11. Strike

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Flora

Eu achei que a mensagem ia deixar Jeniffer desestabilizada, mas a garota jogou bem pra caralho ontem. Então eu tinha que mudar um pouco de estratégia, e conversei com Leah e Barb sobre isso quando estávamos no intervalo das nossas aulas no dia seguinte, tomando um pouco de sol.

– Eu vou ter que me aproximar dela e fazer ela gostar de mim. Elas vão chegar até a semifinal de novo, então, quando isso acontecer, eu dou uma desculpa qualquer pra parar de falar com ela. Aí sim ela vai ficar desorientada.

– Parece ser a melhor opção.

Estamos todas de bom humor, pois desde que o campeonato começou, não perdemos um jogo sequer. Estamos entre as primeiras, e graças às meninas do Trojans, o Sun Devils desceu um pouquinho na classificação.

Mari e Ashton se aproximam de nós de mãos dadas, sorrindo uma para a outra.

– Quais os planos para o fim de semana? – Ash pergunta, se sentando na grama com a gente.

– Eu queria tanto ir pra praia – Resmungo – Tenho saudade de quando a gente ia jogar na areia no verão. Agora é só... frio e chuva.

– Bom, entramos em março já tem um tempinho, então a primavera chegou – Mari sorri, brincando com o cabelo de Ash, que está com a cabeça apoiada em suas pernas.

– É, mas demora demais pro clima começar a amenizar – Barb fecha sua revista e deixa de lado.

– Olha, eu tava a fim de jogar boliche – Leah solta a ideia, e eu me viro para ela com os olhos brilhando.

– Genial. Você. É. Genial. – A puxo pelo pescoço e dou um beijo bem forte em seu rosto.

– Oi meninas! – Os meninos do futebol americano passaram por nós, e Jonas, o quaterback, pisca, fazendo Bárbara babar um pouco – Bom jogo ontem.

– Obrigada! – A mesma diz, um pouco eufórica demais, o que faz Jonas e o resto do time rir ao seguirem seus caminhos. E ela meio que finge desmaio no meu colo.

Vou para a terapia depois do treino de recuperação. Como sempre, Karen mantém um silêncio quase desconfortável por um tempo, e então, de forma espontânea, começo a falar sobre as coisas. Geralmente mantenho as coisas leves, falo sobre o evento do fim de semana passado (deixo jeniffer de lado), falo sobre como Aspen me deu um abraço perfeito quando o ajudei no dever de casa, e também falo que tenho me sentido perdida na faculdade. De sempre.

Mas dessa vez, resolvo falar algo que evitei pensar por anos.

– Já teve vontade de voltar no tempo? – Cruzo as pernas sob o corpo, brincando com os pins na minha mochila.

– Com certeza – Ela abaixa a prancheta – Mas não sei o que escolheria caso alguém me pergunte se eu prefiro voltar até o passado ou visitar o futuro. Por quê? Está querendo visitar uma memória?

– Entender, eu acho – Engulo em seco – Eu queria ver algumas coisas por outras perspectivas.

– Que perspectivas, Flora?

– Não sei, acho que vi tudo pelos meus olhos aquela noite, e fiquei imaginando se teria outra forma de ver.

– Está falando da Ellie? – Karen sempre foi muito cauteloso ao inseri-la na conversa. E não só depois do acontecido, até mesmo antes, e nunca entendi o porquê.

– Eu fiquei muito tempo culpando a Jeniffer pelo que aconteceu, afinal, ela mesma confessou tudo, mas por que ela faria isso?

– Já perguntou pra ela?

Tudo ou nada (Romance Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora