Tudo ou nada (Romance Sáfico)

13. Tudo ou nada

• Flora •

– Deixa eu ver se entendi direito – Minha mãe coloca as mãos no balcão, estreitando os olhos para mim, usando o seu super poder de fazer eu falar a verdade – Você quer o carro para sair com a Jeniffer.

– Isso mesmo – Finjo estar tranquila e enfio um cupcake quase inteiro na boca. Ainda não está gostoso.

– A garota que era sua melhor amiga e agora é sua arqui-inimiga.

– Aham – Digo de boca cheia. Acabei de combinar de irmos ao píer e tenho uma hora e meia para convencer minha mãe e ir me arrumar. Por que não marquei para mais tarde?

– Por quê?

– Porque ela é bonita? – Arrisco.

– O que você está tramando, Florence Parker?

– Olha, mãe... – Eu afasto a forma de cupcakes e me debruço sobre o balcão – Estou tentando descobrir algumas coisas, ok? Vai fazer bem pra mim.

– Tá legal – Ela revira os olhos – Mas coloca gasolina.

– Pode deixar – Sorrio e lhe dou um beijo no rosto.

Aspen aparece na cozinha esfregando a barriga, procurando algo para comer.

– Vai sair com a Jenn? – Ele pergunta – Ela é legal, gosto dela. Sabia que ela vai me emprestar uns jogos?

– Quando...? – Minha mãe parece confusa sobre os comentários do meu irmão mais novo, que ainda vasculha a cozinha.

– Ela veio aqui consertar o videogame dele ontem depois que você saiu pro plantão – Comentei por alto pegando meu celular para responder as garotas no grupo do time.

– Eu juro que não entendo vocês – Ela bufa e abre a revista de novo, mas observa Aspen levantar o braço para pegar um cupcake – Eu não comeria isso se fosse você.

– Eca, foi a Florence que fez?

– Nada melhor que sua família para te apoiar – Faço cara feia para os dois e subo as escadas correndo, indo preparar o meu banho e os óleos corporais. Jeniffer Nakamura vai me contar tudo essa noite.

Eu tinha que mudar a ordem da minha playlist do Spotify pois não estava afim de ouvir os rocks de Olivia. Eles me fariam pensar nela e eu não podia pensar nela essa noite. Não essa noite. Então fui de Lana Del Rey. Coloquei o celular ao lado da banheira e fechei os olhos sentindo os sais fazerem efeito.

Tomei o banho mais longo da minha vida, o que me deu pouco tempo para me aprontar. Então revirei meu armário inteiro. Toda vez que eu olhava para o relógio e via que as sete horas se aproximavam, sentia o coração palpitando contra as costelas, como se ele fosse sair do peito, o que não era nada justificável. Talvez eu só esteja ansiosa porque posso descobrir tudo hoje.

Meu armário inteiro estava jogado metade sobre a cama, metade no chão. Parecia meio estúpido estar tão indecisa quanto ao que vestir, mas eu, sinceramente, não tinha a menor ideia. Finalmente, depois de quase desistir e ligar para Barb para lhe pedir conselhos, decidi por uma saia jeans, um top e uma camisa masculina de botões grande demais que comprei em um brechó. Coloquei a minha bota preta da sorte e torci pra ter ficado bom. Não queria contar às meninas que ia sair com Jeniffer hoje. Ainda não sei o que esperar.

Demorei o mesmo tanto para fazer minha maquiagem e arrumar o cabelo, fiz duas trancinhas na frente e as juntei atrás. Achei engraçado, enquanto passava a base, como estava preocupada com a minha aparência, já que ela sempre me via parecendo um trapo depois dos jogos. Mas sabia o que era, se eu estivesse impressionante, ela abriria a boca.