Talvez tudo se resolvesse se eu terminasse com ela. Provavelmente, me sentiria mais feliz se cuidasse de mim antes de cuidar de Monique. Se talvez, só talvez, ela estivesse mais preocupada com si mesma do que comigo...
- Querido, você está bem? - Minha mãe disse, me vendo paralisado. Eu olhava para o prato de macarronada com um certo choque. Não havia nem mesmo pegado os talheres ainda. Meu pai parecia estar não se importando, comendo e comendo, apenas me olhando de lomge. Ele ficou assim durante uma semana, até cheguei a presenciar meu pai e minha mãe tendo brigas repentinas. Deduzi que seria uma amante o problema.
- Estou ótimo, mãe. Acho que estou sem apetite, só isso. - Arrastei minhas cadeira pra trás, assim me levantando de onde estava. Deixei o prato na mesa, sem paciência para levar até a pia da cozinha. Não me importei em dar satisfação da onde eu ia para meus pais, mas basicamente eu subi as escadas até o meu quarto, onde me joguei na cama e fiquei vidrado no teto. Como eu explico pra eles que eu e Monique não iremos mais estar juntos por pura imaturidade minha? Se bem que, quando sua namorada vai dar uma festa e ela não te convida, seria esquisito você ter raiva dela? Meus amigos dizem que é só uma festa e que não é novidade Monique dar uma, mas eles não entendem, eu SEMPRE fui convidado para todas as festas. Não, eu tinha que fazer algo. Uma vez, vi um post no twitter de um ex namorado de Monique que dizia que "toda mulher gostava de ser dominada e de um homem que mostrasse 'masculinidade'". Será que ele se inspirou no relacionamento dele com Monique? Será que ela foi mais feliz com ele? Repentinamente, ouço o meu celular vibrar. Ele estava ao meu lado na cama. Não me dei ao trabalho de levantar, peguei o celular ainda deitado e liguei o mesmo. Não estava afim de interagir com ninguém, mas podia ser uma mensagem de Monique, talvez...
Não era.
Era uma mensagem da irmã dela, minha cunhada. Pela notificação dava pra ver que era um vídeo. Pensei que talvez fosse o vídeo da festa de Nique, mas quando abri sua notificação e vi que o vídeo se tratava de um amador meu e da Vic, eu fiquei sem reação."Fala quem você mais ama, fala, amor..."
"Você, Vic, é claro que é você, princesa."****
Não amava porra nenhuma. Achava ela esquisita pra porra, não estava nem me importando com os sentimentos dela quando ditei aquilo. Quando transamos, logo depois do sexo, fiquei com peso na consciência, mas eu sabia que nunca teria coragem de falar pra Monique, então apenas disse para a Victória que era pra manter a merda da boca fechada. Infelizmente, ela me ameaçou com aquele vídeo e me fez sair do meu quarto, e cá estou eu, dirigindo no carro dos meus pais sem que eles saibam, no meio da noite, sem ninguém na rua, apenas postes que iluminavam as residências. Pressionei minha mão no volante enquanto pensava no que podia dizer a Victória ou a Monique.
"Victória, isso foi um erro. Você é irmã de Monique, e ela vive falando que você é a irmãzinha dela... Ela ama muito você, não faz isso." "Monique, eu amo apenas você. O que houve entre a sua irmã e eu foi apenas um deslize, mas não significa que eu te ame menos."
Quase atropelei Victória.
Perdido nos meus pensamentos e nos meus diálogos imaginários, nem notei que Victória estava na frente do meu carro, no caminho de uma praça vazia. Apertei o freio com a maior força que eu tive, afim de evitar um estrago, e por sorte, consegui. Victória parecia aparentemente raivosa, com seu celular em mãos. Me retirei de dentro do carro, batendo a porta do mesmo com tanta força que achei que fosse quebrar.
- Victória? - Me aproximei da mesma, tentando nem encostar. Meus olhos vagaram pelo corpo dela, procurando por alguma coisa ou algo do tipo. Achei que ela pudesse estar com uma arma na mão ou algo do tipo, já que estava com tanta raiva...
- Assume, Thomas. Você disse que me ama.
- Victória, eu não te amo.
- Não mente pra mim, Thomas. Sabe o quanto é difícil todo mundo mentir o tempo todo? Centralizar toda a atenção para somente uma pessoa específica? - Ela deu alguns passos lentos, se aproximando de mim. Tentei recuar, dando passos na direção contrária dela. Sua voz estava mais firme do que o normal.
- Você... Você... Você nem mesmo ama ela de verdade. Veja!! - Ela deu play no vídeo. Eu ouvi entre gemidos manhosos e roucos "fala quem você mais ama, fala, amor...". Tentei avançar para cima de Victória, tentando pegar o celular da mão dela. Ela me deu uma mordida como forma de reagir ao meu ataque, e foi uma mordida que claramente deixaria sangue e hematoma. Dei um empurrão nela, para que seu corpo fosse jogado para longe. Isso não foi o suficiente, ela ainda estava perfeitamente bem, tanto que se levantou rapidamente sem se importar com suas roupas sujas e algumas feridas que surgiram com a queda e correu na minha direção.*****
Nada mais importa. Apaguei o vídeo da galeria de Victória, deixei seu corpo deitado num banco de praça e voltei para dentro do meu carro antes que alguém aparecesse. Esperei pacientemente que alguém pudesse salvar Victória. Eu poderia ter pagado de vítima e ter ido ajudar ela, mas é mais fácil que alguém faça isso por mim. Até dirigi para mais longe pra não chamar atenção. Avistei uma garota que parecia a filha da Dona Rô, a vizinha de Victória. Isso me fez soltar um suspiro aliviado, jogando minha cabeça contra a cadeira fofa do carro, repousando ela. Mas depois parei pra pensar: Apaguei o vídeo da galeria da Victória, vigiei ela até que fosse resgatada... Merda. O celular. Contém meu sangue nele, e provavelmente as mensagens poderão ser vistas... E, espera, será que ela vai contar sobre mim?
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Sem rumo.
RandomNesse livro, teremos a história de alguns adolescentes enfrentando seus problemas que os adultos sempre vêem como "bobagem".