16. Isso não foi um beijo

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Flora

Postar a foto deixou todo mundo confuso, mas eu me recusei a explicar algo que nem eu sabia o que significava. Jeniffer diz que não quer expor nada ainda. Então, quando fomos chamadas para gravar a propaganda nova, chegamos em carros separados e não falamos nada além do necessário uma com a outra.

E tudo isso foi bem cômico.

Ela estava sentada, já pronta com o uniforme preto e vermelho do Trojans. Suspeito que ela tenha adotado o visual depois que deixei escapar em uma noite que estávamos no falando por telefone que eu preferia aquela cor. Eu estava com o uniforme branco, pois achava que combinava mais com o meu tom de pele bronzeado.

– Eu estava imaginando se teríamos um segundo encontro – Sussurrei, mexendo no tablet enquanto esperava sermos chamadas no estúdio – Mas acho que estraguei o primeiro.

– Foi um bom primeiro encontro – Ela abre um mínimo sorriso. Estamos a uma cadeira de distância, e quero chegar mais perto, mas sei que não seria muito inteligente.

– Interessante – Divaguei, observando algumas pessoas passarem por nós, nos olhando de canto.

– Mas preciso pensar sobre essa questão do segundo encontro.

Quanto ela olhou para mim, seus olhos estavam cintilando. Cristo. Eu estava ferrada.

– Sério? Eu te beijo, você gosta, e tudo o que tem para dizer é que tem que pensar? – Finjo estar magoada – Admite, mexi com você, Nakamura.

– Foram beijos bons – Ela dá de ombros – Mas vamos esclarecer uma coisa, foi eu que mexi com o seu mundo.

– É, mexeu. Agora, me diz o que você acha de... – No momento em que eu ia me aproximar, inclinando o corpo na sua direção, uma mulher passa por nós, e eu preciso disfarçar, falando um pouco mais alto – De tomar conta da sua vida?

– Excelente... muito bom – Ela riu baixo e colocou uma mecha de cabelo atras da orelha – Na verdade é uma boa porque tenho mesmo que cuidar de um monte de coisas da minha vida.

– Quer falar sobre isso no jantar?

– Tá me chamando pra sair?

– Não sei. Vou ter que esperar mais dois meses se quiser chamá-la para sair de novo?

– Depende do meu humor – Ela vira a página do livro apenas para disfarçar, porque tenho certeza que não faz ideia do que acabou de ler – Quer sair comigo pra falar sobre a quantidade de coisas da minha vida?

– O quê? Não. Quero falar sobre o nosso último beijo, e quando digo falar sobre, quero dizer repetir. E quando digo beijo quero dizer... que não quero te ver na minha frente por um tempo.

Ela levantou os olhos da leitura para me encarar de sobrancelhas franzidas. Até que notou a mesma mulher voltando, provavelmente para xeretar.

– É, esse foi melhor. Mais convincente.

– Aprendo rápido. Prepare-se – Sorri.

– Tá bem. Estou preparada. Manda.

– Vou chamá-la para sair de novo. Não para o píer, porque eu gosto de variar e estou meio traumatizada. É para ir ao cinema.

Jenn fingiu pensar a respeito, mas eu já sabia que ela diria sim. Poderia ser um pensamento meio egoísta, mas foi ela quem me disse que era secretamente apaixonada por mim.

– Cinema? – Faço que sim com a cabeça – Você está mesmo querendo gabaritar os clichês românticos.

– Drive-in. E eu sei que é ao ar livre, mas não se preocupe, vou te manter aquecida – Eu dou a minha famosa piscada, e sei que dessa vez ela cai no charme.

Tudo ou nada (Romance Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora