Vinte e Três

7.3K 834 707
                                    

Meta: 170 comentários (emojis e comentários aleatórios serão desconsiderados)

📌 12 semanas de gestação. Madrugada do dia 30 de abril de 2023.

T A T I A N A

— Se esse discurso foi só parte do contrato você já pode me vestir em uma camisa do Flamengo e me colocar lá na norte do Maracanã. — Desirée comenta enquanto acompanho ela até o carro.

Suspiro fundo. Não foi só parte do contrato. É óbvio que não. Mas eu tenho que fingir que sim. Eu tenho que me convencer que são os hormônios, afinal, são sonhos em jogo.

Tudo que eu falei ali é verdade. Só eu sei o que senti quando ouvi o coração do neném bater. Só eu sei o quanto eu acredito no pai maravilhoso que Raphael vai ser. Mas eu não vou estar aqui para ver. E eu odeio o quanto isso me dói. Eu odeio pensar que o Gabriel está certo, eu realmente estou suprindo sentimentos.

Eu não sei se consigo largar a capa. Eu não sei se consigo ser eu, eu com os meus sentimentos. Porque o medo de estragar tudo, o medo de estragar dois sonhos é gigantesco. Eu não sou mãe desse neném, mas hoje eu fingi tanto que era, que por vários momentos eu realmente quis ser. Eu realmente quis que tudo isso fosse real. Não é. Eu sei. Raphael sabe.

Desirée, Gabriel, os meninos, todos falam sobre os olhares, sobre o modo de agir, sobre como nos tratamos. E eu simplesmente não sei o que pensar. Não sei o que fazer. Hoje o neném faz 14 semanas. Ou seja, 4 meses aqui, dentro de mim. Em mais 5 meses, ele nasce e em mais 3 meses eu vou embora. Eu vou embora deixando tudo isso pra trás.

Odeio o quanto pensar isso dói. Porque não era pra doer.

Meu silêncio e olhos marejados fazem a morena me olhar com compaixão.

— Ei, vai dar tudo certo. E se não der, eu vou estar aqui. — me abraça carinhosamente.

Sempre a gente, não é? — não deixo as lágrimas caírem.

Sempre. E por favor, não fica guardando isso, não. Fala. — se afasta de mim devagar.

Sorrio nasalado.

— Faz o mesmo, tá? Tem muita mágoa aí, Dê. Ele não é uma pessoa ruim. Nem você. — me despeço com um beijo ao longe antes de entrar em casa.

E assim que adentro o quintal um em um os meninos se despedem de mim e da minha barriga.

Mami, por favor, marque mais coisas e nos convide. — Endrick pede.

— Tem que ir em todos os jogos no Allianz porque esse menino deu sorte, viu? Amuletinho. — Débora, "amiga" de Gómez, como uma boa palmeirense, sorri. Impossível não reparar no quão lindos eles dois são juntos.

— Tem mesmo. — Rony concorda.

Sorrio leve.

— Prometo que vou, se o Rapha me levar. — olho para o jogador que também mantém um sorriso sincero no rosto.

Nosso filho não vai faltar mais nenhum jogo.

Nosso.

Meu coração automaticamente dispara como todas as vezes que esse pronome possessivo foi usado essa noite.

— Boto fé, boto fé. — Menino se despede também. — Não some, Tati.

— Pode deixar. — termino de os cumprimentar e deixo Raphael levá-los até lá fora.

Aproveito a deixa para subir até meu quarto onde finalmente vou poder tomar um banho. Simplesmente aconteceu tanta coisa hoje que eu sequer consegui digerir tudo.

Deserve You • Raphael Veiga [PAUSADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora