• Flora •
Quando finalmente chega as oito da noite do sábado, estou tão nervosa que chego a literalmente tremer. As arquibancadas do Staples Center estão tão lotadas que é possível ver algumas pessoas em pé. Os ingressos para a final esgotaram apenas alguns dias depois de anunciarem a data, antes mesmo de terem escolhido o estádio, mesmo que esse sempre seja cotado porque é um dos maiores.
Estou ouvindo Leah gritar encorajamentos para nós, meus ossos reverberam pelo corpo quando começamos a bater os pés no chão com força.
– Nós chegamos até aqui! – Ela berra – Estamos na nossa casa, e não vamos deixar ninguém tomar isso de nós!
Eu gosto de me preparar. Sentir que estou preparada me ajuda a ficar calma. Então tenho meus rituais. Sempre entro de trança e a única das meninas que usa uma meia um pouco mais longa. Meu uniforme é sempre por dentro do short e uso um perfume específico para os jogos.
Em momentos como esse, nem parece que sou oposta titular UCLA Bruins faz três anos. Eu deveria ter me acostumado com todo o protocolo. Já superei os mais diversos desafios que me propuseram, ganhei jogos que jamais imaginei ganhar.
Então eu consigo. É claro que eu consigo.
– Pronto, Flora – Sebastian, um dos estudantes de fisioterapia termina de passar a fita no meu tornozelo direito, que está bastante desgastado com essa temporada.
– Valeu, Seb – Eu sorrio e calço minha meia e meu tênis de novo. Sempre amarro dois nós.
Me junto no meio da rodinha que todas formam ao redor de Leah, no meio do vestiário da casa, e sorrio para ela, que pisca um olho só para mim.
– Um, dois, três – Ela puxa.
– Bruins!
Meus olhos brilhavam com uma mistura de ansiedade e determinação enquanto caminhava para dentro da quadra, ciente de que aquele era o momento que eu e minha equipe havíamos trabalhado arduamente por
meses para alcançar.A plateia vibrava com entusiasmo à medida que as meninas iam tomando os lugares ao meu lado. A cada passo que eu dava, os aplausos cresciam. A energia da torcida contagiava o ambiente, e o suspense pairava no ar. Eu sentia a adrenalina pulsando em minhas veias, mas permanecia com a expressão concentrada. Principalmente quando o time do Texas entrou depois de nós.
Os olhares das minhas adversárias se voltavam para mim, reconhecendo minha habilidade e o impacto que eu poderia ter na partida. É a mesma coisa que faço com Nia e Vanessa, os principais nomes do Longhorns.
Passo os olhos pela multidão, buscando pela minha família na arquibancada, e sorri ao ver os dois com os rostos pintados da cor do time, vibrando, na tribuna. Estou feliz que Connor tenha conseguido colocá-los em um lugar mais confortável.
Só assim eu consigo me concentrar para o aquecimento. Primeiro a gente se alonga com a equipe médica, e depois as bolas são liberadas. Como sempre, Barb é minha dupla. Eu também já deveria ter me acostumado com o barulho nessa parte. Cada vez que lançamos a bola para o outro lado e a parceira pega, uma onda de gritos começa. Às vezes eu e Barb fazemos gracinhas e falamos com a torcida. Mas não hoje. Não posso perder o foco.
Até que...
– Flora!
Apesar do imenso barulho no estádio, das vozes se sobrepondo umas sobre as outras, a voz dela chega muito clara nos ouvidos, cristalina. Me viro com a bola nas mãos, e, em pé, no meio das Trojans, está Jeniffer Nakamura. Aquela garota maravilhosa que eu prometi derrotar, sorrindo para mim. A vida é uma coisa estranha, maravilhosa e totalmente indecifrável mesmo.
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Tudo ou nada (Romance Sáfico)
RandomFlora e Jenn são, provavelmente, o motivo pelo qual o Bruins e o Trojans, times da liga universitária de vôlei, estão se enfrentando de forma brutal ano após ano pela decisão do NCAA. Elas se odeiam. Mas não foi sempre assim. Agora, por causa de um...