Deserve You • Raphael Veiga [PAUSADA]

Quarenta e Oito

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Esse capítulo contém mais de uma narração, atenção.

📌 16 semanas de gestação. 23 de maio de 2023. Assunção, Paraguai & Rio de Janeiro, Brasil.

R A P H A E L

Eu tento me concentrar mas só vem na minha cabeça a briga que eu e Tatiana tivemos por telefone. Eu perdi totalmente a cabeça e agi de um modo que eu repudio. Quando se trata dela, tudo muda, eu fico cego, sobe um sentimento completamente diferente de tudo que já senti.

Na hora que eu ouvi o Gabigol falando sobre o Yuri Alberto ter ido lá, ter conversado com ela, eu surtei, é como se minha mente tivesse dado um blackout e nada depois dali era eu. Duvidei de tudo que ela sente, duvidei que somos mais que um contrato, mesmo ouvindo da boca dela que somos uma família. Dói saber que mesmo sendo uma família, no final ela vai embora. Mas como eu já disse, esse é o sonho dela e eu não vou ser empecilho nisso. Nem eu, nem o nosso filho.

Não deveria ter duvidado dela e entendo ela estar com raiva. Eu poderia ter feito mal para o nosso filho com o estresse que fiz ela passar, e por isso me sinto tão culpado. Ontem mandei uma mensagem pedindo desculpa e ela me disse que a raiva já passou, menos mal. Mas ainda assim precisamos conversar. Eu quero pedir desculpas pessoalmente, olhando nos olhos dela.

Meu celular toca e eu o procuro pelo quarto. Hoje treinamos pela parte da manhã e agora são mais ou menos duas horas da tarde. Uma hora a menos que no Brasil. Como quase todas as vezes, não estamos dividindo quarto, isso não impede Endrick de ficar vindo aqui várias vezes no dia só encher a paciência ou contar uma fofoca. Ainda agora veio falar da Talía, massagista nova, algo sobre ela e Joaco estarem de conversinha, e sobre o Richard estar ficando com a melhor amiga do Dudu, eu já tava ligado sobre ambos. A rádio corredor por aqui é rápida.

Nessa viagem o moleque tá no pé do capitão. Depois que saiu a notícia que a Débora foi vista com o Gerson, ficou nítido que o Gómez não gostou nada de saber, e bom, o Endrick amou, afinal, as piadas agora são infinitas. Até pedi para ele se desculpar.

Finalmente acho o celular, caiu para baixo da cama em algum momento. Quem está ligando é a minha mãe.

— Oi, Dona Márcia, o que manda? — sorrio ao ver o rosto da mais velha.

— Oi, meu filho, bateu saudade. Falei com a Tatiana hoje mais cedo, ela disse que tá no Rio. — sorri de volta.

Tatiana. O tópico sempre é esse.

— Pois é, ela foi ver a melhor amiga dela. Saudade de você também. — me ajeito na cama. — O que vocês conversaram? — bate a curiosidade.

Elas duas têm vários segredinhos desde que se conheceram. E nenhuma comenta nada comigo. Confesso que fico me corroendo por dentro para saber o teor das conversas.

— Nada demais. Falamos sobre o enxoval e afins. Ela me mostrou o Pietro. Mais ou menos isso. — se limita. — Você não tem falado com ela? — me olha interrogativa.

Conheço Márcia o suficiente para saber que ela está jogando verde. Tatiana também deve ter corrido do assunto, ou ela contou tudo e minha mãe tá tentando ouvir de mim.

— É. Só por mensagem antes de dormir. — falo baixo. — Por vídeo faz uns dias.

Desde a nossa briga. Desde quando eu agi de forma completamente impulsiva.

— E tem motivo? — continua indagando. Eu não sei mentir para minha mãe. Não mesmo. Não sou mais adolescente pra fazer isso.

— É. Tem. — umedeço os lábios.