Cinquenta e Três

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📌 18 semanas de gestação. 4 de junho de 2023. Palmeiras X Coritiba. Allianz Parque. São Paulo.

T A T I A N A

— Bolsa ok, todas as luzes desligadas ok, chave do carro ok, coleira nova da Zoe que a Márcia pediu pro Rapha comprar mas quem comprou foi eu ok. Acho que não tô esquecendo nada. — falo sozinha enquanto estou parada na porta da frente de casa.

Hoje é dia de jogo em casa, e como estamos tornando tradição, estou indo pro Allianz encontrar Márcia e Rubens, Duda e Gabriel. Não é um jogo difícil, mas pelo pouco que agora eu ando sabendo de futebol, os 3 pontos são necessários. Como eu carrego o amuleto do Raphael no ventre, não posso faltar. E tô até achando legal agora.

Falando no camisa 23, ele saiu daqui de casa bem mais cedo, concentrado como sempre, e eu tento ao máximo não atrapalhar.

Entro no carro e ajeito o cinto de segurança, a barriga cada vez maior faz o cinto ficar um pouco incômodo, nada que me faça tirá-lo. Ajeito o uniforme verde que combina direitinho com a calça branca que uso hoje e finalmente dou partida em direção à Arena.

Eu e Veiga continuamos muito bem. As coisas estão tranquilas, e eu admito que tô amando os momentos que estamos tendo. Tento ao máximo não pensar no final disso. Já que tudo saiu do nosso controle, que por enquanto eu possa pelo menos pensar em nós, nosso filho, nossa família. O que importa é o agora.

O trânsito caótico me faz colocar uma música e tentar pensar menos, assim o tempo passa sem estresse. Isso me lembra todas as vezes que íamos pra Vila Belmiro assistir o Gabriel lá em Santos. Era um caos, mas nós sempre dávamos um jeito e a diversão de estar lá valia muito mais a pena do que qualquer perrengue.

Tenho lembranças incríveis daquela época e saber que continuamos sendo parte da vida um do outro deixa meu coração completo. Apesar de que agora eu esteja indo pro Allianz e os três pro Maracanã, isso é só um mero detalhe.

Estaciono no Allianz depois de algum tempo de engarrafamento para chegar ali, e ando em direção ao camarote. Vou deixar para ver tanto Raphael quanto os meninos no pós-jogo, como sempre costumo fazer.

— Já tava pra ligar pra você, Tatiana. — a mãe de Raphael anda rápido em minha direção fazendo com que os outros ali presentes olhem para nós duas também, o que me deixa um pouco envergonhada.

— Trânsito de São Paulo... A senhora sabe. — sorrio a abraçando.

— Eu avisei, mas ela é desesperada, aí já viu. — Rubens me cumprimenta com batidinhas no ombro.

Duda e Gabriel também chegam perto para falar comigo.

— Que nada, só tava preocupada com meu neto e com a mãe dele, não pode mais? — a mais velha se defende.

Todos sorriem, inclusive eu. E logo após nos organizamos nas cadeiras para esperar o início do jogo. Por coincidência fico ao lado de Duda, namorada do irmão mais novo de Raphael.

— Duda, eu entrei em contato com a doula que você me indicou, adorei a primeira conversa com ela, me passou uma confiança absurda de que eu posso ter um parto normal. — comento perto do ouvido da cunhada de Raphael. — Inclusive, queria falar com você, pra... hum... você estar presente na hora... — falo sem jeito.

O modo como os olhos dela brilham mostram que o tanto que eu pensei nisso realmente valeu a pena.

— Rapha sempre disse que quando tivesse filhos, eu que iria ser a médica deles... Tati, vai ser uma honra... — me abraça.

Deserve You • Raphael Veiga [PAUSADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora