A Lenda de Orhan [Romance BL]

Capítulo 9

Tian

Tarde da noite, quando todos no palácio estavam adormecidos, Tian deixou seu quarto vestindo um roupão azul escuro. Descalço, caminhou até o quarto de seus pais. Cada candelabro se acendeu com sua magia e se apagou quando ele chegou ao seu destino.

Abriu lentamente a porta e olhou ao redor. Não vendo ninguém no corredor, entrou no recinto parcialmente escuro. O brilho prateado da lua atravessava os vitrais, delineando os corpos definhando de seus pais.

Eles não mereciam ainda serem considerados sua família.

Sua adaga de lâmina afiada, presente de Milo, estava empunhada em sua mão direita.

Era tudo culpa deles... eles provocaram isso, eles desejaram que ele os matasse. Não havia outra explicação por serem tão... frios.

Tian cresceu sendo criado por babás, enquanto seus pais estavam ocupados governando. Nunca, em momento algum, tiveram um momento para cuidarem dele de verdade. Nenhum conselho, nenhum carinho... como se ele não existisse.

Às vezes ouvia as empregadas falarem entre elas como tinham pena de um menino tão lindo ser tão negligenciado.

Tian teve um irmão mais velho, cujo nome nem se dava ao trabalho de mencionar. Ele foi o único que seus pais deram atenção e era o herdeiro do trono.

Um dia seu irmão desapareceu, deixando para trás uma carta abdicando de todos os seus direitos como príncipe. Ele tinha se apaixonado por um plebeu e simplesmente fugiu com ele para algum lugar distante.

Seus pais enlouqueceram depois disso, usando praticamente toda a guarda real para buscá-lo em todos os lugares. Foi então que o reino de Berkant entrou em colapso. Sem homens para protegê-lo, os inimigos se infiltraram e seus pais foram obrigados a aceitarem seus termos para ainda continuarem reis.

Tudo bem pelo bem da coroa.

Tian apertou firmemente seus punhos, lembrando como foi ver pessoas serem vendidas, crianças perderem seus pais, todos os bens da cidade roubados, pessoas serem mortas simplesmente por não aceitarem as regras...

Tian nunca perdoou seus pais.

Poderia matá-los bem agora.

Ele até ergueu sua arma para isso, mas levou tempo demais pensando. Acabou desistindo por algum estranho motivo que nem mesmo ele entendia.

Se sentindo um fracasso, guardou a adaga e voltou para o seu quarto, fechando a porta firmemente atrás dele. As lágrimas inundaram seus olhos e ele se olhou no espelho.

Ele não era assim... nunca foi um assassino. Algo estava errado consigo e ele sabia bem o que estava causando toda essa desordem em sua mente.

Não, ele não queria ser como seus pais... não queria manchar suas mãos de sangue, ele...

Era um hipócrita.

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Seth

— Escureceu muito rápido. — Comentou se abraçando, pois com a noite também vinha o frio extremo. Vestia quase todas as roupas que tinha nas bolsas e não estava sendo suficiente. O jeito foi usar as de Milo também.

Céus... seus amigos deviam estar com tanto frio...

— Vamos congelar se continuarmos assim. Vamos parar um pouco e preparar uma fogueira. — Lohan sugeriu, já se movendo para fazer isso.