Avistar Pâmela se divertindo com as garotas era algo imperdoavel. Nossa ultima briga foi a 2 dias, quando ela descobriu algumas mensagens no meu celular de uma garota chamada Lorena. Eu a xinguei dizendo que ela só estava com ciúmes porque sabia que a garota era mais bonita do que ela. Eu menti. Ninguém se comparava a MINHA Pâmela. A Pâmela tinha o corpo perfeito. Seu cabelo era castanho e bem longo, não é querendo insinuar que exijo muito de mulheres, mas ela era totalmente do jeito que eu gostava. Não deixei de gostar, mas agora, eu só gosto de uma coisa: do corpo dela. Na verdade, não sei se eu ja gostei dela verdadeiramente... Talvez não bastasse ter vários trofeus e não ter a garota mais linda da escola. Agora, ela vai perder seu lugar (de garota mais linda da escola) para a Angeline. Estava tão bêbado que nem notei que os moleques do meu time haviam trocado minha bebida por água boricada. Que gosto horrivel. Fui até eles e cuspi na cara deles a água, e o restante que estava no copo joguei neles. Limpei a boca molhada passando o braço e peguei outro copo, dessa vez com alcool, e engoli rápido para tirar o gosto estranho da boca. Depois de um tempo, vi que Pâmela estava me encarando com as sobrancelhas franzidas. Fiquei simplesmente enfurecido. Odiava que as pessoas tivessem pena de mim ou algo do tipo. E foi isso que eu vi no rosto de Pâmela. Joguei o copo para um lugar qualquer atras de mim e fui andando firmemente até Pâmela, que desviou o olhar rapidamente para o copo dela. Ela estava sentada e na cadeira da frente estava Clara.
- o que esta fazendo aqui, Tiago? - ela disse tentando evitar contato visual.
- o que VOCÊ esta fazendo aqui, Pâmela. - Eu sempre notei que minha voz deixava Pâmela apavorada. Ela sempre pensava duas vezes antes de dizer alguma coisa quando minha voz estava firme e grossa, como está agora.
- Não está obvio? Ela esta fazendo o que ela quiser e que não é da sua conta. Pâmela não quer mais ver você, ela quer ser independente. - Clara havia me dito. Sinceramente, nunca havia prestado muita atenção nas amigas dela, mas hoje eu prestei bastante. Fui na direção de Clara e bati com tanta força na mesa que o copo dela caiu na mesa, logo derramando o liquido na mesa. Clara se sentia desamparada imagino, mas não foi isso que demonstrou. Manteve a postura firme e uma expressão facial neutra enquanto me ouvia falar.
- Com quem será que eu tive um filho, ela ou você? - eu disse sussurrando. Minha expressão indicava que eu estava com muita raiva. Raiva o suficiente para estar inteiramente vermelho. Mesmo que eu tentasse não demonstrar que as palavras de uma garota qualquer me abalaram, não era isso que meu rosto indicava. Minha mão estava ferida na mesa, mas não me dei o trabalho de prestar atenção, mas Pâmela sim. Ela estava olhando com olhos arregalados para Clara e para mim, porque mesmo que demonstrasse que havia "superado" o aborto, ainda tinha muitas lembranças disso. Era o tipo de assunto que ela tentava ao máximo ignorar na sua mente ou nem fudendo tocar no assunto com as pessoas.
- Para, por favor, para. - foram as únicas palavras que saíram de Pâmela. Escutei o barulho da cadeira dela se arrastando no chão, indicando que ela havia se levantado. Olhei rápido para ela porque queria ouvir da boca dela que não queria mais me ver. Eu pretendia pegar o braço dela, mas ela rapidamente pegou o meu e disse com a voz soluçando:
- vamos conversar em particular, Tiago. Por favor. Ignore Clara, ela está bêbada.
Depois disso, claramente foi só ladeira a baixo. Nunca me senti tão inseguro dos meus atos, tão insolente... Mesmo que não tivesse medo de Pâmela ou Clara, eu ainda me sentia extremamente culpado. Mesmo sabendo que eu estou certo, mesmo sabendo que Pâmela é apenas mais uma prostituta miseravel. Ela me puxou para um corredor que levava até o banheiro que tinha uma atmosfera dramatica por causa da luz forte da lampada branca. O cheiro de mijo no banheiro estava forte, não vou negar, mas só consegui prestar atenção em Pâmela.
- Você não tem direito nenhum de tomar conta da minha vida. Sabe bem disso, certo?
- Pâmela... Por que você fez aquilo? - eu disse. Manipular Pâmela não era dificil, era até mesmo facil. Não precisava dizer mais do que palavras tristes da boca pra fora. Dava para ver nos olhos de Pâmela que ela caía no papo de forma fácil. Eu sentia pena dela, mas ela não merece pena depois de tudo que ela fez para mim.
- Fiz... o que...?
- você é minha, certo? Aquela garota não significa nada para mim.
- você disse isso para todas as outras cinco garotas que eu encontrei no seu whatsapp. - ela cruzou os braços e olhou para o chão. Provavelmente, estava com vergonha de me olhar nos olhos.
- Você não entende! Os homens tem necessidades sexuais mais afloradas do que as mulheres. Quando você fez o aborto, precisava de um pouco de repouso, então eu fiquei tenso e tive que relaxar um pouco...
- PARA DE FALAR SOBRE O ABORTO!! Se tudo isso esta acontecendo, foi por sua culpa. Você é um covarde que se preocupa mais com seios do que com o proprio filho. Eu não vou ficar aqui ouvindo seu papinho de cafajeste.
- Pâmela, é a Clara, não é? - Eu tentei ignorar tudo o que ela disse. Afinal, ela não é a primeira pessoa a me falar uma coisa dessas. Mantive a voz neutra e a expressão suave como sempre. A esse ponto, Pâmela ja estava olhando nos meus olhos, e quando ela gritou comigo na primeira frase, eu senti um pouco da sua saliva nas minhas bochechas. Não me dei o trabalho de limpar, apenas queria demonstrar que estava bem.
- do que diabos você está falando agora?- a voz dela suavizou com o tom da dúvida. Parecia estar confusa, mesmo que ela soubesse o que estava acontecendo.
- você quer que eu seja mais especifico?
- VAI SE FUDER, TIAGO!! Esta querendo me culpar por algo inexistente agora? Não meta minhas amigas nos nossos assuntos particulares.
- Pâmela... Seus pais te ignoraram a vida toda, mas o que será que irão pensar se você terminar com o cara que é herdeiro de um comercio enorme aqui na cidade? E o pior, você sabe que tem uma reputação grande por aqui. Imagine terminar com o Tiago por causa de... Uma mulher?
Repentinamente, Pâmela me deu um tapa no meu rosto. O tapa ficou marcado com a mão dela, a mesma mão que eu apertava enquanto fazíamos amor no cinema. Foi bizarro, parecia que eu precisava daquilo, como as pessoas dizem "um tapa de realidade". Eu fiquei perplexo. Me senti enfurecido, mas obvio que eu não poderia bater em uma mulher publicamente. Apenas empurrei Pâmela com força até ela bater as costas na parede e soltar um gemido com barulho mediano e cair no chão, pondo as mãos no rosto indo chorar.

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Sem rumo.
RandomNesse livro, teremos a história de alguns adolescentes enfrentando seus problemas que os adultos sempre vêem como "bobagem".