Quanto mais eu via minha mãe sorrindo de maneira estranha enquanto falava com alguém no celular, mais eu me sentia desconfortavel. Saber que minha mãe estava de papinho com alguém era um assunto deveras perturbador de imaginar. Eu nunca vi necessidade dela estar com alguém, até porque ela não parecia se importar e nem gostar de relacionamentos. Sempre que eu perguntava sobre isso, ela se sentia na obrigação de me lembrar que a vida dela não é da minha conta. Não que isso seja negação, mas é algo que ja podemos imaginar como um "não tô nem aí pra isso." As aulas começaram a ficar perturbadoras depois que Thomas começou a namorar. Parecia estar mais obcecado com jogos, sempre comentando sobre algum tipo de jogo aleatorio com os amigos e a Monique no meio deles sem ter o minimo de paciencia para ouvir sobre tudo aquilo. Dava para ver que ela desviava o olhar várias vezes para a janela, que foi o que fez eu ter mais interesse nas coisas que aconteciam fora da escola. Na janela, pude ver alguns adolescentes com a mesma sacola que havia visto na festa e um casal abraçados enquanto subiam as escadas. Que estranho... Parecia que todos estavam insatisfeitos com seu relacionamento, menos aquele casal. Me pergunto o que mais as pessoas escondem de seus relacionamentos. Assim, sei que irei parecer uma intrometida, mas é bom questionar a razão as vezes. Decidi que estava cansada de estar perdida nos meus pensamentos, então fui ver o que Clara estava fazendo. Ela parecia estar mandando mensagens para alguém. Deduzi que fosse para Pâmela ou para seu namorado. Ao contrario de muitas pessoas, eu não tanta coisa assim sobre Clara, mas de uma coisa eu sei, ela é uma das pessoas mais leais que eu conheço. Tenho quase certeza que ela está tentando puxar Pâmela para a escola, já que a mesma está a 1 semana sem pisar no chão. Os pais dela desconfiam que ela esteja com uma depressão severa. Tiago, como sempre, matando aula. Certa vez, ouvi dizer que ele costumava ficar com alguns amigos fumando um baseado por trás da escola quando matava aula. Me sinto constrangida quando falam de drogas... Odeio ser assim. Me sinto constrangida por ser considerada "infantil".
- Clara? - eu havia me levantado da cadeira, aproveitando que o professor estava fora da sala, para poder me aproximar da cadeira que ela estava e conversar com ela. Clara estava tão obcecada com Pâmela que até me ignorava ou ficava distante quando estavamos juntas. Eu nunca havia visto Clara tão calada até essa semana. Parecia totalmente distante e pensativa. Quando toquei em seu ombro, Não obtive resposta, ela se levantou brutamente arrastando a cadeira com tanta força que fez um barulho irritante e saiu da sala com a cabeça levantada marchando de raiva. Os passos dela estavam batendo com tanta força no chão que fazia um barulho estranho. Eu ia atrás dela, mas não me sentia confiante para dar conselhos sobre quaisquer seja seu problema pessoal. Voltei para minha cadeira afim de dar um tempo para ela respirar. Todos da sala ficaram cochichando alguma coisa sobre ela. Coloquei meu cabelo atrás da minha orelha, respirei bem fundo com os olhos fechados e virei para que eles pudessem me ver. Falei com a voz firme para todos se sentarem comportados, pois o professor ja estava vindo. Thomas se sentiu na obrigação de me contradizer dizendo que eu só disse aquilo porque Clara é minha "amiguinha" e que eu nem mesmo sabia se o professor estava vindo. Para minha sorte, o professor chegou bem na hora e todos deram um jeito na sua postura e comportamento no mesmo momento.
recreio.
Eu me sentia descontrolada mentalmente. Como posso chegar na Clara e perguntar seus problemas se nem mesmo sei quais conselhos dar? Eu decidi ignorar toda essa confusão e fechar meu armário depois de tirar alguns livros de dentro. Imediatamente me virei para observar aquela pessoa com quem eu poderia pedir conselhos. Com as semanas que passaram, pude observar Monique e seu belo comportamento diante pessoas com problemas em relacionamentos amorosos ou dando conselhos sexuais para as pessoas. Ela tinha má fama para as garotas comprometidas, mas o restante das outras garotas solteiras e encalhadas ou aquelas que tinham relacionamentos problematicos sempre procuravam ela. Principalmente as garotas virgens. Quando direcionei meu olhar para ela, lá estava ela, cuidando de mais uma garota que estava chorando com os braços agarrando uma foto de um garoto manchada com batom vermelho. De primeira eu pensei: "Ew, mas que porra?", mas depois eu percebi que o certo a se fazer era falar com Monique imediatamente. O caso de Clara pode ser relacionado ao relacionamento de Pâmela, porque todos comentam sobre o que aconteceu na festa depois que fui embora. Uma pena só souberem que tiveram uma pequena briga e que ele ameaçou Clara. Gostaria de saber mais sobre. Meus cabelos castanhos estavam brilhando hoje, mais hidratados, assim como meus lábios com manteiga de cacau. O meu uniforme era lavado todos os dias com amaciante, meu perfume tinha um cheiro bem suave de frutas vermelhas, unhas (do pé e da mão) tão limpos e delicados. Ser aluna modelo também interfere na minha aparencia, então eu sempre estava preparada até mesmo nisso. Monique parecia estar radiante hoje, vestindo roupas no estilo streetweare utilizando um coque com cachinhos definidos. A garota que estava com ela imediatamente saiu de perto, visto que era um "perigo" me ter por perto. Talvez por eu ter total acesso aos professores e diretores, podendo mudar totalmente a opinião deles sobre determinados alunos. Foi isso que aconteceu com Tiago uma vez, quando eu vi ele dando uns pegas em uma garota dentro do banheiro dos funcionários. Claro que eu falei tudo para os professores e até mesmo para a diretora, logo fazendo com que Tiago tomasse uma suspensão.
- Oi. Monique, certo? - eu disse, claramente dando um sorriso simpatico ainda segurando os livros.
- Ah, oi! Emilly, certo? - ela retribuiu o meu sorriso e abriu seu armario para pegar algum livro. Talvez tenha ficado surpresa em me ver. Não costumamos nos falar muito, a não ser que seja algo envolvendo a escola.
- Sim. Enfim, fiquei sabendo que você tem boa reputação com conselhos.
- Ah, ja entendi. Quer conselhos? Quem é o sortudo? - ela fechou com tanta força o armario que eu me estrondei um pouco. Parecia estar mais empolgada do que o normal hoje. Eu não sou especialista em relacionamentos, mas ela parece ter se resolvido com o Thomas ou algo do tipo.
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Sem rumo.
RandomNesse livro, teremos a história de alguns adolescentes enfrentando seus problemas que os adultos sempre vêem como "bobagem".