Seth
Havia uma lenda que contava sobre uma cidade subterrânea.
Chamava-se Luxor e durante muitos anos foi o sonho de muitos caçadores de tesouros encontrá-la, mas um mistério total.
Os rumores diziam que estava situada em algum lugar no lado mais perigoso de Orhan, tão perigoso que era raro aqueles capazes de retornarem com vida, o chamado Deserto Profundo. Nem mesmo havia no mapa, pois ninguém havia sido capaz de mapear aquela região. Não se sabia então qual sua dimensão ou o que poderiam encontrar lá.
Poucos podiam contar a história, então poderia haver mais de uma versão e ser bem confusa.
A lenda que Seth conhecia dizia que em Luxor as pessoas eram completamente adaptadas a viverem nas profundezas do solo e nem tinham conhecimento de que existia uma superfície. Isso quer dizer que nunca haviam pisado os pés nas areias do deserto!
Luxor era cobiçada por haver muitos tesouros. Aquele que fosse capaz de encontrá-la se tornaria o homem mais rico de todo o mundo.
Existia apenas uma entrada para a cidade subterrânea, entretanto, para encontrá-la era necessário ter a chave, cujo objeto estava perdido nas areias de Orhan e ninguém nunca foi capaz de achá-la.
É claro, Orhan era um deserto imenso e ter que buscar uma pequenina chave que imaginava ser minúscula no meio de tanta areia dourada era impossível.
No entanto, Seth acreditava em milagres e um dia seria ele a realizar tal feito.
No topo da duna, sentou-se sobre um lenço, observando o horizonte.
Às vezes pensava sobre como o deserto de Orhan parecia ter vida própria.
Ora a brisa surgia violenta, quase o desequilibrando, levantando areia, como se o deserto estivesse irritado com alguma coisa. Ora surgia como naquele momento, suave e quente, como uma carícia em sua pele morena.
Podia sentir que a lenda era real. Luxor era real.
As areias sempre mudavam de forma, nunca ficavam do mesmo jeito. Era claro que estava escondendo muita coisa.
Seth cobriu parcialmente os olhos contra a luz. Era uma tarde muito ensolarada e tão quente como era comum naquela região.
Às vezes, quando fazia uma pausa daquela maneira, via miragens ao longe. Quase o fazia acreditar que haviam pessoas o observando, às vezes torres de grandes cidades ou meros animais caminhando sobre a linha do horizonte, mas não tinha nada lá na realidade.
Se alguém soubesse de seus profundos pensamentos sobre a imensidão de areia, o acharia louco, melhor manter para si mesmo. Ele riu sozinho, quase como se cheirasse todos os tesouros que ainda encontraria. Recarregou suas baterias de determinação.
Viver em Orhan era complicado, principalmente para quem se aventurava longe das grandes cidades. Suprimentos eram limitados, ocorria o sério risco de se perder ou de encontrar seres indesejáveis por aí.
Seth conhecia a região muito bem, tendo crescido naquelas terras. Foi ensinado desde pequeno como encontrar tesouros do passado enterrados na areia. Tais objetos eram vendidos para o seu patrão, que hoje era o filho do homem que o criou. Ele não considerou nenhum deles como família.
Recebia uma quantia em dinheiro por cada relíquia encontrada. O valor dependia de vários fatores: quão antiga era, seu tamanho, quão valiosa poderia ser e se seria cobiçada pelos futuros compradores. Ou seja, o distribuidor chamado Alev era quem definia quanto queria pagar por cada peça.
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A Lenda de Orhan [Romance BL]
RomanceSegredos se escondem nas areias escaldantes de Orhan. Um em especial conta sobre Luxor, uma cidade subterrânea escondida em algum lugar do deserto, fora do mapa e repleta de tesouros. Seth, um metamorfo sem espécie definida que luta pela própria sob...