29. Da Lua até Saturno

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Flora

Itália?! – Minha mãe grita quando conto sobre a proposta.

Jeniffer continuou tomando seu café e comendo seu muffin exageradamente doce que mamãe trouxe da padaria essa manhã. Mesmo que já fosse quase a hora de almoçar, porque chegamos tarde da noite ontem, cambaleando bêbadas pela escada até o quarto. Por sorte, não derrubei nenhum vaso dessa vez.

Eu olho para Jenn, buscando apoio, mas ela apenas dá de ombros.

– Como diabos isso vai funcionar, Florence?

– Nós ainda vamos nos reunir com a equipe do clube – Explico.

Nós?

– Eu também fui chamada – Jeniffer diz de boca cheia.

– Era tudo o que eu precisava, minha filha e a namorada transando sem a minha supervisão em Milão.

– Ei! – Aspen grita da sala, assistindo alguma animação na Netflix – Eu estou bem aqui.

– Parece que as titulares deles estão indo para a Turquia e precisam de novas reservas – Coloco um pouco de café na minha caneca e me sento ao lado de Jeniffer.

– Então você não seria titular? Isso quase te matou no primeiro ano no Bruins.

– Mãe, é um time profissional, nenhuma oposta de universidade vai chegar lá fazendo parte do time titular da liga.

– Quando é a reunião? – Ela desiste de tentar assumir uma posição de matriarca mandona e se senta também.

– Amanhã, eu acho.

– Tá legal, me conte tudo – Mamãe respira fundo – E você vai ficar com esse negócio no pescoço até quando?

Eu olho para baixo. Ah é, a medalha. Fiquei a noite inteira com ela ontem no Wayne's e sigo sem tirar. Nem mesmo quando Jenn e eu começamos a nossa festa particular ao chegarmos em casa. Ela disse que eu estava sexy. É uma medalha de ouro, pelo amor de Deus, quem não ia querer andar com isso no pescoço pelo resto da vida? Mas eu tinha me esquecido completamente do acessório, e fiquei me perguntando a manhã toda porque minha nuca estava tão pesada, até minha mãe trazer à tona.

– Eu acho fofo – Jeniffer inclina a cabeça.

– Não foi o que você disse noite passada – Eu ri com a caneca nas mãos e me surpreendi quando minha mãe deu um tapa na minha cabeça ao passar por mim – Ai!

– Eu ainda estou aqui, não preciso ouvir esse tipo de coisa na minha casa.

– Ah, Itália... – Solto um suspiro teatral e deito a cabeça no ombro de Jenn, o que faz Meredith jogar um pano no meu rosto.

Jenn não bebeu, porque ainda estava tomando antibióticos, então cuidou de mim, de novo. Eu já estava me perguntando quando eu a veria bêbada. Segurei os dedos do braço enfaixado. Apenas as pontinhas estavam para fora do gesso. O que era meio que adorável, se não fosse trágico.

Eu ainda me sentia culpada, mesmo Jeniffer tendo insistido ontem a noite que a responsabilidade de ter corrido atrás de uma bola impossível era totalmente dela. Estar tão próxima assim de Jenn de novo era um sonho. Eu ficava me perguntando quando ia acordar e descobrir que na verdade ainda estávamos separadas e isso era só o meu subconsciente pregando peças em mim.

Eu solto um pequeno suspiro, passeando os dedos pela perna dela, coberta com um pijama antigo meu. Tive que dobrar as barras para que ela não ficasse pisando no tecido por aí.

Tudo ou nada (Romance Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora