Eu sempre fui uma garota vaidosa que tinha costume de passear pelo parque com um garotinho simpático e fofo chamado "Kai". Não tinha muito costume de pedir permissão aos meus pais por isso, então simplesmente chamava Kai pelo celular da minha mãe e íamos para o parque sozinhos. As vezes, eu tentava chamar meus pais e contar tudo para eles: que eu havia visto a revista de mulheres seminuas da playboy na gaveta do meu pai, que li as mensagens do amante da minha mãe, que vi que meu pai contratava mulheres para se encontrar com ele nas viagens que ele fazia e sempre dizia que era do "trabalho". Apesar de tudo, sinto que não vale a pena estragar mais ainda a única familia que tenho. Será que posso chamar isso de familia? Bom, eu estava tomando sorvete com Kai sentada no banco do parque. Naquela época, ele não era tão pervertido, então eu me sentia tranquila para lamber o sorvete.
- no que você tanto pensa?
- no papai e na mamãe. Devem estar preocupados por eu passar 3 horas longe de casa sem dar avisos. - levantei e corri para sair dali. Dei o sorvete para Kai e fui correndo para casa. Havia visto em uma reportagem uma criança que havia sido desaparecida depois de ir para o parque sozinha sem os pais, então talvez, TALVEZ, isso tivesse influenciado nesses "encontros" com o Kai sozinha no parque. Eu vi os pais da garota correndo indo abraçar ela. Um abraço deveras carinhoso e verdadeiro. Comecei a comparar os abraços que eu recebia dos meus pais e percebi que nunca ganhei nenhum abraço. O mais bizarro, foi ter chegado em casa e perceber que seus pais nem mesmo souberam que você sumiu repentinamente de casa. Parecia estar tudo como sempre; papai sempre escrevendo algo no teclado do computador enorme com uma caneca do lado do teclado que SEMPRE tinha café ou capuccino; mamãe sempre ficava mandando algumas mensagens para alguém e recebendo ligações de sua assistente:
- Eu fugi de casa por 20 minutos. - eu disse quando estava ainda em pé na porta. Dava para perceber que eu havia ido embora por estar usando um vestidinho vermelho que eu só usava para sair de casa.
- Oh, não faça isso novamente, certo, querida? - disse meu pai sem tirar a atenção de seu computador. Era, tipo, bizarro!!
Agora, estou aqui retocando meu batom vermelho que havia passado mais cedo antes de jantar. E sim, eu sempre janto sem meus pais, mas nunca sozinha. Desde pequena, eu estive acompanhada de uma mulher chamada "Rosa", a faz tudo aqui de casa. Ela acompanhou meu crescimento desde que eu nasci. Eu sempre chamo ela para jantar comigo, ja que meus pais vivem fora de casa por conta do trabalho ou por conta de amantes.
- você avisou a seus pais que estará indo para uma festa? - Rosa disse pondo uma fatia de carne na boca.
- Por qual necessidade, Rosa? Eu nunca falei antes, por que deveria falar agora?
- pare com essa mal criação!! Sabe que apesar de tudo, eles são seus pais. E eu sei muito bem que você não vai passar apenas 3 horas longe de casa.
- Esquece. Parece que nem com você eu posso contar mais. - Pâmela se levantou bruscamente do lugar onde estava e foi correndo até a porta. Por pura coincidencia, pôde ver que Clara também estava em frente a sua porta do lado de fora esperando Pâmela.
- Nossa, tudo bem? - Clara disse depois de ter notado a expressão de Pâmela que aparentava ter visto um fantasma.
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Sem rumo.
AléatoireNesse livro, teremos a história de alguns adolescentes enfrentando seus problemas que os adultos sempre vêem como "bobagem".