24. Não me culpe, o amor me deixou louca

962 99 17
                                    

Flora

– Eu juro – Seco o rosto e volto para o quarto – Nunca mais vou beber.

Me jogo na cama de braços e pernas abertos. Soltando um suspiro, espero Jenn voltar a se deitar comigo, mas ela segue com o meu celular nas mãos, e evita olhar pra mim.

– Quem era?

– Olivia – Ela engole em seco.

Meu corpo todo fica tenso. Poderia ser qualquer coisa, né? Poderia ser mais uma das suas mensagens desesperadas para tentar voltar comigo. Jeniffer não vai se abalar com esse tipo de coisa, ela sabe que eu a amo. Sabe que estamos juntas. Eu contei tudo. Contei que Liv estava com ciúmes da gente e que foi por isso que ela me tirou do jogo naquela noite. Contei que não sentia mais nada por ela.

– O que ela queria? – Pareço tão tensa quanto penso? Não sei. Me sento e toco seu braço, o que a faz pular pra longe – Jenn, o que foi?

– Me diz você – Ela joga o celular no meu colo e eu o pego, com as sobrancelhas franzidas de preocupação.

Até que eu leio o que está escrito, e tudo vai por água abaixo.

– Eu posso explicar – Jura, Flora? A frase mais clichê possível? Essa é a primeira coisa em que você consegue pensar? – Mas eu preciso que você lembre que eu te odiava, ok? Eu não sabia a verdade, você não tinha me contado ainda. Eu achava que você tinha plantado aquela foto no...

Jenn finalmente parece acordar do seu torpor, e dá um passo furioso na minha direção.

– Essa é a desculpa que você vai usar? É sério? Tá querendo dizer que a culpa é minha?!

– Estou dizendo que queria fazer você sofrer! – Digo sem pensar, e me arrependo no mesmo segundo.

Ela não sabia exatamente o que era. Só tinha visto uma mensagem suspeita. Se eu jogasse as cartas certas, poderia contornar toda a situação. Mas estava muito nervosa, e como todo mundo sabe, eu sou uma péssima mentirosa.

– Nossa – Seu lábio inferior tremeu – Parabéns.

– Jenn...

– Me conta a porra da verdade, Flora! Pelo menos uma vez na vida, que merda!

Lá embaixo, eu ouvi uma agitação, e alguns momentos depois, o carro saiu da garagem, com minha mãe e Aspen lá dentro. Eu passei as mãos pelo rosto, tentando achar um jeito de fazer Jenn entender que isso era passado.

– Por que me chamou pra sair? – Ela insiste.

– Eu me apaixonei por você, Jenn – Tento me aproximar, segurar seu braço, mas ela se solta de mim e estende a mão na frente do corpo.

– Responde a maldita pergunta. Por quê?

De que adiantava? Eu já estava na pior. Estava no fundo do poço sem chance de retorno, com um monte de merda sobre a minha cabeça. Então não dava pra piorar. Nada que eu disser agora vai fazê-la ela me perdoar em um passe de mágica. Não há outra alternativa se não a verdade.

– Eu disse, vi a sua entrevista falando sobre mim – Mordo a parte interna da bochecha – Imaginei que se eu te convencesse a sair comigo, a gostar de mim, isso faria você ficar distraída nas quadras. Não foi o que aconteceu, você jogou bem demais depois. Então... – Pigarreio – Então pensei comigo mesma que você gostava de mim, que pra deixar você desnorteada eu teria que partir o seu coração. Mas não poderia ser no meio do campeonato, tinha que ser na reta final. Foi por isso que insisti por tanto tempo.

Tudo ou nada (Romance Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora