquer outra, mas era muito bonito e aparentemente caro. Haviam também, grandes quadros com fotos dos quatro irmãos espalhados na parede, mas não havia nenhuma dos pais, nenhum mísero vestígio que eles sequer existiram na vida deles.
     Quando Alice adentrou o cômodo — que logo percebi ser a cozinha, pelo cheiro maravilhoso. — , ela correu em direção a uma senhora de meia idade para abraçá-la. A mulher sorriu sendo pega de surpresa, mas a abraçou fortemente enquanto acariciava seus cabelos. E quando seus olhos repousaram em mim, ela parecia ainda mais surpresa.

— Virgínia? — ela perguntou incerta e eu assenti, um pouco confusa. — Dío mio, Virgínia! — disse e se afastou de Alice, porém, se aproximando de mim.

— Desculpa mas, a gente se conhece? — perguntei confusa, não queria ser grossa mas, eu realmente não me lembrava dela. — É só que...

— Você não se lembra, eu imagino! — sorriu. — Eu sou muito amiga da sua avó, na verdade eu ficava muito com você quando era criança, não se lembra da Nonno Sasá?

— Safira? — questionei incerta e seu sorriso de alargou confirmando.

— Menina, como você cresceu!!

    Não respondi, apenas a abracei também por alguns segundos e juro que aquele foi um dos melhores abraços da vida. Eu só sabia o quanto havia sentido falta daquela mulher, até vê-la ali, bem na minha frente.

— Voltou para a Itália? — perguntou animada demais e fiquei com um pouco de pena em negar.

— Bom, eu... eu ainda não sei. — disse dando de ombros e ela assentiu compreendendo.

— O jantar vai demorar Sasá? Estou morrendo de fome. — Alice pergunta levando a mão na barriga de forma dramática fazendo com que a mulher sorrisse.

— Mais ou menos. — disse sincera e a garota ao meu lado assentiu fazendo beicinho mas agarrou a minha mão.

— Bom, vou levar a Virgínia lá para cima pra conhecer o restante da casa, quando estiver pronto, por favor nos chame. — a mulher assentiu e então me deixei ser guiada corredor a dentro. — Bom, aquela sala ali, é o escritório do Henrico, ele deve estar lá dentro. — disse apontando para uma porta no meio do corredor. — Lá em cima são os quartos. Temos um pra cada um de nós quatro e mais três de hóspedes.

— É vocês...são ricos mesmo... — disse sem graça a seguindo pela escadaria.

— É somos, mas vivo preocupada, não tenho uma vida tranquila pois vivo em perigo. — admite.— Há o lado bom, e o lado ruim de ser da máfia, pode ter certeza. E por mais que o lado bom, como o dinheiro e o luxo pareçam ser ainda maiores, acredite, não é.

— Eu entendo, me desculpa por...

— Tudo bem.— ela me tranquiliza me abraçando de lado.— Esse primeiro, é o quarto do Ashton. — diz para a primeira porta com a qual nos deparamos. — O seguinte é do Aron, o outro o meu, e o do Henrico é dobrando esse corredor. Não fico próximo dos nossos. — ela ri.— a próxima porta depois do meu é um banheiro.

CAPUELOOnde histórias criam vida. Descubra agora