Emilly - novo padrasto.

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Ultimamente me dei conta de que eu estava prestando atenção demais a vida amorosa da minha mãe. Era como se, de algum modo, eu me importasse pela primeira vez. Eu parei pra pensar e disse a mim mesma: "por que eu estou me importando tanto com esses dates da minha mãe?", e aí me veio a tona: "talvez porque o homem possa ser de caráter duvidoso. 
Minha mãe está chegando mais tarde do que o normal em casa, e as vezes, eu que chego meio tarde (21h como sempre) e vejo todo o quarto dela bagunçado. Ela NUNCA esquece de arrumar a cama, pelo contrário, está sempre arrumando até os minimos detalhes. Depois que descobri a senha do celular dela (que era a data de nascimento do ex recente dela), vasculhei as mensagens e descobri que ela está se envolvendo com um tal de "John". Esse nome é genérico demais para impossibilitar alguma coisa boa. Mas espera, eu já havia visto esse nome antes... Esse cara era meu antigo professor do fundamental. Eu não gostava dele, porque ele tinha fama de ser mulherengo. Quando eu ainda estava no fundamental, pude ver pela janela da sala de aula ele dando uns pegas com uma professora, do mesmo jeito que fez com a mulher que limpava a escola. Depois, ele pegava até a coordenadora da escola, que era uma mulher bem mais velha do que ele. Para a felicidade dele, somente eu sabia disso, e ele não sabia que eu sabia. Era nosso segredinho, o tipo de segredo que eu gostaria de nem me lembrar mais. E agora, esse homem está sendo meu padrasto por algum motivo desconhecido, já que ele não tem qualidade nenhuma além de ser bonito e ser bom na cama. Talvez seja por isso que minha mãe escolheu ele? Por que ele a satisfaz? Aí, se for assim, então ele não é realmente meu padrasto, é apenas um ficante qualquer. Me sinto mil vezes mais aliviada em saber disso.
- Emilly, venha conhecer seu padrasto!! - minha mãe gritou lá na sala de estar, que ficava no primeiro andar da casa. Me estremeci e me desesperei. Coloquei as mãos na cabeça e andei de um lado para o outro pensando no que dizer, no que fazer e como fingir que não sei que esse cara é apenas mais um cafajeste. Tinha muitas possibilidades dele querer até mesmo me tocar, visto que é um homem nojento desses. Não tive a oportunidade de dizer muita coisa, apenas fui correndo descendo as escadas quando de repente me deparo com minha mãe e John me esperando perto da escada. 

- Emilly, este é John. - ela deu uma bitoquinha nele, que nem mesmo durou 5 segundos, mas foi o suficiente para fazer meu estômago revirar.

- Oi, mãe e John. - forcei um sorriso e acenei para eles. Permanecemos em um silencio constrangedor enquanto John apenas retribuía meu sorriso com um sorriso mais falso ainda. Lembrei que provavelmente estavam esperando que eu descesse das escadas, então assim fiz e fui com eles para a sala de jantar. 
A mesa estava simplesmente encantada e farta de comida. Parecia um evento que não aconteceria todos os dias, algo que nem mesmo ela havia feito para seu ex recente, então poderíamos concluir que ela realmente ama John ao ponto de querer conquistar ele pelo estômago.

- E então, Emilly, você gosta de saber que tem um padrasto? - foi John que disse isso com a boca cheia ainda segurando os talheres. Minha mãe nunca perguntaria algo do tipo, já que ela não se importa com o que eu sinto. Eu não comi nada, apenas disfarçava manuseando meu garfo e minha faca para la e para cá explorando a comida no prato. Quando ele me disse isso, senti que iria vomitar, mas tentei disfarçar sorrindo como sempre.

- É legal, John. É muito bom saber que minha mãe será feliz ao lado de alguém. - disse como se já não tivesse dito a mesma coisa para o ex recente da minha mãe.

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