21. Cada célula do meu corpo

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"Flora Parker e Jenn Nakamura, atletas do Bruins e Trojans, respectivamente, assumiram o namoro nas redes sociais essa semana depois de anos de rivalidade declarada. Será que foi tudo fingimento ou as quadras uniram as duas de uma forma que ainda não entendemos? Elas seguem sem dar detalhes, mas posso dizer que ficam muito bem juntas, não acham?"

Flora

– Então esse era o seu plano? – Jenn diz, passando o dedo indicador pelas minhas costas

Engulo em seco ao entrar em pânico, e abro um pouco mais olhos, temendo o que vem a seguir, com medo de que Jenn tenha descoberto tudo. Não, ela não poderia, né? Se soubesse de alguma coisa ela teria me falado no mesmo instante. Ela não esperaria o pós sexo pra me questionar.

– Plano, é?

– Sim, me deixar perdidamente apaixonada por você. Deu certo.

– Ah – Eu solto um suspiro aliviado, sentindo a tensão deixar o meu corpo.

Tenho que colocar mais dinheiro no pote de mentiras, pois também não contei que conversei com Ellie mais cedo e tampouco vou contar. Não traria nada de bom, mesmo que a conversa não tenha sido nada demais.

Ellie (11:37)
Flora Parker? Não imaginei que fosse querer falar comigo de novo.

Florence (11:37)
Estou meio perdida. Imaginando o que pode ter acontecido.

Ellie (11:37)
Depois de cinco anos? Esse foi o seu prazo de validade pra me odiar?

Florence (11:38)
Fiquei sabendo da verdade há algumas semanas.

Ellie (11:38)
Sério? Imaginei que Jeniffer fosse te contar no minuto que eu tivesse ido embora. Ela era nitidamente apaixonada por você, pensei que soubesse.

Florence (11:38)
É, não foi o que aconteceu. Só quero saber o porquê, Ellie.

Ellie (11:39)
O motivo não poderia ser mais simples. Estava com inveja. Você mais do que ninguém sabe que só existe uma oposta titular, a outra ocupa o banco.

Florence (11:40)
Você ao menos gostava de mim?

Ellie (11:40)
Não, Flora, sinto muito.
Ellie (11:40)
Eu te vi na televisão esses dias. Está indo bem, né?

Florence (11:41)
Eu faço o meu melhor.

Na hora eu ia dizer que treinava bastante para não precisar de nenhuma manobra como a dela, mas pensei melhor. As coisas são estão acontecendo com Jenn hoje porque eu fui tão mesquinha quanto Ellie na época. Não sei o que vou fazer. Não quero contar, não quero estragar isso entre a gente. Mas uma coisa é certa, a cada dia que se passa, os playoffs se aproximam, e eu não gosto muito de mim nessa fase do campeonato.

– Flora? – Jenn me cutuca quando estou com o pensamento longe, olhando para o teto – Você ouviu alguma coisa do que eu disse?

– Eu lembro até hoje de um salvamento que você fez no nosso primeiro ano da faculdade – Solto um suspiro, e me viro para ela na cama – Eu fui assistir ao jogo porque de alguma forma uma corda ainda me ligava a você e eu não estava indo tão bem no Bruins quanto gostaria. As Trojans estavam jogando contra o time da Geórgia, você estava de reserva, como toda caloura naquela época, mas o treinador colocou você pra jogar quando viu que a partida já estava ganha. Teve um erro na recepção das Trojans e a trajetória da bola foi parar lá perto da comissão técnica – Jenn junta as sobrancelhas, tentando se lembrar, porque acredite, ela faz isso toda vez – E mesmo assim, mesmo sabendo que podia se permitir errar, você não desistiu, você pulou por cima da barreira e deu de cara com uma mesa, derrubou tudo, mas a bola voltou pra quadra e elas fizeram o ponto – Ela sorri, brincando com uma mecha do meu cabelo – Foi bem ali, naquele momento, que eu percebi que ganhar de você seria, provavelmente, a coisa mais difícil de jogar pelo Bruins. Não porque você era incrivelmente boa, mas porque você não desiste, nunca.

Tudo ou nada (Romance Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora