6. Jogue suas tranças

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Flora

Meu celular vibra em cima da mesa, e tenho um mini surto quando percebo que é uma mensagem de Olivia, agradecendo pela tela estar virada para baixo, caso contrário Jeniffer teria visto, e eu estaria fodida.

– Opa, tenho que ir.

– Típico – Jeniffer se recosta na cadeira – Típico você jogar uma bomba e fugir.

– Que fofa você interessada na minha vida – Inclino a cabeça para o lado e sorrio – Vai lá em casa mais tarde que eu te conto tudo.

– Poxa, vou estar ocupada, – Ela finge desânimo – cuidando da minha própria vida.

– Te vejo mais tarde, Nakamura – Pisco um olho só e pego meu copo, saindo da cafeteria.

Assim que piso o pé para fora, sinto um calafrio. Jesus, é querer muito ganhar para aguentar a companhia de alguém como Jeniffer. Mas me sinto infinitamente melhor quando avisto o carro de Olivia parado no meio fio.

– Aquela era a Nakamura sentada com você? – Liv pergunta quando entro e beijo seu rosto. Por sorte, os vidros são escuros, então estamos relativamente seguras até ela sair da vaga – Achei que não se suportassem.

– Aham – Digo distraidamente, mexendo no som – Leah me deu a ideia de dar em cima dela pra deixa-la desnorteada nos próximos jogos. Eu não te contei?

– Tá dando em cima da Jeniffer? – Ela franze as sobrancelhas, se concentrando no trânsito – Por que não me disse?

– Porque é só fingimento – Sorrio passeando meu dedo indicador pelo seu braço.

– Acha uma boa ideia?

– Por que não seria?

– Está brincando com os sentimentos de alguém, Flora, isso não é legal. Onde acha que vai terminar? Vai sair com ela? Beija-la?

– Eu não sei, não pensei direito.

– Não, não pensou. Pra alguém que tem vinte e um anos, você não pensou em nada.

– Tá brigando comigo? – Minha respiração fica rasa, e de repente minhas mãos começam a suar – Liv, me desculpa, eu...

– Estou arriscando o meu emprego, Flora – Ela finalmente para o carro na frente do apartamento, mas ao invés de seguir para a garagem interna do prédio e subirmos juntas para passar o resto do dia deitadas, Olívia simplesmente desliga o motor e se vira para mim – Não estou ficando mais jovem e com certeza não estou ficando mais inteligente. O que é isso?

– Acho que não entendi.

– Essa semana a Leah quase pegou a gente porque eu esqueci de trancar a porta da minha sala. Eu... – Ela suspirou, frustrada – Eu não tenho mais vinte anos pra achar todo esse lance escondido excitante. E eu não quero perder esse emprego, é a minha chance de ir para times maiores, compreende? Essa... história com a Jeniffer, não é saudável pra você, e não quero ficar vendo você levá-la pra sair.

– Você não entende – Balanço a cabeça – Eu preciso disso.

– E eu preciso me afastar – Ela aperta os lábios e engole em seco – Não posso continuar arriscando tudo.

– Liv... Não pode ser... eu... – Estou parada no banco do carro, me recusando a sair e parecendo uma idiota.

– Então como pode ser? – Ela suspirou – Não, Flora, é sério. Espero que a gente consiga manter o profissionalismo daqui pra frente. É... – Olívia pigarreia e tira o cabelo do rosto, respirando fundo – Melhor você pegar um uber. Vou pedir um no meu cartão.

Tudo ou nada (Romance Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora