Dezoito

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📌 12 semanas de gestação. 29 de abril de 2023. São Paulo.

T A T I A N A

Conforme eu vou vendo pela janela do meu quarto os carros chegando eu vou entendendo a proporção que minha gravidez atinge. E olha que esses são só os amigos de time do Raphael. Não consigo imaginar como vou reagir quando for os pais dele. Maldita hora que eu fui falar que tava tudo bem eles virem.

Tenho que lembrar do contrato. Eu não decido nada. O filho é de Raphael. Quem decide é ele. Eu só obedeço e mantenho as aparências. Preciso manter as aparências.

— Que roupa você vai vestir? — Desirée pergunta enquanto está deitada na minha cama.

— Sinceramente? Não sei. — suspiro. — Tem muita gente chegando, né?

Deixo minha apreensão quanto a situação bem a mostra.

— Tem. É o Raphael Veiga, Tatiana. Não sei se você não entendeu isso ainda. — a morena não poupa as palavras.

Eu sei que o fato dele ser um dos maiores jogadores do futebol brasileiro atual faz com que ele conheça muita gente, e o que era pra ser só um churrasco entre os jogadores do time dele acaba sendo bem maior, porque eles levam amigos, família, filhos... enfim. Eu deveria estar esperando isso.

— Dedê, por favor. Eu já entendi. Só não esperava. — explico.

Ela se move na cama enquanto eu continuo selecionando peças no guarda-roupa.

— Desse jeito só vou ver meu uruguaio amanhã. — bufa.

— Você pode descer se quiser. — aponto para a porta mas ela nega.

— Vou te ajudar a escolher. Tem que ser algo mostrando ou marcando o neném. — Desirée procura nas roupas que já estão jogadas sobre a cama.

Faço careta. Hoje sou apenas coadjuvante dessa festa, o grande protagonista é do tamanho de uma vagem e ocupa espaço no meu corpo.

— Grãozinho, Dedê é malucaaaaaaaaa. — cutuco a barriga.

Ela faz careta.

— Esse menino não tem um segundo de paz. E pensa que eu não percebi vocês dois cheios de olhares enquanto falavam com ele? — não perde a chance de voltar no assunto do carro.

Só de lembrar de como ele sorri com os olhos antes mesmo de abrir a boca ao conversar com o neném eu sinto meu corpo arrepiar.

— Você tá vendo demais, Dona Desirée Santos. — viro de costas novamente procurando alguma roupa que me agrade.

— Meus olhos não mentem, Dona Tatiana Martins. Ou seria, Tatiana Veiga? — estala a língua no céu da boca.

Reviro os olhos.

— Desirée Barbosa também combina com você. A princesa da nação. — gargalho. A morena nega sorrindo nasalado.

E por alguns minutos parecemos aquelas duas meninas que cresceram juntas em São Bernardo. Que iam pra escola andando com o Fabinho no pé falando como a gente deveria se comportar.

— Sério. Faz igual você fazia quando éramos mais jovens e você escrevia o nome dele várias vezes no caderno. — relembro em meio a risadas.

— PAROOOOOUUUU. — me joga uma almofada. — O assunto aqui não era eu. Era os olhares bobinhos que você e o Raphael trocam TODA vez. Fala sério Tatiana, queria eu ser tratada como uma princesa igual ele faz com você. Você sequer abre a porta do carro porque ele ABRE PRA VOCÊ!!!!!! Se eu não abrir a porta do carro e sair eu fico lá dentro mesmo.

Deserve You • Raphael Veiga [PAUSADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora