Saí rapidamente do banheiro com uma toalha enrolada na minha cintura. Gostava de sair do banho e mandar uma foto para Pâmela, e foi isso que fiz. Mesmo que ela ignorasse todas as minhas mensagens, ela continuava visualizando. Fiquei pensando que poderia ter acontecido algo de errado com ela, mas preferi continuar ignorando esse pensamento. Quando dei zoom na foto que tirei para ela, percebi que eu ainda estava bem molhado e meu cabelo estava pingando. Então logo peguei uma toalha e comecei a remexer ela na minha cabeça para tirar um pouco da água nos meus cabelos. Pâmela não respondeu, apenas visualizou.
Eu: Aí, vai me ignorar mesmo?
Pâmela visualizou.
Isso me magoava muito. Doía saber que ela preferia estar com uma "amizade" do que com seu namorado. Não tinha noticias dela, e por isso, mandava mensagens para os pais dela perguntando como ela estava. Sempre respondiam algo do tipo "ela está se recuperando." "ela está melhorando." Mas nunca diziam algo especifico sobre sua tal "melhoria". Estava trocando de roupa quando de repente; me deparo com uma foto no Instagram de Clara e Emilly se divertindo em uma festa. A expressão de Emilly indicava que estava entediada, já a de Clara indicava uma felicidade radical. Pâmela havia curtido. Me pergunto se isso mexeu com Clara, se isso deixou ela com maiores expectativas de Pâmela estar bem. Me pergunto se Clara sente algum tipo de alegria vendo que Pâmela não se esqueceu dela, enquanto eu estou tentando ter algum tipo de contato com ela e ela nem mesmo responde uma foto sensual. Desliguei meu celular e me deitei na cama ainda pelado. Não tinha nenhum pingo de vontade de ver Pâmela... Na verdade, sendo bem sincero, eu não me importava com ela. Mas tinha algo em Pâmela que me fazia questionar meus sentidos; talvez a certeza de que ela era uma garota gostosa e bem sucedida mesmo que suas atitudes fracassadas dissessem ao contrario. Precisava ver Pâmela, então joguei o celular em um canto qualquer e fui no guarda roupa pegar alguma roupa. Acabei optando por um simples moletom branco e uma calça folgada preta com um tênis da vans preto. Passei 15 minutos me olhando no espelho pensando "está muito simples", mas que se foda. Eu peguei meu celular e coloquei no bolso, logo saindo do quarto e indo até a porta. Antes de sair, gritei para minha mãe ouvir:
- MÃE!! Tô indo embora.
Achei que talvez pudesse entrar na casa de Pâmela escondido para termos um pouco de privacidade. Optei por escalar a árvore que ficava pertinho da janela dela. Tive um pouco de dificuldade subindo, mas nada que braços fortes não aguentem. Quando cheguei em um galho grande o suficiente para que eu pudesse ir me arrastando, fui indo até a ponta do final do galho me arrastando deitado e me abraçando no galho. Depois que havia chegado no final do galho, me agachei lentamente e dei um pequeno pulo até a janela de Pâmela que estava aberta. Pâmela acreditava em "banho de lua", onde basicamente a lua iluminava seu quarto, e por isso, só tinha uma pequena luz fraca amarela que vinha do seu abajur iluminando o quarto. E também, a janela estava aberta para supostamente a lua "invadir" o quarto de Pâmela. Consegui ficar agachado na janela dela e apenas saí da janela e lancei meu olhar por todo o quarto procurando Pâmela. Vi a porta do banheiro aberta, deduzindo que Pâmela estivesse lá. Não falei que estava no seu quarto, porque provavelmente ela iria se trancar no banheiro e gritar alto para que seus pais viessem me mandar embora. Esperei ela sair do banheiro, mas ela estava demorando muito para isso. Me preocupei e entrei no banheiro silenciosamente tentando ver o que Pâmela estava fazendo. O chuveiro estava desligando, não tinha nenhuma das roupas dela espalhado pelo banheiro, não dava para sentir o cheiro do xampu forte que ela usava. Me desesperei e logo movi as cortinas que tinha no chuveiro para o lado, me deparando com Pâmela caída e sentada no chão. Seus pulsos estavam cortados, jorrando sangue pelo chão.
- Mas que porra... - Peguei Pâmela no colo, mesmo que ela tentasse me evitar. Ela dizia com a voz fraca:
- Eu não quero te ver... - Ela dizia, com os lábios roxos e olheiras maiores do que antes.
Pâmela agora se encontrava no leito de hospital, aguardando por uma visita de Clara. Ela já havia dito isso para seus pais e para a enfermeira. Estava ansiosa para ver a amiguinha dela, e nem mesmo se importou com a minha presença. Peguei sua mão e apertei com força, demonstrando estar preocupado com ela. Beijei a sua mão.
- Agora você com certeza deve estar melhor, certo? - eu disse com uma voz caridosa depois do beijo. Coloquei minha outra mão no seu rosto, acariciando sua bochecha. Ela tirou a minha mão do seu rosto lentamente por causa de sua fraqueza. Eu me revoltei, afinal, ela esperava ter o toque de outra pessoa, certo? Levantei da cadeira que estava, logo jogando ela no chão com uma força tão grande que ela se quebrou no chão. Tinha cacos da cadeira pelo chão. Pâmela estremeceu de leve e balançou a cabeça em negação.
- QUEM VOCÊ PENSA QUE É? - Levantei minha mão para ela, porém ela estava na cama de um hospital, com algumas ataduras nos pulsos e tomando soro na veia. Eu não poderia fazer isso. Abaixei minha mão e em seguida coloquei as duas na minha cabeça tentando respirar um pouco para não fazer nada. Fiquei observando Pâmela e sua situação. Pâmela manteve a calma enquanto falava:
- Eu sou alguém mais feliz sem você na minha vida. - ela disse com a voz falhando e fraca. Pâmela sempre foi alguém fraca, sempre foi incapaz de ser feliz sem alguém ao seu lado. Mas, agora, ela não tem somente eu. Esse é o problema; quando eu estava com ela, ela pelo menos tinha algum tipo de sentimento por mim, e agora, não aparenta ter. Ela parecia focar mais em alguém, e não em mim. Me submeti a desviar o olhar para a TV com os braços cruzados.
- Pâmela, você não sabe o que diz.
- Tiago, eu não quero depender de você para algum tipo de comércio como meus pais, não quero que você seja o pai dos meus filhos, não quero que você seja meu marido. Eu sinto nojo de você, e eu sei que demorei para perceber isso, só que agora eu não quero você. Eu posso ser feliz com outra pessoa. - ela falou isso com dificuldade e tentando dar algumas pausas para respirar. Acho que tudo estava doendo nela. Tanto fisicamente como emocionalmente. Não consegui me conter, dei um soco forte na mesa, que rachou e fez um pequeno buquê de flores cair no chão junto de um bilhete. Isso chamou a atenção de Pâmela, e a mesma tentou se levantar com dor e gemendo, para tentar identificar o buquê. Seus olhos se arregalaram e ficou boquiaberta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sem rumo.
AléatoireNesse livro, teremos a história de alguns adolescentes enfrentando seus problemas que os adultos sempre vêem como "bobagem".