23. Fim da linha

1K 96 12
                                    

Flora

Minha vida mudou de muitas formas em um curto período de tempo, o que me trouxe até esse momento monumental, pelo menos para mim. Passei a semana toda sem conseguir falar com Jeniffer direito, por causa dos treinos intensos e dos jogos. Então depois de ganhar o jogo das quartas em casa contra o Sun Devils do Arizona, passei o sábado inteiro com Jenn e depois a acompanhei até o jogo dela. Essa manhã acordei com uma mensagem de bom dia dela no meu celular que me deixou sorrindo para o teto.

Jamais imaginei que fosse ficar animada com uma vitória dela nas quartas de final em casa. Fui assistir às oitavas contra o Toreros em San Diego e fiquei feliz da última ter sido em Los Angeles. E jamais imaginei que fosse comemorar com ela e todo o time no Davey Wayne's ontem depois do jogo. E agora estou de ressaca. Deixei o celular de lado, ignorando o barulho de uma nova mensagem, pois sabia que não era Jenn, e não me incomodaria em responder qualquer outra pessoa agora.

Desci as escadas me agarrando ao corrimão e encontrei minha família sentada na cozinha, tomando café da manhã.

– Bom dia, Flo! – Aspen grita, sorridente.

Eu fecho os olhos com força e faço um gesto para que ele fale mais baixo.

– Bom dia pra quem?

Minha mãe tenta disfarçar o contentamento, mas não consegue, os lábios dela tremem querendo rir da minha cara:

– É tão satisfatório te ver sofrendo assim depois que eu avisei pra não exagerar – Ela diz – Você já concluiu o esforço hercúleo de preencher as fichas de inscrição pro curso de verão da universidade? Precisam ser postadas na semana que vem e quero você se formando com créditos extras.

– Sim – Eu falei me sentando.

Mamãe me fitou. Barb tinha razão, eu era uma péssima mentirosa. Eu não sabia como tinha levado essa coisa com Jenn tão longe, mas suspeitava do fato dela estar tão apaixonada que não notava direito minhas expressões de "Estou te escondendo algo."

– Vou preencher amanhã – Emendo.

– Continue dizendo isso – Mamãe passou a tigela de cereais de milho para Aspen, que sorriu satisfeito.

Ver os dois assim, felizes em uma manhã de domingo, com a mamãe em casa e meu irmão de cabelo bagunçado por ter passado do horário de dormir ontem a noite depois de jogar horrores, me dá um sensação inexplicável de contentamento. E penso no que Karen disse sobre deixar as coisas em panos limpos.

Amarro o cabelo em um coque no alto da cabeça e sirvo um pouco de leite na minha caneca favorita.

– Preciso te contar uma coisa.

– Você vai terminar a faculdade, Flora – Mamãe se adianta, puxando o achocolatado da minha mão.

– Não é isso.

Olho de relance para Aspen, sem ter certeza se é bom ele escutar o que tenho para dizer, mesmo sabendo que tudo na minha família sempre foi muito às claras. Assim que eu tive idade para entender o que era adoção, minhas mães se sentaram comigo e me explicaram de onde eu tinha vindo. O mesmo foi com Aspen. Sempre conversamos sobre sexualidade, escola e fofocas abertamente. E eu as amo por isso.

– Mandei um e-mail para agência de adoção quando fiz vinte e um – Disse logo de uma vez, e Meredith ficou em silêncio por um tempo.

Em seguida, ela tocou o ombro de Aspen uma vez e sorriu.

– Você ouviu, meu amor? Flora está prestes a nos contar uma coisa importante, e isso também diz respeito a você, se quiser – É sério, eu amo essa mulher – Mas se não quiser conversar agora, pode ir pra sala.

Tudo ou nada (Romance Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora