Sem rumo.

Monique - "É verdade que os cupidos ficam solitarios?" (parte 2 de "Thomas.")

- Quem te contou isso?

- Ninguém, óbvio. Eu mesma posso falar o que penso porque somente eu convivi com você nesse relacionamento, Thomas. Ou você acha que não tenho essa capacidade?

- Tudo bem, você conviveu comigo durante meses, mas em algum momento você teve a capacidade de ler minha mente? Por que repentinamente você decidiu que agora você iria decidir meus sentimentos? Você acha isso só porque eu não sou forçado igual os outros caras que você manteve um relacionamento abusivo?

- Pelo menos eles faziam algo para me agradar, me contavam mentiras lindas e me levavam para lugares romanticos. Olha só onde estamos tendo um "date"; na merda do seu quarto, Thomas!!

- Eu sinto muito que você pense em mim do jeito mais escroto possivel, mas tudo que eu posso fazer é te mostrar algo. - ele tirou algumas das ataduras que tinha no seu braço e revelou cicatrizes de alguns cortes. Alguns eram mais profundos do que outros, o que era extremamente desconfortavel de se ver. Quer dizer que, todo esse tempo que eu achava que ele estava perdendo tempo jogando aqueles jogos ou quando ele tentava me evitar, era por causa da depressão e automutilação dele? E espera, desde quando ele tem esses tipos de problemas?! Quando estava com a boca aberta observando os cortes, ainda perplexa, me virei para ficar de costas para Thomas. Coloquei a mão na cama como forma de me apoiar, pois eu ja estava quase caindo no chão perdendo minhas forças. Thomas havia se levantado e ido até mim, pondo seus braços ao redor da minha cintura. Senti sua respiração pesada no meu pescoço, mas ele apenas sussurrou algo no meu ouvido:

- Até breve. - Em um breve momento, ele segurou meu pescoço como se estivesse me enforcando e deu uma leve mordidinha no meu maxilar, logo saindo de perto de mim e levando seu celular para fora do quarto. Me senti confusa. Nunca havia me sentido tão estranha como hoje. Quando me restaurei (não por completo), olhei para a mesinha de Thomas antes de ir embora. Percebi uma caixa estranha e bem grande. Peguei a mesma e tentei rasgar algumas algumas das fitas e abrir a mesma, que logo revelou a merda de um controle  de videogame e aqueles fones profissionais que esses gamers usam. Eu nunca me senti tão culpada em toda a minha vida.