Thomas.

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As vezes, sinto como se tudo estivesse desmoronando ao meu redor, mesmo que ainda existam pessoas gentis como Monique ao meu lado. Já cheguei a pensar que ela não suportaria o fim da minha vida, mas eu também penso que seria esquecido em menos de 3 meses depois que ela encontrasse um idiota qualquer. Não dá pra negar que toda vez que olho para ela, ao mesmo tempo que meu coração acelera, ele também chega a parar com pensamentos negativos. Meu pai não gosta que eu ande com Monique, pois aparentemente ele sente que ela é má influência e uma puta. Inclusive, tivemos uma discussão sobre isso ontem quando estavamos no carro. Só eu e ele. Conversamos sobre muitos dos meus defeitos como: Meu isolamento social, Monique, vicio em jogos, Monique, minha falta de apetite constante e... Monique. 
— O que houve, meu bem? Por que pensa tanto e não toca na comida? — Minha mãe me observou com seu olhar maternal preocupado. Eu nunca tive nada contra ela, porém, sinto que prefiro o meu pai. Sabe aquela pessoa que parece ignorar tudo que você está passando de ruim e prefere dizer coisas positivas o tempo todo? Pois é. Mas tanto faz. Acho muito amoroso o fato dela sempre cozinhar a mesma refeição (que é a minha comida preferida) do jantar todos os dias para mim só para que eu encha minha barriga. Infelizmente não funciona, porque continuo sem vontade de comer.
— Thomas, lembra do que conversamos ontem? — Meu pai dizia, mastigando os alimentos de forma agressiva enquanto me olhava. Eu olhei nos olhos dele por 5 segundos e depois voltei meu olhar para o meu prato que estava com uma quantidade razoavel de comida. Minha mãe não sabia do que se tratava, então apenas continuou cortando sua carne com as sobrancelhas franzidas. 
— E eu entendi tudo muito bem. Só não sei se você entendeu que eu estou assim porque meus remédios não me dão apetite. — Tentei manusear meu garfo na carne, mas não tive forças o suficiente para perfurar, então apenas cutuquei ela. Suspirei fundo. Minha voz estava totalmente calma e baixa, ainda que a voz do meu pai tivesse bastante vigor e rigidez.
— Já chega! Ou você come ou eu vou ter uma conversinha com aquela tal de Monique. Eu sei muito bem que você está mentindo.
— mentindo? Eu fui 100% sincero com você sobre tudo o que eu disse no carro. — larguei o garfo e apoiei meus cotovelos na mesa, encarando meu pai. Como sempre, mantive uma expressão neutra e voz calma.
— Se dêem respeito! Estamos jantando. — Minha mãe citou segurando seus talheres com firmeza. O tom de sua fala era o tipo de repreensão e seus olhos vagaram pelos meus e do meu pai.
— Está na cara que faz isso por causa daquela imunda da Monique. Eu falei com alguns dos amigos que faziam parte do círculo social dela e me disseram que ela não tinha boa fama. — ele largou os talheres com tanta força na mesa que fez um barulho irritante e fez minha mãe estremecer. Ignoramos completamente a existência da mãe.
— Pai, você não tem esse direito... — Fui interrompido pela voz do meu pai que provavelmente estava se segurando para não gritar.
— Não me importo com o que você pensa sobre isso, Thomas. Se não se afastar de Monique, irei falar com a mãe dela... Ou melhor, irei falar com ela diretamente. Não iremos mais aceitar essa garota aqui em casa. — nesse momento, arrastei a cadeira para trás com um movimento rápido e joguei meus talheres na mesa como ele. Me retirei da mesa sem dizer uma palavra, até porque, atitudes valem mais que palavras para mim. Finalmente fui até o meu quarto e tranquei a porta. Fiquei uns 10 minutos parado encostado na porta, pensando em contar para Monique sobre isso ou simplesmente ignorar a mesma. Meus punhos estavam fechados com uma força tão grande que fazia eles tremerem.

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Eu estava tentando prestar atenção no que a professora Wayne estava tentando explicar na aula, só que nada do que ela dizia me interessava. Deitei minha cabeça sobre minha carteira e coloquei meus braços ao redor, tentando dar um cochilo. Tentava manter meus olhos fechados, mas a minha cabeça estava tão barulhenta com pensamentos horríveis que me fazia perder a vontade de dormir. Levantei minha cabeça e virei ela lentamente na direção onde a carteira de Monique estava, e não vi nada. Nada. Fiquei paralisado olhando a carteira dela pensando mil e uma coisas. O que será que aconteceu e porque diabos ela não me contou sobre isso? Ela poderia ter me mandado 20 mensagens como sempre faz a noite, mas dessa vez ela não fez.

A aula terminou, e graças a Deus, eu pude me retirar do local que estava. Estava no refeitório, sentado na mesa cuja bandeja do almoço estava com algumas comidas em cada divisório que separava elas, que não me interessavam muito. Dei duas colheradas em um purê de batata e comi algumas cenourinhas pequenas. Diferente dos outros dias, um de meus amigos com quem divido meus momentos escolares não veio se sentar comigo hoje. Eu pedi espaço, ou seja, fiquei sozinho com os olhares atentos observando tudo e todos ansiando por Monique. Suspirei cansado e notei que Emilly estava por perto, e ela tinha muitas informações sobre as pessoas da escola. Ela tinha ainda mais informações porque, como representante de turma, ela tinha que fazer alguns serviços e participar de reuniões com os outros representantes, logo fazendo amizade com uma outra representante de turma chamada Amy. Amy é uma garota fofoqueira que sabe até demais e costuma contar tudo para os outros representantes, incluindo Emilly.
— Emilly! — Acenei para ela. Não costumo dar sorrisos simpáticos quando cumprimento alguém, então não me imaginem sorrindo para ela. As vezes, sinto que Emilly me evita porque ela SEMPRE me olha com um semblante esquisito.

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