Thiago- Eu sou melhor do que isso.

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- Não, é sério, pô. Eu não tô nem aí pra aquela vagabunda, prefiro até ficar sozinho. - Dei uma risada forçada, uma gargalhada tão forçada... Para os outros parecia normal. O mesmo Thiago de sempre. Depois de meia hora rindo da Pâmela, eu me sinto cansado de interagir com esses idiotas. É melhor eu me afastar. Eu disse tchau a todos eles, dando uns tapas nas costas e um soco de leve no braço dos mais íntimos. Estava procurando por Emilly; A amiga mais próxima de Pâmela. 
- Ei, você viu a Emilly por aí? - Eu perguntei a uma garota que eu nunca nem vi na escola, mas não me importei... Na verdade, estaria mentindo se não dissesse que levei meus olhos até suas coxas grossas e brilhosas. Ela era encantadora. Havia até esquecido o meu tal plano para poder reparar mais na suposta novata.
- Emilly? Eu não sei ao certo quem seria, mas ouvi muito  ao respeito dela. Dizem que ela costuma ficar na biblioteca fazendo monitoria com os alunos mais lentos de aprendizagem. - A garota tinha um sotaque americano, puxando o R de modo satisfatório, ao meu ver. Porra, que mulher linda. 
- Ah, certo. Qual é o seu nome mesmo? - Eu disse, assim que reparei que ela estava quase se retirando dali com seus cadernos contra o peito. Me mantive em sua frente, impedindo sua passagem. 
- Amy. Eu sou nova aqui. Pra ser sincera, eu sou nova no Brasil.
- Precisa de ajuda para conhecer melhor a escola? Posso te guiar e mostrar as salas. 
Eu fui interrompido pela Clara. Óbvio. A Clara. Vindo sorridente, com o mesmo estilo horroroso daquela festa de Monique. Odiei o novo visual, mas devo admitir que combina com a pessoa que ela se tornou. Ela estava cumprimentando Amy, abraçando a mesma e logo em seguida lhe dando um selinho. Ela nem mesmo se deu o trabalho de me dar um oi
- Eu vou passar no banheiro. Você vem? - Clara colocou o braço dela sobre os ombros de Amy.
- É claro. Bom, se o meu novo amigo não se importar. 
Clara revirou os olhos, tentando não olhar na minha direção. Ela sussurrou algo no ouvido de Amy que fez a mesma desmanchar o sorriso simples nos lábios, e depois se retirou para longe de nós dois. Observei a linguagem corporal de Amy, indicando que claramente ela estava incomodada na minha presença.
- Seja lá o que ela disse, não acredita nela, Amy. 
- Eu preciso ir, Thiago. Tchau. — Ela estava prestes a fugir de mim, mas agarrei seu pulso com uma certa força que fez ela dar uma careta mínima.
— Você não vai ser manipulada por Clara, certo?
— Por que não seria? Ela é a pessoa que eu mais confio. — Ela fez uma pressão no braço para eu soltar seu pulso contra minha vontade, e assim aconteceu.
— Você não sabe de tudo, certo? Me permita fazer você conhecer a verdadeira Clara.
— "tudo" o que? E como assim verdadeira?
— Você vai ver.

*****

— Thiago? Na biblioteca? Isso é uma grande surpresa. — Dito por Emilly, que carregava uns livros pesados, e logo depois depositava eles sobre uma mesa comprida de madeira e velha.
— Emilly, eu vim exclusivamente por você. — Me joguei numa cadeira que tinha por perto, colocando meus pés apoiados na mesa enquanto cruzava meus braços.
— Sou toda ouvidos. — Ela deu uns tapinhas nos meus pés, indicando que eu deveria retirar eles da mesa, e assim o fiz.
— Você deve saber sobre a situação de Clara. Ela está namorando Amy?
— Por que eu deveria contar pra você? Sabe bem que ela te abomina. — Emilly se sentou na cadeira, pegando um dos livros que estavam um em cima do outro, logo abrindo e movendo as páginas, sem nem mesmo olhar nos meus olhos. Parecia não me levar a sério.
— Porque eu tenho uma proposta irrecusável pra você. — Levei minha mão até o meu bolso e retirei uma boa quantia em dinheiro, assim deixando sobre a mesa. Olhei para ela com meus olhos maliciosos e um sorriso pervertido. Eu gostava de manipular as pessoas ao meu favor, e nada melhor do que o dinheiro para isso.
— Não preciso de dinheiro, obrigado. — Ela fechou o livro, deixou ele de lado e pegou outro livro, também folheando ele.
— Emilly, se não aceitar ser minha informante por bem, será por mal. Você não sabe do que eu sou capaz.
— Ah, sei sim. Pode ter certeza que eu te conheço bem. Não vai rolar, Thiago. — Vamos ver o que a sua mãezinha querida vai achar de ser demitida de um cargo tão superior em uma das empresas do meu pai. — Peguei meu celular em mãos, que antes estava no bolso do meu casaco. Fingi estar digitando algo para o meu pai. Emilly olhou nos meus olhos pela primeira vez depois de todo esse tempo, e seus olhos pareciam sobressaltados e assustados.
— Não... Thiago, por favor! — Ela fechou o livro com tanta força que ecoou pela biblioteca. Algumas pessoas olharam para nós curiosos, mas não demos atenção.
— Me dê informações sobre a situação dessa sua maldita amiga.
— Está bem! Bom, Clara largou o ex abusivo e agora está morando com essa moça simpática e estadunidense. Não deve ter contato com Pâmela a um bom tempo.
— O que você e Pâmela conversaram quando você foi visitar ela na clínica naquele dia?
— Thiago...
— Apenas fale logo, sua merdinha. Fale.

****

Pâmela não perde por esperar. Ela não me respeita agora, mas talvez ela comece a respeitar daqui por diante, após os acontecimentos que estão por vir. Vou me vingar de todos que rodeiam ela, começando por Emilly.

Sem rumo.Onde histórias criam vida. Descubra agora