18- Porque eu não acho que eles entenderiam

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(Leia esse capítulo ouvindo a música Euphoria - BTS)

ALGUMAS SEMANAS DEPOIS


JEON JUNGKOOK

   Não sabia ao certo quanto tempo havia se passado desde que os aldeões revoltaram-se contra mim e Taehyung, e nem quanto tempo ficamos sob os cuidados de Jung Hoseok e Min Yoongi, que se arriscaram apeans para nos ajudarem.

Quando retornei para minha morada, conversei com os meus pais. E o meu pai, apesar de não gostar de saber que eu estava com Taehyung, não deixou de demonstrar sua preocupação com o que havia acontecido enquanto estava em uma viagem. O homem me abraçou, perguntou como eu estava, e depois pediu para que eu fugisse. Ele disse que eu deveria fazê-lo antes que outra pessoa tentasse me matar novamente.

Mas eu sabia que era apenas um plano seu.

O mais velho fez isso apenas para acalmar aqueles que trabalhavam para nós, e garantiu-me que jamais deixaria outra pessoa me machucar, despediu todos os nossos criados que sabiam da balbúrdia, e os substituiu por outros. Mas antes, pediu que executassem Shin-woo, aquele que espalhou os boatos e tentou me matar.

Fora o medo constante do perigo que corro de ser atacado a qualquer momento, está tudo bem.

Kim Taehyung retornou para a Tailândia para resolver seus assuntos como rei, e não nos vemos já fazem muitos dias, mas amanhã ele estará de volta a Coreia, e pensar nisso me deixou inquieto durante toda aquela manhã, já que pela tarde eu fui tirado de casa por Jimin, que me surpreendeu com a sua visita.

Ele não disse para onde estava me levando, e no fundo eu sentia que nem mesmo ele sabia para onde estávamos indo, já que a todo momento ele parava e analisava os dois caminhos que tínhamos antes de voltar a caminhar.

── Hyung, eu adoraria saber para onde está me levando ── reclamei, mas ele apenas apertou meu pulso e caminhou mais rápido.

── Fique em silêncio Kook, já estamos chegando ── resmungou.

  Em determinado momento, nós paramos. Jimin pediu para que eu ficasse parado e colocou uma venda em meus olhos. Eu não estava enxergando nada.

Ele segurou em meu pulso e me guiou por mais alguns minutos, até que paramos. Ouvi sussurros, barulho de folhas, e uma mão tocar meu ombro, me fazendo quase pular pelo susto.

── Jungkook, fique exatamente onde está. E no momento certo, tire a venda ──Jimin proferiu, deixando-me confuso.

── Como saberei que é o momento certo? ── o questionei.

── Você saberá, acredite ── foi a única coisa que disse antes de retirar a mão de meu ombro. ── Estou saindo de perto de você agora, mas outra pessoa ficará aqui contigo ──

── Park Jimin, irá me executar? ── me desesperei, ouvindo sua risada.

── Apenas cale-se, Jungkook!

  Permaneci imóvel, mas ao mesmo tempo inquieto. Senti meu coração se acelerar e a minha respiração se descontrolar, talvez pelo medo de não saber o que meu amigo estava a aprontar, ou pelo nervosismo de estar vendado. Minhas mãos estavam agarradas na roupa que eu usava, e eu tinha quase certeza de que estava tremendo.

Respirei fundo muitas vezes, tentando estabilizar minha respiração, mas não consegui, estava internamente desesperado, nada poderia me acalmar naquele momento além da voz de Jimin novamente. E a outra pessoa que ele disse que estaria aqui, não havia dito nada até então.

Talvez estivesse brincando comigo.

── Eu queria poder registrar esse momento ── senti todo meu corpo se arrepiar assim que aquela voz chegou aos meus ouvidos. ── Você está tão fofo, Jun ──

"Como saberei que é o momento certo?"
"Você saberá, acredite"

Sem hesitar, eu tirei a venda do meu rosto, tendo certeza de quem estava em minha frente. Taehyung estava bem próximo a mim, segurava um arranjo de orquídeas, e em seus lábios estava um sorriso expansivo.

Não tardei em ir abraçá-lo no mesmo instante que abriu os seus braços. Havia sentido sua falta, mesmo que não fosse tanto tempo sem vê-lo. E então, só depois que nos afastamos, notei que estávamos no alto do desfiladeiro, e que atrás de Taehyung havia um pano estirado no chão, e comidas.

── Dessa forma me apaixonarei ainda mais por você ── eu disse, indo para beijar seus lábios, mas ele virou seu rosto, impedindo-me de realizar o ato. ── O que foi, Tae?

── Ainda não, Jun...── disse com a voz baixa, enfiando sua mão no bolso da calça. ── Preciso saber algo primeiro

Entregou-me o arranjo de flores, e segurou em minha outra mão, olhando fixamente para os meus olhos. Eu nunca tive tanta dificuldade de saber o que ele estava pensando.

── Eu o amo. Fiz de tudo para que pudéssemos permanecer juntos, e nós conseguimos. Sei que não podemos nos casar ou ter filhos biológicos, mas qualquer coisa com você será bem-vinda, todos já sabem sobre nós de qualquer modo ── um sorriso pequeno permaneceu em meus lábios. ── E eu gostaria de prolongar nossa união

Aquelas palavras fizeram meus olhos se encherem de lágrimas, e antes mesmo que prosseguisse, senti a primeira lágrima escorrer por meu rosto.

── Jeon Jungkook, aceita se casar comigo? ── mostrou-me o anel, e eu assenti no mesmo instante, esticando minha mão em sua direção.

── Eu aceitaria em todas as vidas ── disse com a voz falha. ── Posso te beijar agora?

── Agora e pela vida que nos resta

Aproximei-me dele e selei os nossos lábios. Desgutava o sabor do amor, da libertação, da coragem, da determinação. Tudo isso em um único beijo. O beijo do homem que quero amar hoje, amanhã, e todo o resto dos meus dias.

Sentia que, independente do tempo que se passe, sempre estaremos juntos. Nada conseguiu nos separar até hoje, e mesmo que um de nós morra no final do dia ou daqui cinquenta anos, sempre estaremos ligados.

Taehyung e eu temos Jung; a ligação entre duas pessoas que não pode ser quebrada, mesmo que o amor vire ódio, sempre haverá um carinho.

── Não sei como as coisas estarão no futuro, mas não precisamos fazer uma grande cerimônia para selar o nosso amor. Até o Jimin pode ser nosso padre ── ele sussurrou quando seus lábios se afastaram dos meus. ── A única coisa que eu quero é estar com você ──

Coloquei uma das minhas mãos em seu rosto, e alisei sua bochecha com o meu polegar.

── E estaremos sempre juntos, eu prometo ── sussurrei de volta. ── Eu amo você. Eu amo você. Eu amo você

── Eu também amo você, Jun ── e ele me beijou novamente.

  São muitos os meus defeitos, e o meu temperamento às vezes ríspido demais, mas alguém me conheceu inteiramente, e ainda sim gostou de mim. Sentia-me tão errado antes. Tão incerto. Mas alguém fez eu me sentir certo. Entendi, finalmente, que eu não sou o problema.

E Kim Taehyung me ajudou a descobrir isso.

A Fera e a Fera || TAEKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora