Deserve You • Raphael Veiga [PAUSADA]

Vinte e Seis

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📌 13 semanas de gestação. 30 de abril de 2023. São Paulo.

T A T I A N A

Assim que a gente estaciona o carro eu automaticamente me sinto nostálgica. A fachada da casa mudou, mas o ar de acolhimento é o mesmo. Aqui eu passava tardes e noites. Aqui eu, Desirée, Gabriel e Fabinho dividimos momentos incríveis e marcantes. Tempos simples mas que éramos muito felizes.

- Lembra do que conversamos. - olho feio para o camisa 23.

- Tá bom, Tatiana. Nada de chamar o Gabigol de meu vice. Nem de cheirinho. - fala entediado nomeando com os dedos.

- Viu como você é sonso? - sorrio nasalado antes de tocar a campainha.

Demora um pouco. Raphael me encara e eu só suspiro fundo.

- Essa casa exala minha adolescência. - falo baixo.

Antes que ele responda, a porta é aberta. Desirée está claramente com cara de quem tava aprontando. Sorrio baixo. São muitos anos de amizade para não perceber. E Gabriel está sentado no sofá, com um bico do tamanho do mundo e uma almofada no colo. Ora, ora...

- Boa noite. - Raphael força um sorriso.

- Entrem. - ela sorri abrindo espaço.

Meu coração acelera ao ver tudo quase igual ao que era antes.

Gabriel recebe uma olhada feia de Dedê tal qual mãe faz com filho quando tá se comportando mal.

- Boa noite. - se ajeita no sofá e força um sorriso.

Os dois jogadores se cumprimentam com um aperto de mão e eu sinto vontade de rir.

- Vai me tratar assim, Bi? - bato no seu braço e ele solta um sorrisinho sincero levantando de onde está e me abraçando.

- Oi, moleque. - cutuca minha barriga sem prévio aviso me fazendo dar um pulinho.

Sinto que ele está prestes a soltar uma piadinha mas engole seco e mantém um sorrisinho cínico no rosto. Raphael cumprimenta Desirée enquanto eu a olho de canto. Sei que aconteceu algo entre ela e o Gabriel. É nítido na cara dela.

- Depois você vai me contar. - sussurro no ouvido dela quando trocamos um abraço e ela faz uma cara tão sonsa quanto a de Raphael.

- Preparado pro próximo jogo? - ela pergunta para o atacante alviverde.

- Nasci preparado. Alma de campeão. - estala a língua no céu da boca.

Gabriel parece que vai explodir. Belisco discretamente o braço do camisa 23 que passa a mão no rosto e sorri forçadamente.

- Tem certeza, irmão? Jogo na altitude e pá. Fora de casa. - Gabriel não aguenta a língua dentro da boca.

- Altitude pouco importa pra um time tão grande quanto o Palmeiras. - alfineta de volta.

Puta que pariu. Que clima ótimo pra uma noite de lazer.

- É... tãããão grande... Falta só o mundial... - tenta debochar de forma velada mas não consegue.

Nem parece o Gabigol. Algo de errado não está certo. Não mesmo.

- E 51?

Gabriel segura uma gargalhada.

- A gente vai jantar o que? - Desirée se mete antes que vire realmente uma briga e muda completamente o assunto.

- Torta de climão. - respondo baixinho fazendo Raphael soltar ar pelo nariz.