A Fera e a Fera || TAEKOOK

1- E eu desistiria da eternidade para te tocar

8 anos depois

JEON JUNGKOOK

  Dezoito anos. Meu pai costuma me dizer diariamente que com essa idade, ele já tinha conquistado bastante coisa, como honras por ser bom em lutas, e respeito de todos os plebeus a sua volta. Também fala-me inúmeras vezes que com dezoito anos, já havia até mesmo desposado minha mãe.

Cresci sob a pressão de ser o príncipe perfeito aos olhos dos demais, para que assim conseguisse respeito quando o meu velho pai partisse, e eu tivesse de assumir seu lugar no trono. Entretanto, nunca tive afinidade aos bons modos que me são cobrados, ou qualquer coisa que me levará a ter, um dia, aquela coroa em minha cabeça.

Não nasci para mandar, nasci para obedecer. Não seria um bom rei nem que eu quisesse firmemente isso, e os meus pais sabem disso, mas preferem acreditar que é tudo falta de um bom treinamento para que eu melhore.

Talvez sejam tão rígidos por medo.

  Quando tinha apenas um ano de meu nascimento, o meu pai se envolveu com outra mulher e a engravidou, e a minha mãe, com medo de que a sua honra estivesse manchada por ser conhecida como a mulher que não consegue satisfazer o seu marido, continuou com o meu pai.

A amante morreu durante o parto, deixando a garota sob os cuidados de minha mãe, que a acolheu como se fosse sua filha no mesmo instante. Dando-lhe o nome de Yuna. O nome é tão lindo quanto ela.

Depois deste acontecimento, meus pais temem que eu cresça com a mesma falta de caráter do meu velho, então estão sempre pegando no meu pé para que eu seja mais responsável.

Certo dia eu disse que não pretendia continuar com a linhagem Jeon, e que ela morreria comigo. Meu pai me desferiu um tapa no rosto que sinto o ardor até hoje. Mas, ainda sim, eu continuava a pensar que prosseguir com a linhagem seria uma grande perda de tempo.

Não teria tempo para uma esposa, quem dirá um filho.

      Estava deitado em minha cama quando ouvi a porta ser aberta tão forte, que causou um estrondo ao se chocar contra a parede. Meus olhos correram pelo quarto com calma, até eu encontrar Yuna de pé, com os braços cruzados em frente ao corpo.

Ela era tão temperamental quanto meu pai. Alta, magra, pele limpa como a de um bebê, e cabelos médios e castanhos, mas ela pouco se importava com ele, então na maioria das vezes estava bagunçado ou preso de qualquer maneira.

── Papai está te chamando fazem quase vinte minutos, então se não quiser que ele mesmo suba, é melhor se apressar ── a raiva era nítida, e a voz tão ríspida quanto a de meus pais. ── Eu não voltarei aqui, Jungkook ──

Ótimo. Pensei. Que não volte mesmo.

Mas, ainda sim, contra a minha vontade, me levantei do meu conforto e segui até a sala, no andar de baixo do castelo. Meus pais estava sentados lado a lado no sofá, e eu me apressei a ficar ao lado de Yuna, de pé em frente a eles.

Meu pai tinha veias praticamente saltando para fora de sua testa. Deveria estar impaciente, pressumi.

── Estou aqui como Rei e como pai, implorando pela incontável vez, que se comportem diante das pessoas importantes que virão amanhã ── ele dizia com a voz grossa, prepotente. ── Não me envergonhem, e não se envergonhem