28. Todos os prêmios da noite

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Flora

Quando finalmente chega as oito da noite do sábado, estou tão nervosa que chego a literalmente tremer. As arquibancadas do Staples Center estão tão lotadas que é possível ver algumas pessoas em pé. Os ingressos para a final esgotaram apenas alguns dias depois de anunciarem a data, antes mesmo de terem escolhido o estádio, mesmo que esse sempre seja cotado porque é um dos maiores.

Estou ouvindo Leah gritar encorajamentos para nós, meus ossos reverberam pelo corpo quando começamos a bater os pés no chão com força.

– Nós chegamos até aqui! – Ela berra – Estamos na nossa casa, e não vamos deixar ninguém tomar isso de nós!

Eu gosto de me preparar. Sentir que estou preparada me ajuda a ficar calma. Então tenho meus rituais. Sempre entro de trança e a única das meninas que usa uma meia um pouco mais longa. Meu uniforme é sempre por dentro do short e uso um perfume específico para os jogos.

Em momentos como esse, nem parece que sou oposta titular UCLA Bruins faz três anos. Eu deveria ter me acostumado com todo o protocolo. Já superei os mais diversos desafios que me propuseram, ganhei jogos que jamais imaginei ganhar.

Então eu consigo. É claro que eu consigo.

– Pronto, Flora – Sebastian, um dos estudantes de fisioterapia termina de passar a fita no meu tornozelo direito, que está bastante desgastado com essa temporada.

– Valeu, Seb – Eu sorrio e calço minha meia e meu tênis de novo. Sempre amarro dois nós.

Me junto no meio da rodinha que todas formam ao redor de Leah, no meio do vestiário da casa, e sorrio para ela, que pisca um olho só para mim.

– Um, dois, três – Ela puxa.

– Bruins!

Meus olhos brilhavam com uma mistura de ansiedade e determinação enquanto caminhava para dentro da quadra, ciente de que aquele era o momento que eu e minha equipe havíamos trabalhado arduamente por
meses para alcançar.

A plateia vibrava com entusiasmo à medida que as meninas iam tomando os lugares ao meu lado. A cada passo que eu dava, os aplausos cresciam. A energia da torcida contagiava o ambiente, e o suspense pairava no ar. Eu sentia a adrenalina pulsando em minhas veias, mas permanecia com a expressão concentrada. Principalmente quando o time do Texas entrou depois de nós.

Os olhares das minhas adversárias se voltavam para mim, reconhecendo minha habilidade e o impacto que eu poderia ter na partida. É a mesma coisa que faço com Nia e Vanessa, os principais nomes do Longhorns.

Passo os olhos pela multidão, buscando pela minha família na arquibancada, e sorri ao ver os dois com os rostos pintados da cor do time, vibrando, na tribuna. Estou feliz que Connor tenha conseguido colocá-los em um lugar mais confortável.

Só assim eu consigo me concentrar para o aquecimento. Primeiro a gente se alonga com a equipe médica, e depois as bolas são liberadas. Como sempre, Barb é minha dupla. Eu também já deveria ter me acostumado com o barulho nessa parte. Cada vez que lançamos a bola para o outro lado e a parceira pega, uma onda de gritos começa. Às vezes eu e Barb fazemos gracinhas e falamos com a torcida. Mas não hoje. Não posso perder o foco.

Até que...

– Flora!

Apesar do imenso barulho no estádio, das vozes se sobrepondo umas sobre as outras, a voz dela chega muito clara nos ouvidos, cristalina. Me viro com a bola nas mãos, e, em pé, no meio das Trojans, está Jeniffer Nakamura. Aquela garota maravilhosa que eu prometi derrotar, sorrindo para mim. A vida é uma coisa estranha, maravilhosa e totalmente indecifrável mesmo.

Tudo ou nada (Romance Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora