Capítulo 18

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Seth


— De jeito nenhum! — Ouviu Kendrik berrar atrás dele. De repente houve um baque enorme em suas costas que o derrubou com força total, a cara de Seth se afundou na areia por completo. Ele se afastou, cuspindo areia e limpando desesperadamente os olhos.

— Mas o quê...?

— Até parece que vamos deixá-lo ir sem a gente, seu idiota! — Kendrik esmurrou suas costas. — Você é o que? Um tolo, idiota, infeliz, filho de uma...

Milo agarrou Kendrik, o afastando. — Acalme-se, Drik. Você já disse o suficiente. Acho que ele entendeu que não pode ir sem a gente. Não é Seth? — Ele intensificou bastante sua voz na última frase. Seth até estremeceu.

— Tem certeza? Quero dizer... — Nem sabia o que falar, só não queria ter que arriscá-los, pois sabia que seria ainda mais perigoso agora que Lohan recuperou a memória e também por ser controlado pelos deuses. Os pergaminhos antigos diziam isso.

— Você acha que só iríamos embora sem fazer nada? — Perguntou Milo, balançando a cabeça com indignação. Ele ainda segurava um Kendrik irritado. — Nós não abandonamos Lohan. Sei que ele queria um tempo, mas temos que encontrá-lo. Não vamos deixá-lo para trás, muito menos agora que sabemos que ele não tem mais família...

Kendrik se transformou em feneco e subiu no ombro de Milo, virando o focinho no sentido contrário de Seth. Claro, ele deve ter ficado com raiva de sua atitude, Seth era o culpado, admitia isso.

Seth até pensou em discutir, mas ele não tinha palavras para isso.

— Vocês se decidiram então? — Nilou perguntou. Ele estava numa distância bem razoável, mas sua voz reverberou numa altura que os surpreendeu. — Temos que ir antes que... — Ele xingou pelo menos três palavras muito feias antes que ele e Akashi fossem cobertos por uma camada de areia que se ergueu vários metros, tentando enterrá-los como uma onda, consequentemente fazendo o mesmo com a carruagem de tesouros.

— Nilou!

— Akashi!

— O tesouro!

Eles gritaram, mas suas vozes se perderam no som furioso de redemoinho de areia que se iniciou. O chão passou a tremer e seus pés a afundar. O vento trazia muitos grãos, sendo difícil até mesmo de respirar.


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Alev


Várias horas antes...

— Estamos perto. — Disse Alev ao observar o mapa. Ele e Tian estavam no dirigível enquanto os demais homens montavam suas harpias deserto a fora.

— Infelizmente teremos que fazer uma pausa. — Respondeu Tian, chamando sua atenção.

Alev observou do vidro a parede imensa de poeira se aproximando. Uma tempestade, muito comum em toda Orhan, muito mais frequente naquela região e perigosa demais para qualquer um se aventurar. Os ventos podiam chegar a vários quilômetros por hora e carregar qualquer pessoa, maltratar com pedras e rochas, também sufocar com areia, sendo impossível respirar. Ou seja, podia matar.

Alev colocou a cabeça para fora da janela e acenou para um dos homens, que se aproximou enquanto sobrevoavam o Caminho dos Ossos.

— Uma tempestade se aproxima a uma hora de distância, vamos encontrar um abrigo.

A Lenda de Orhan [Romance BL]Onde histórias criam vida. Descubra agora