Cinquenta

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Esse capítulo contém mais de uma narração. Atenção.

📌 16 semanas de gestação. 25 de maio de 2023. São Paulo.

R A P H A E L

Adentro a sala escura e vazia. O relógio marca quatro horas da manhã. A mala de Tatiana está encostada perto do sofá. Mesmo "brigados" ela fez o que combinamos. Sorrio baixo. Que saudades que eu tava de casa. E nem tô falando só do espaço físico. O cheiro do meu perfume misturado com dela, em como tudo aqui parece perfeitamente organizado. Na pequena mesa que decora o corredor onde tem um espelho, tem também vários acessórios dela.

Um pouco de cada um de nós.

Subo com a minha mala e a dela, e a segunda deixo na porta do quarto enquanto entro para o meu. Tomo um banho rápido e todos os meus pensamentos ficam parados ali. Em tudo que aconteceu e como farei para me desculpar por toda a confusão que eu mesmo causei por puro ciúmes.

Amanhã de manhã eu vejo isso com calma. Minha cabeça sobe mais longe, o dia dos namorados está chegando e sequer sei o que somos. Agora penso no que fazer dia 12. Minha mente não para quando se trata dela. De querer que ela se sinta bem, de querer que ela nunca, nunca mais se sinta sozinha ou abandonada.

Toda vez que Tatiana chora pela mãe, menciona a mãe, ou se mostra chateada com isso, eu me vejo no dever de mostrar pra ela que agora ela tem uma casa, uma família. O contrato a gente pode ver depois, eu tô me cansando de isso ser um empecilho entre nós. O único, e maior, é saber que mesmo assim ela vai embora. E dói pensar nisso também.

Mas prometi pra mim mesmo que iria viver o hoje, construir o hoje, passar e aproveitar dia após dia com a minha família. No começo eu tive medo, e eu ainda tenho, mas não quero mais fingir, não quero mais no final de cada noite dizer pra ela "esquecer". Não é isso que estamos fazendo tem um tempo e que bom.

A gente briga como um casal, age como um casal, nós vivemos como um casal. Um casal que vai ter um filho.

Termino meu banho, coloco um short e faço o ritual que por quase 5 meses vem acontecendo. É algo nosso. E eu tô morrendo de saudade dessa sensação, de uma forma que meu peito queima um pouco.

Ando até o quarto dela, abro a porta devagar, deixo a mala encostada ali perto e deito com cuidado para não assusta-la.

— Ei. Sou eu. Cheguei. — minha voz sai mais rouca. — Posso deitar aqui? — peço enquanto ela pisca os olhos devagar antes de abrir um pequeno sorriso afirmativo para minha pergunta.

— Que horas tem? — Tati olha para a janela já clara dos primeiros raios de sol.

— Umas seis horas da manhã. Hoje eu não tenho treino. Podemos dormir mais. — justifico e ela assente fechando os olhos novamente.

— Tudo bem. — vira de lado e se ajeita na coberta me dando mais espaço.

Porra. Me perco totalmente enquanto tateio devagar o corpo dela procurando me encaixar em uma conchinha confortável. Meu coração acelerado entrega o quanto estava ansiando de saudades dos nossos momentos assim. E principalmente quando minha mão encontra com a dela e ambas se entrelaçam ali em cima da barriga cada vez mais evidente.

— Tati, hum... desculpa... — tento formular algo mas ela me interrompe.

— Tá tarde pra isso, Veiguinha. Vamos dormir. — encosta ainda mais o corpo no meu e respira fundo.

Deserve You • Raphael Veiga [PAUSADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora